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Estado de Minas ENTREVISTA

'Meirelles � a vers�o piorada do Michel', diz Renan Calheiros

Eleitor de Lula, senador diz que candidaturas de Meirelles e Temer s�o ruins para o partido


postado em 30/04/2018 06:00 / atualizado em 30/04/2018 07:22

"O maior legado que precisa sair dessa elei��o � o MDB continuar grande. N�s temos excelentes governadores, bons candidatos a deputados. Uma alian�a meramente para defesa do legado do Michel significaria a derrota dessas pessoas" (foto: B�rbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)

Bras�lia – Conhecido nos �ltimos tempos mais pelos embates que protagoniza do que por consensos, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) se prepara para mais uma batalha dentro do partido que representa h� praticamente quatro d�cadas, salvo o curto per�odo em que apostou no PRN, de Fernando Collor, no in�cio da d�cada de 1990. Depois de ter feito, em v�rias oportunidades, duras cr�ticas � atua��o do presidente Michel Temer, ele n�o poupa palavras para dizer que o MDB n�o tem nenhum candidato vi�vel para disputar a Presid�ncia da Rep�blica em 2018. Os dois nomes discutidos hoje, de Temer e do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, numa campanha defenderiam “o legado do governo, n�o do partido”, sustenta, em entrevista ao Estado de Minas/Correio Braziliense. “Meirelles � a vers�o piorada do Michel”, diz. Renan n�o apenas descarta a possibilidade de apoiar algum deles como defende que o MDB, em vez de investir recursos em uma candidatura pr�pria, precisa “sobreviver � hecatombe que o governo Michel Temer provocou no partido”.

Enquanto busca um projeto alternativo para apresentar na conven��o do MDB, em julho, o senador elogia Joaquim Barbosa (PSB), alerta quanto ao potencial de votos de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e comenta sobre alguns dos nomes que fazem parte do quadro fragmentado que espera para a elei��o de 2018. Mas refor�a que o apoio dele � ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que tentar� visitar na pris�o nos pr�ximos dias “para conversar sobre a conjuntura atual”. O senador acredita que, embora Lula ainda esteja preso, conseguir� se candidatar em agosto. Renan fala tamb�m sobre o fim do foro privilegiado e a Opera��o Lava-Jato, e critica a atua��o de alguns investigadores, que classifica como “abuso de autoridade”. Confira os principais trechos da entrevista:

O senhor come�ou a preparar um projeto alternativo � candidatura do presidente Michel Temer ou do Henrique Meirelles para a conven��o de julho. Por qu�?

Na verdade, n�o � uma prepara��o, � uma compreens�o que se generaliza no partido. O MDB � um partido plural, com muitas correntes, e precisa sobreviver � hecatombe que o governo Michel Temer provocou no partido. Acabamos de perder 15 deputados federais e sete senadores. O MDB n�o tem vantagem com a candidatura do Michel.

O presidente diz que seria uma forma de defender o governo, de tentar resgatar um legado, como ele se refere �s melhorias na economia, por exemplo.

Se existe legado do governo Michel Temer, certamente n�o � do MDB. O MDB sempre foi o partido das massas, dos trabalhadores, da defesa do interesse nacional, da estabilidade democr�tica e econ�mica, dos avan�os sociais. O maior legado que precisa sair dessa elei��o � o MDB continuar grande. N�s temos excelentes governadores, bons candidatos a deputados. Uma alian�a meramente para defesa do legado do Michel significaria a derrota dessas pessoas.

Por que tem tanta convic��o disso?

Porque o Michel faz um governo estreito, com op��o pelo mercado. Flexibilizou direitos trabalhistas em plena recess�o, ampliou desemprego, n�o retomou os investimentos p�blicos nem privados. O pa�s vai ter deficit at� 2025.

E n�o tem nenhum outro nome no MDB?

O sonho do MDB � ter um candidato a presidente competitivo, que agregue nos estados, que some. Essa candidatura � imbat�vel numa conven��o. � o que sempre quisemos, o problema � que n�o temos. A candidatura do Michel � a defesa do legado do governo, n�o do partido.

O senhor acha que todos os pr�-candidatos v�o ficar ou vai afunilar?

Acredito que todos ficar�o, inclusive o Lula. E esse quadro eleitoral dever� ficar congelado at� decis�o do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com efeito suspensivo para o STF (Supremo Tribunal Federal).

S� quando o STF der um veredito sobre a candidatura do Lula iremos destravar o quadro?

A complexidade tornou mais f�cil prender o Lula n�o votando as ADCs do que impedir a candidatura dele com a legisla��o eleitoral. A pr�pria Lei da Ficha Limpa garante aos condenados em segunda inst�ncia o direito de pedir o registro. E, pedido o registro, tem que ser tratado em igualdade de condi��es com os outros candidatos.

