
Movimento Brasil Livre (MBL), Instituto Mises Brasil, Students For Liberty (SFL), Movimento Livres s�o apenas alguns atores da nova cena conservadora. Longe de ser uniforme, ela se divide, sobretudo, entre dois grandes grupos. Um deles est� ligado a um passado integralista e conservador, aos moldes de 1964, e tem como principal representante o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pr�-candidato � Presid�ncia da Rep�blica. O outro grupo, incluindo os maiores institutos liberais no Brasil, bebe na fonte do pensamento liberal cl�ssico, de te�ricos como Adam Smith e pensadores contempor�neos como o austr�aco Ludwig von Mises.
Existem pelo menos 30 institutos criados com a miss�o de difundir o pensamento liberal no pa�s, os chamados think tanks. Com forte influ�ncia internacional e relacionados a organiza��es empresariais, eles produzem e difundem ideias para influenciar a sociedade, a pol�tica e a economia. No cerne, est� a promo��o da liberdade de mercado e a menor interfer�ncia do estado na economia. H� diverg�ncias quanto aos costumes: alguns liberais defendem as liberdades individuais e outro grupo adota postura conservadora.
“Eles agem com for�a nas redes sociais. � preciso ter em mente que, apesar do termo ‘nova direita’, o que eles fazem n�o � amadorismo. Eles movem uma grande quantidade de capital e de pessoas para conseguirem realizar e difundir suas pautas”, afirma o historiador Raphael Dal Pai, autor da pesquisa Instituto Mises Brasil: os arautos do anarcocapitalismo. “As crises financeiras mais recentes trouxeram incerteza. Isso facilita a ader�ncia �s ideias mais conservadoras. Em contraponto a um mundo que parece inst�vel, voltam-se � fam�lia, � religi�o e ao mercado”, comenta.
Instituto forma liberais
Uma das primeiras organiza��es liberais brasileiras, criada em 2007, o Instituto Mises Brasil atua como centro do pensamento liberal no pa�s, com cursos de p�s-gradua��o, revistas cient�ficas e editora. Entre os alunos que passaram por l� est� o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do pr�-candidato � Presid�ncia. Fundado e presidido pelo empres�rio paulistano H�lio Beltr�o, filho do ministro hom�nimo do governo militar, o IMB foi inspirado no modelo norte-americano, embora n�o tenha filia��o ao Mises dos EUA.
Beltr�o � acionista do Grupo Ultra, uma das 10 maiores empresas do Brasil. “Quando trabalhei no Banco Garantia e ele quase faliu em 1997, sofremos muito financeiramente. Pensei que precisava estudar o que n�o entendi direito. Foi a� que conheci a escola austr�aca de economia, em 1998. Apliquei essas l�gicas nos meus investimentos e a coisa deu muito certo. Senti que, com a gratid�o que tive por essa experi�ncia, precisava devolver isso para a sociedade”, comenta.

Segundo ele, atualmente, a corrente liberalista abrange, al�m de 30 institutos, mais de 120 grupos de estudo. “Tentamos articular algumas pautas como a privatiza��o dos Correios, abertura de mercado”, diz. Embora na economia as pautas sejam coincidentes, quando o assunto � modo de vida, as diverg�ncias entre os liberais aparecem. “Defendo o direito �s drogas e do casamento homoafetivo. N�o falamos a mesma l�ngua de caras mais autorit�rios. No Brasil, h� mais pessoas pensando na linha do Bolsonaro. Essas pessoas, ao contr�rio, n�o t�m problema nenhum em legislar sobre a moral”, explica.
BH tem polo de liberalistas
Na capital mineira est� sediado o Students For Liberty (SFL), um dos maiores centros de promo��o do pensamento da nova direita em todo o pa�s, e que faz parte de uma rede internacional de institutos ligados � causa liberal. Nomes como Kim Kataguiri, do MBL, e F�bio Ostermann, filiado ao Partido Novo e membro do Movimento Livres, passaram pela organiza��o trazida para o Brasil em 2012. Com presen�a em 384 universidades, o foco do SFL, que se apresenta como um centro de capacita��o liberal, tem foco no p�blico universit�rio.
A entidade j� formou 5,2 mil “l�deres da liberdade”. “O SFL tem o objetivo de educar, desenvolver e empoderar a pr�xima gera��o de l�deres da liberdade. Formamos lideran�as que v�o trabalhar em diversas �reas como liberais. Temos 1,2 mil coordenadores em todo o pa�s, que s�o pessoas treinadas e est�o aptas a fomentar atividades liberais, como forma��o de grupos, clubes. Fornecemos talentos”, explica o diretor-executivo do SFL no Brasil, Fernando Miranda, de 26 anos.
A presta��o de contas da entidade informa que, entre 2014 e 2016, “doadores confidenciais” repassaram R$ 185.213,42 para o instituto. O think tank norte-americano The Atlas Economic doou ao SFL R$ 221.178,64 nesse mesmo per�odo. Outros R$ 36.430 foram transferidos pelo bra�o americano do instituto.
*Estagi�rio sob supervis�o do editor Renato Scapolatempore