
Quando a Justi�a Federal de primeira inst�ncia deu a primeira liminar contra a posse e anulou sua nomea��o, a AGU anunciou que tomaria a dianteira da defesa e pretendia recorrer direto ao STF. Grace, por�m, estava em f�rias. Avan�ou ent�o a tese de Gustavo Rocha, que estava substituindo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, tamb�m em f�rias.
Rocha defendia que os recursos fossem ajuizados, primeiro, no Tribunal Regional Federal da 2.ª Regi�o, depois no STJ e, em �ltimo caso, no STF. Nos bastidores, governistas calculavam que tanto C�rmen L�cia quanto a ministra Laurita Vaz, presidente do STJ, n�o autorizariam a posse de Cristiane Brasil. Com Rocha ganhando espa�o na defesa, Grace decidiu antecipar o seu retorno ao trabalho.
Os recursos do governo, formalmente representados pela AGU, n�o foram acatados, at� a decis�o de s�bado, 20, do ministro Humberto Martins, precedida por uma reuni�o com Rocha. Depois da audi�ncia, ocorrida na sexta-feira, 19, ele levou a ao Planalto a sinaliza��o de que havia chance de vit�ria. No s�bado, Temer, Rocha, Grace e o ministro da Justi�a, Torquato Jardim, se reuniram para tratar do caso.
Por enquanto, a ordem de Temer � que a ministra Grace Mendon�a, da AGU, e o subchefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, aguardem o prazo de 48 horas dado pela presidente do STF para voltar a analisar o caso. Ele despachou com ambos nesta segunda.
Prazos
C�rmen L�cia quer ouvir antes a Procuradoria-Geral da Rep�blica e ter acesso � �ntegra da decis�o do vice-presidente do Superior Tribunal de Justi�a (STJ), Humberto Martins, que havia autorizado a posse de Cristiane no s�bado. C�rmen ainda deu prazo de 15 dias para as partes se manifestarem.
A posse de Cristiane como ministra se arrasta desde o in�cio do ano. Formalmente nomeada por Temer em 4 de janeiro, a posse estava marcada para o dia 9. A deputada, no entanto, foi alvo de a��es populares protocoladas por um grupo de advogados do Rio que questionavam a escolha, j� que a parlamentar fora condenada em processo trabalhista.
Foram esses advogados que ingressaram com a reclama��o, acatada liminarmente por C�rmen L�cia, de que o STJ teria usurpado compet�ncia do STF ao liberar a posse.
O Planalto reiterou que o governo n�o pretende recuar na indica��o de Cristiane. "O governo tem absoluta convic��o de que o direito est� a seu favor, o que lhe faz prosseguir na disputa judicial", disse o ministro Eliseu Padilha ao Estad�o/Broadcast.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a indica��o de um nome alternativo pelo PTB poderia solucionar o caso, mas n�o est� no horizonte do governo. "Seria mais f�cil (se PTB indicasse outro nome), mas esse n�o � o caminho do governo", disse.
Desgaste
A estrat�gia a ser adotada no caso de Cristiane Brasil n�o foi a �nica diverg�ncia entre Grace Mendon�a e Gustavo Rocha. Outro atrito ocorreu em outubro, quando a Justi�a suspendeu o leil�o de �reas do pr�-sal. Na ocasi�o, Rocha foi at� o Tribunal Regional Federal da 1.ª Regi�o para acompanhar o caso. Oficialmente, esse trabalho era de responsabilidade de Grace. Ambos "disputaram" quem informava antes o presidente sobre o caso.
Apesar de ter sido indicada por Padilha, Grace despacha de um pr�dio fora da Esplanada dos Minist�rios e n�o tem a viv�ncia palaciana de Rocha, que, como ex-advogado do MDB, ajudou na defesa de familiares do presidente, al�m de ter aconselhado informalmente na defesa criminal do emedebista. Rocha, em nota, negou "qualquer diverg�ncia" com a AGU. A Advocacia-Geral n�o respondeu.