S�o Paulo - O empres�rio e ex-deputado federal Fl�vio Rocha, dono da Riachuelo, abandonou a vida parlamentar h� 23 anos, mas desde o processo que culminou no impeachment de Dilma Rousseff virou voz ativa no cen�rio pol�tico a ponto de ser considerado uma op��o na elei��o presidencial.
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) chegou a cit�-lo como uma alternativa para compor sua equipe. "Tenho conversado com os candidatos de uma forma geral e constatado uma imensa lacuna, uma lacuna que � a falta do chamado candidato �bvio", disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Na busca pelo "candidato �bvio", Rocha n�o parece confort�vel com nenhum dos nomes colocados at� ent�o. Ele diz que Bolsonaro precisa acertar uma "sintonia fina" e que Geraldo Alckmin estaria migrando para um "centro amorfo". "O mercado quer um candidato de direita democr�tica. A direita democr�tica entra em campo para consertar o Pa�s", afirma.
Rocha lan�a nesta quarta-feira, 21, em Natal, o bra�o nordestino do Brasil 200 - movimento de empres�rios que pretende pautar as elei��es com um projeto liberal na economia e conservador nos costumes.
O senhor conversou sobre elei��o presidencial com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ)?
Tenho conversado com os candidatos de uma forma geral e constatado uma imensa lacuna, uma lacuna que � a falta do chamado candidato �bvio. O candidato �bvio � algu�m que ofere�a um contraponto a esse triste ciclo que a gente imaginava que fosse ficar para tr�s.
E sobre ser vice de Bolsonaro? Ele chegou a elogiar publicamente o seu nome...
Fiquei lisonjeado, mas isso iria comprometer o crescimento do (movimento) Brasil 200.
Bolsonaro tem o perfil desse 'candidato �bvio'?
Bolsonaro merece o m�rito de ser o �nico candidato que toca nos temas tabus. Pode se questionar a sintonia fina de carregar demais nas cores, mas � o �nico que fala de temas que t�m apoio de 80% do eleitorado.
Est� dif�cil achar esse nome?
O que a gente est� vendo � que o quadro est� cada vez mais nebuloso. A f�rmula da prosperidade � conjun��o de liberdade pol�tica com liberdade econ�mica. N�s precisamos de um liberal na economia e um conservador nos costumes. O discurso liberal na economia � a grande solu��o para consertar o Pa�s depois de eleito, mas o que ganha a elei��o � o discurso dos costumes, o contraponto ao marxismo cultural.
O apresentador Luciano Huck poderia ser esse candidato?
Olha, o Luciano Huck � um querido amigo, que tenho admira��o. Mas n�o concordei quando ele disse que 'n�o existe mais esquerda e direita'. Dizer que n�o existe esquerda ou direita � dizer que tanto faz se voc� est� ao lado de Coreia do Norte, por exemplo.
Aparentemente todos os pr�-candidatos querem flertar ou se colocar no centro.
A t�tica maliciosa da esquerda � tachar a direita democr�tica de ser simpatizante da ditadura militar. Ora, a ditadura militar foi t�o estatizante quanto o PT. Na economia, direita � Estado pequeno. O que � o centro? O centro � um contingente da classe pol�tica que at� admite que o livre mercado � a melhor forma de criar riquezas, mas acha que precisa existir Estado para distribu�-la, como se n�o fosse a caridade estatal a pior que existe, a mais vulner�vel � politicagem, mais nociva e barata. O centro � muito menos eficiente. Com um pol�tica de centro, uma retomada ser� muito mais lenta do que uma pol�tica de livre mercado aut�ntica.
Ent�o, n�o � verdade que o mercado quer um candidato de centro?
O mercado quer um candidato de direita democr�tica. A direita democr�tica entra em campo para consertar o Pa�s. � a direita dos costumes que � o discurso que toca a imensa maioria do eleitorado brasileiro. N�s ainda n�o temos esse candidato que tenha esse discurso coerente para tocar o cora��o do eleitor - aliado � f�rmula eficiente para consertar a economia.
O governador Geraldo Alckmin n�o teria esse perfil?
Ele poderia ser mais incisivo na agenda dos costumes. Isso � o que falta a ele para chegar mais pr�ximo a esse perfil. Ele tem convic��es que n�o est�o sendo externadas - que � de um candidato mais conservador nos costumes. Ele est� migrando perigosamente para esse centro amorfo. Com isso, ele corre o risco de ser "cristianizado" entre dois polos radicais. Ao n�o se posicionar sobre certos temas, ele ficar� esmagado entre essa polariza��o.
Pode surgir um outsider?
Pode sim.
O senhor?
N�o. Entre muitos outros motivos por falta de votos...
O senhor teria sido cogitado como candidato at� pelo presidente Michel Temer...
Vi isso com surpresa. Volto a insistir, n�o sou candidato. Se eu fosse (candidato), o Brasil 200 n�o teria sa�do do ch�o.
Concorda que a reforma da Previd�ncia foi enterrada?
O tempo trabalha a favor da Previd�ncia. Cada vez est� ficando mais claro que o presidente est� falando em combater o privil�gio de 2 milh�es de pessoas, dos que est�o em cima da carruagem estatal. O Estado, al�m de gigantesco, balofo e gastador, tamb�m ficou ensimesmado dentro de si.
O senhor foi autuado pelo Minist�rio P�blico do Rio Grande do Norte por quest�es ligadas a condi��es de trabalho de empresas subcontratadas pela Riachuelo.
A m�quina de n�o fazer do Minist�rio P�blico nos autuou em R$ 38 milh�es por conta de uma tese acad�mica. N�o existe em nenhum lugar da lei algo chamado de subordina��o estrutural. Se aplicar essa tese, n�o fica uma montadora. Trazer 50 fornecedores para dentro da sua folha de pagamento � invi�vel.
Mas a den�ncia causou danos � imagem da empresa, n�o?
Causou um dano enorme para a imagem da Riachuelo. Mas o principal dano n�o � para a gente. � para dezenas de milhares de empregados que tem l�. Apareceram viaturas, guardas com metralhadoras querendo achar coisas erradas, mas n�o acharam nada.