
Advogados do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva decidiram com ele que, a partir da senten�a proferida amanh� pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o, em Porto Alegre, os discursos do petista ser�o modelados para unir a quest�o pol�tica e a quest�o jur�dica. Trabalhando com a poss�vel condena��o pelos desembargadores — a esperan�a � que o placar contr�rio seja de 2 a 1, e n�o de 3 a 0, mais prov�vel no momento —, Lula e seus defensores sabem que precisar�o tomar cuidado para n�o atacar diretamente o Judici�rio, o que dificultaria a aprecia��o dos recursos que ser�o apresentados ao pr�prio TRF4 e �s inst�ncias superiores.
A preocupa��o � evitar a cria��o de um esp�rito de corpo na magistratura que gere uma antipatia natural aos recursos do petista. O pr�prio Lula fez quest�o de puxar as orelhas da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Na semana passada, ela disse que, para prender Lula, seria necess�rio “matar muita gente”. Tanto que, logo ap�s, nas redes sociais, reconheceu que havia se excedido. Em seguida, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou que a petista tinha usado uma “for�a de express�o” e que ele pr�prio “morreria se Lula fosse preso”.
Por isso, a expectativa � de que hoje, no ato que acontecer� em Porto Alegre, Lula fa�a um discurso mais duro, pol�tico, de candidato. O ensaio foi feito ontem, durante encontro com sindicalistas em S�o Paulo. Fez cr�ticas gerais ao processo — ele e o PT seguem tendo como principal advers�rio o juiz S�rgio Moro —, mas evitou nominar os desembargadores que v�o julg�-lo. Refor�a, assim, a tese de que pretende ser candidato.
“Eu ainda sou o principal candidato. Todas as pesquisas dizem que eu sou o preferido. Eles ainda n�o t�m candidato. Est�o querendo colocar o Huck (Luciano Huck). O �nico crime que fizemos foi o de fazer com que as pessoas andassem de cabe�a erguida”, disse o ex-presidente. “N�s estamos vivendo um pesadelo. O meu futuro � muito curto, pois n�o tenho mais 20 anos. Ent�o tenho que correr atr�s de garantir as conquistas que j� alcan�amos”. Lula pretende ser candidato, mas a margem de manobra pol�tica dele est� cada vez mais curta.
� exce��o do PC do B, cuja presidenci�vel, Manuela D’�vila, � deputada estadual do Rio Grande do Sul, nenhum integrante das dire��es partid�rias de legendas que apoiam o direito de Lula de concorrer encaminhar�o representantes a Porto Alegre. “A manifesta��o do PDT foi expressa na nota oficial que colocamos no site do partido. N�o h� raz�es para estarmos l�”, confirmou o presidente nacional do partido, Carlos Lupi. � o mesmo caso do Psol. O prov�vel candidato do partido ao Planalto, Guilherme Boulos, deve participar dos atos a favor de Lula em Porto Alegre e em S�o Paulo. Mas, neste caso, estar� presente como l�der do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “N�o faria sentido mandarmos representantes para um ato se a nossa Executiva Nacional n�o deliberou oficialmente isso”, disse ao Correio o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros.
Pautas concretas e instant�neas
Ele reconhece que as conversas com Boulos est�o avan�ando, mas ainda n�o h� nada conclusivo. “� desejo majorit�rio do partido marcharmos juntos ao Planalto. Mas ele precisa conversar tamb�m com os integrantes do MTST, j� que a din�mica de um movimento social � totalmente diferente da de um partido pol�tico. Eles t�m pautas mais concretas e instant�neas”, declarou Juliano.
Para um integrante da dire��o petista, o posicionamento adotado pelas demais legendas de esquerda mostra o grau de isolamento vivido pelo PT. Segundo esse cacique partid�rio, com as chances concretas de o ex-presidente ser condenado e ficar proibido de concorrer nas elei��es de outubro, todos est�o procurando novos caminhos. “O PDT, independentemente do que acontecer, ter� candidato. O PC do B, que sempre esteve conosco, lan�ou Manuela D´ï¿½vila. O PSol j� se divorciou de n�s h� tempos. Podem at� prestar solidariedade. Mas ningu�m quer meter a m�o no buraco em que nos enfiamos”, completou o petista.