Ou seja, ele ainda pode recorrer ao Supremo depois. Ent�o, o senhor acha que teremos candidatura de Lula?

Eu acho. N�o enxergo no TSE, que � uma Corte respeit�vel, um procedimento igual ao do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Regi�o. Que, n�o h� d�vidas, colocou a condena��o do Lula no calend�rio eleitoral para obrigar a sua pris�o.

Como o senhor v� o Joaquim Barbosa, que surge como op��o dentro do PSB?

Sempre achei Joaquim Barbosa um grande nome. Ali�s, n�o � surpresa seu desempenho nas pesquisas. Se o Joaquim acertar na pol�tica, ele pode entrar no jogo com mais facilidade do que o Ciro Gomes, do que a Marina Silva ou do que o pr�prio Geraldo Alckmin. Mas precisa acertar na pol�tica. � um nome respeit�vel, mas eu voto no Lula. Eu apoiaria o Lula. Eu confio na hip�tese, sobretudo pelos avan�os da �ltima semana no STF, da sua candidatura sobreviver at� a elei��o. N�o vejo alternativa para ele sen�o insistir no direito que tem de ser candidato, apesar de a condena��o sem provas por um t�pico ju�zo de exce��o.

E como o senhor v� o Jair Bolsonaro?


Penso radicalmente diferente dele, mas n�o subestimo a candidatura. Ali�s, no mundo todo esse fen�meno de direitiza��o, de discurso contra pol�tica, tem crescido. E muitas vezes ganha, porque s�o subestimados.

Se o PT trocar o Lula pelo ex-prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad, consegue repetir a vota��o no Nordeste?

Seria trocar o lulismo pelo petismo. Em portugu�s claro, n�o seria uma boa troca. Recomenda-se que o Lula esgote todos os meios para sua candidatura.

Na quarta-feira, o Supremo vai analisar o foro privilegiado. Como est� essa quest�o no Congresso?

Essa interven��o no Rio de Janeiro, entre outros males, imobiliza o Congresso. Retira do Legislativo o protagonismo que ele deve exercer. Aprovamos em dois turnos no Senado, e eu me dediquei a isso, o fim do foro para os 58 mil, como qualquer democracia civilizada. N�o basta acabar com o foro para 600 pessoas e garanti-lo para outros. Eu sempre defendi investiga��o. Toda vez que me investigam, eu defendo que � uma oportunidade para que eu possa esclarecer fatos, fazer a prova negativa. Mas todos t�m que ser investigados. Todos, sem exce��o. Por exemplo, por que � que n�o se investiga o (ex-procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo) Janot depois do que aconteceu na dela��o da JBS?

Quanto tempo mais ser� que vai ter de Lava-Jato?

A Lava-Jato precisa continuar. Ela vai deixar muitos resultados. Mas ela n�o pode prender para delatar, ou ent�o prende para continuar pris�o provis�ria com a condena��o em primeira inst�ncia, que foi o que aconteceu com o (Antonio) Palocci, deixando como a �nica alternativa a dela��o. Sempre defendi a Lava-Jato, sempre considerei que ela deixaria avan�os civilizat�rios. Mas isso n�o significa dizer que, por isso, pode exagerar, abusar da autoridade, passar de seus limites com vazamentos que n�o foram apurados, muitos deles mentirosos, com dela��es seletivas dirigidas. Nunca esque�o de uma nota que dizia que, para todos os 77 delatores da Lava-Jato, foi feita a pergunta “nos ajude, o que voc� sabe sobre o Renan Calheiros?”. Isso n�o pode acontecer. Ju�zes de primeira inst�ncia, atrav�s da convoca��o de suas entidades, invadirem o STF at� que ele receba uma den�ncia contra o senador Renan Calheiros, que foi o que aconteceu em dezembro do outro ano. Isso n�o pode acontecer, porque isso desequilibra a democracia. Atemoriza as pessoas.

O senhor ficou atemorizado com aquilo?

Todo ser humano tem medo. Eu tamb�m tenho medo. Esse enfrentamento que eu fiz em alguns momentos n�o � hero�smo, � que ou faz isso ou vai prevalecer a compreens�o que eles querem que prevale�a, que � a generaliza��o da corrup��o na pol�tica, com a participa��o de todos. � um jogo bruto que acaba nivelando culpados com inocentes. E criando um cen�rio de substitui��o da pol�tica. No Paraguai, agora tivemos absten��o de 44%. Eles querem que nessa elei��o tenhamos cen�rio igual no Brasil.


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