
Aquartelados no oitavo andar de um pr�dio comercial no centro de Curitiba, os procuradores da for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato t�m reservado parte do tempo das reuni�es de discuss�o das investiga��es para tratar de tema alheio ao ambiente jur�dico e criminal, mas que pode afetar diretamente o trabalho do grupo: as elei��es 2018 e a contra-ofensiva esperada de pol�ticos encurralados pelo esc�ndalo.
"Depois das elei��es, esperamos a fase mais cr�tica de toda Lava-Jato, a fase em que a opera��o estar� sujeita ao maior risco de retrocesso", afirmou o procurador da Rep�blica Deltan Dallagnol, coordenador da for�a-tarefa em Curitiba.
"Isso porque haver� uma s�rie de pessoas que perderam o foro e ter�o a �ltima oportunidade de se salvar ou que foram eleitas e s� v�o precisar do eleitor novamente depois de quatro anos. Todo mundo, eleito ou n�o, que tiver o rabo preso, vai querer aproveitar esse momento para se salvar. Vai existir muita press�o depois das elei��es e antes do in�cio da pr�xima legislatura", avaliou.
N�o � uma preocupa��o apenas de Dallagnol. Para o grupo de procuradores da Lava-Jato de Curitiba, Rio de Janeiro e S�o Paulo, haver� empenho redobrado em 2018 de congressistas, com apoio de parte do Executivo, para tentar bombardear a opera��o.
"Podem esvaziar a Lava-Jato, como ocorreu nas M�os Limpas (investiga��o italiana sobre casos de corrup��o), aprovando leis que impedem a pris�o de corruptos, dificultam puni��o, diminuem a prescri��o, impedem a coopera��o internacional ou anulam as provas que vieram do exterior. Tudo isso aconteceu na It�lia. Ser�o quase tr�s meses que ser�o o terror da Lava-Jato", afirmou Dallagnol.
Os procuradores t�m algumas medidas consideradas de combate � corrup��o que est�o engatilhadas no Congresso e que preocupam.
Entre elas, leis prejudiciais � puni��o dos grandes corruptos, como as de anistia, que perdoam a corrup��o, liberam o caixa dois; leis que alteram as regras de abuso de autoridade, para intimidar ju�zes, promotores e policiais; mudan�as na reforma do C�digo de Processo Penal, como a altera��o nos artigos que impedem as pris�es preventivas em casos de corrup��o; e mudan�as nas regras da dela��o premiada, entre outras.
Outra amea�a, na avalia��o da for�a-tarefa, � a mudan�a de entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) em rela��o � execu��o provis�ria da pena em segunda inst�ncia. Desde mar�o de 2016, a Corte autoriza a pris�o dos r�us condenados, assim que esgotados os recursos em segundo grau, mas h� a possibilidade de revis�o. Na sexta-feira, em encontro das for�as-tarefas da Lava-Jato, em Porto Alegre, Dallagnol criticou a possibilidade.
O procurador se refere ao per�odo p�s elei��o, em outubro, e antes da troca de legislatura, quando os que deixar�o o mandato ter�o tempo para aprovar medidas e buscar uma salva��o final, j� que � partir de 2019 perder�o direito ao foro privilegiado - e muitos passar�o a ser investigados em primeira inst�ncia, pela pr�pria Lava-Jato
Para o procurador, a Lava-Jato "tem tirado �gua de pedra ao punir muitos poderosos e recuperar bilh�es". "Mas a sociedade precisa avan�ar. A diminui��o da corrup��o sist�mica depende de uma resposta sist�mica do Congresso. Nossa grande chance s�o as elei��es de 2018: escolhermos candidatos comprometidos com a pauta anticorrup��o", finalizou.