A uma semana do fim da janela que permite aos parlamentares mudarem de partido, o balc�o de neg�cios instalado nos corredores da C�mara dos Deputados aponta para o fortalecimento dos partidos do Centr�o, que nesta legislatura apoiaram do ex-deputado Eduardo Cunha ao presidente Michel Temer, passando pelo impeachment de Dilma Rousseff. O troca-troca entre as legendas, baseado n�o em ideologia, mas na divis�o dos recursos dos fundos eleitoral e partid�rio, ainda revela uma tend�ncia de menor renova��o nas elei��es de outubro.
"Todos os m�dios e grandes partidos est�o oferecendo algo em torno de R$ 2 milh�es", disse o deputado pelo Paran� Alfredo Kaefer (PSL), que vai deixar o partido do presidenci�vel Jair Bolsonaro e deve se filiar ao PP. O parlamentar afirmou que havia conversado com pelo menos oito legendas, como PP, PRB e Podemos. Kaefer admitiu que leva em conta os recursos oferecidos. "� evidente que isso tamb�m importa." O valor m�ximo oferecido pelos partidos, em m�dia, � de R$ 2,5 milh�es.
Dirigentes partid�rios reclamam do ass�dio a seus parlamentares. Segundo Jos� Luiz Penna, presidente do PV, a C�mara virou um "mercado". "H� um leil�o declarado com o dinheiro p�blico. Ouvi que tem partido dando cheque pr�-datado."
O balan�o parcial da janela partid�ria, que se fecha no dia 7, mostra que outros partidos de um mesmo espectro pol�tico, como PP, PSD, DEM, Podemos e PROS, somam mais ganhos do que perdas na compara��o com as bancadas registradas em 6 de mar�o, v�spera do in�cio permitido para as trocas. O DEM foi o que mais cresceu - o total j� chega a 41 (veja quadro nesta p�gina).
Para o l�der do partido na C�mara, Rodrigo Garcia (SP), o resultado � consequ�ncia da "refunda��o" da legenda, que deu liberdade para os deputados participarem das dire��es estaduais. Da elei��o passada pra c�, o DEM ganhou 20 parlamentares e tem a expectativa de filiar mais um nesta semana. Assim como o DEM, o PP cresceu na compara��o com 2014 e, com o in�cio da janela, chegou a 49 parlamentares, n�mero que faz a sigla ganhar uma posi��o no ranking dos partidos, superando o PSDB - sua bancada j� � a terceira maior da C�mara e com tend�ncia de alta.
Outros representantes do Centr�o, como PSD, Podemos e PROS, tamb�m ficaram mais fortes na janela, mas em menor propor��o. A exce��o desse bloco que d� sustenta��o ao governo � o PSL, que com a chegada de Bolsonaro saltou de tr�s para oito deputados e quer chegar a dez.
Para o cientista pol�tico Murillo de Arag�o, a movimenta��o partid�ria observada at� aqui visa ainda a assegurar uma posi��o estrat�gica em rela��o � composi��o das chapas. "Esses deputados podem apoiar qualquer um dos pr�-candidatos do centro, seja Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM) ou Henrique Meirelles (de mudan�a para o MDB)."
Renova��o
An�lise do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) da C�mara chama a aten��o para mais uma condi��o desta elei��o - al�m da quest�o do financiamento - que prejudica a elei��o de quem est� do lado de fora: a necessidade de muitos deputados de manter o foro privilegiado. "Isso para fugir de eventuais puni��es pela pr�tica do crime de caixa 2." Em 2014, a taxa de renova��o foi de 47%.
Presidente do PPS, que deve manter seus nove deputados, Roberto Freire disse ao
Estado
que a legisla��o atual foi feita para evitar que houvesse alto �ndice de renova��o na Casa. "Isso (de priorizar quem tem mandato) � geral aqui no Congresso", afirmou o dirigente, que tamb�m vai destinar mais recursos � reelei��o. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Adriana Ferraz e Pedro Venceslau, com colabora��o de Marianna Holanda e Isadora Peron)