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Estado de Minas

'Temer n�o vai ter influ�ncia na sua pr�pria sucess�o', diz Marcos Nobre

Para o cientista pol�tico e professor de Filosofia da Unicamp, temer precisa aceitar que � Jos� Sarney (1985/1989), ou seja, com baixa popularidade


postado em 04/06/2018 00:30 / atualizado em 04/06/2018 07:51

S�o Paulo - O presidente Michel Temer precisa aceitar que, para conseguir terminar o mandato, deve se retirar do processo eleitoral. A an�lise � do cientista pol�tico e professor de filosofia da Unicamp, Marcos Nobre. "Tem que aceitar que � Sarney, que n�o vai ter nenhuma influ�ncia na sua pr�pria sucess�o".

Para ele, a greve dos caminhoneiros � o segundo cap�tulo dos protestos de 2013 com uma diferen�a: "� pelos 46 centavos, sim". Nobre diz que o sistema pol�tico n�o entendeu at� agora o que aconteceu nas manifesta��es ocorridas h� cinco anos. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

A greve dos caminhoneiros tem rela��o com as manifesta��es de junho de 2013?

Em 2013 n�o tinha recess�o, mas tinha uma desconex�o clara entre o sistema pol�tico e a sociedade. Agora, em 2018, � como um segundo momento de 2013, com uma revolta que �, finalmente, econ�mica. � pelos 46 centavos, sim. Prometeram mundos e fundos (no impeachment) e as coisas pioraram. Ent�o, a falta de perspectiva e de legitimidade do sistema pol�tico produz um apelo. O protesto dos caminhoneiros s� conseguiu se manter porque teve apoio social. E da� entrou todo tipo de gente…

E os pedidos de interven��o militar?


O sistema pol�tico n�o conseguiu entender at� agora o que aconteceu em 2013. � medida que vai se fechando, vai se abrindo caminho para a extrema direita, porque ela aparece como o novo, como o que � contra o sistema. � de se esperar que uma parcela da popula��o seja atra�da por esse autoritarismo. O que n�o � de se esperar � que se torne majorit�ria. Ent�o, a democracia s� corre perigo se o mundo pol�tico continuar nesse processo de blindagem contra a sociedade.

A elei��o pode mudar isso?


N�o, esse � o problema. Essa elei��o n�o veio para resolver a reconex�o do sistema pol�tico com a sociedade, veio para resolver quem vai fazer a transi��o para o novo modelo. E a chance de dar errado � alta. A disputa est� armada para excluir os candidatos que est�o liderando a inten��o de votos. No caso do Lula, porque est� preso, ou no caso da Marina e do Bolsonaro, porque n�o t�m recurso, palanque, alian�a.

Qual o peso dessa greve para o governo Temer?

A sociedade est� dizendo: sabemos que seu governo est� em coma, cabe ao senhor (Temer) decidir se vamos desligar os aparelhos ou n�o. Ou seja, n�o completar o mandato. O governo Temer fez um acordo fantasma, o Rodrigo Maia fez uma "patetada" legislativa e o Eun�cio Oliveira se retirou, no auge da crise. Em algum momento, esse sistema pol�tico vai ter que fazer acordo de estabilidade m�nima para Temer chegar ao final do mandato. V�o ter que emprestar coordena��o pol�tica, quadros. Mas sem mostrar isso, sen�o perdem votos.

Como seria esse acordo?

O primeiro ponto importante � que Temer precisa se retirar do processo eleitoral. Tem que aceitar que � Sarney, que n�o vai ter nenhuma influ�ncia na sua pr�pria sucess�o. Dois: Temer tem que se retirar do processo legislativo. Ele � uma das maiores fontes de instabilidade e quer ser relevante, a� acaba atrapalhando as alian�as na centro-direita. Terceiro: ele precisa aceitar uma interven��o do sistema pol�tico.

Qual vai ser o legado de Temer e quem vai fazer essa defesa?


Ningu�m. � igual 1989, que ningu�m podia defender o governo Sarney. Na �poca, o PMDB (hoje MDB) cometeu o erro de lan�ar um candidato que dizia que seu governo n�o era o seu governo. Quanto ele teve? 4%. E ele se chamava Ulysses Guimar�es, n�o Henrique Meirelles. A quest�o �: em que momento esse governo vai se retirar do processo eleitoral, para que a centro-direita se organize? Em todas as elei��es, a essa altura, todos os palanques j� estavam montados. A centro-direita s� tem chance se tiver candidatura �nica. Sen�o, esquece, nem segundo turno.

Mas o MDB ainda � o maior partido brasileiro...


Ah, sim, s�o coisas diferentes. O MDB s� n�o pode aparecer como parceiro do governo Temer, sen�o acaba com a vida dos prefeitos, deputados estaduais, vereadores. V�o ter que grudar no candidato ao governo ou ao Planalto. Vai ser a fita isolante.

O que o sr. chama de peemedebiza��o do poder acabou?


O peemedebismo n�o tem a ver com o partido MDB (ou o antigo PMDB). Todas as vezes que usei a express�o no livro (Imobilismo em Movimento, de 2013) disse que criei a express�o em homenagem ao partido, que � l�der da venda de apoio parlamentar. A l�gica � a seguinte: h� dois polos com capacidade de coordenar o governo, no caso foram PT e PSDB, e no meio, o peemedebismo (hoje emedebismo). Voc� pode continuar com o mesmo modelo, mas muda a sigla.

Quem s�o os candidatos e partidos que seguem essa linha?


O DEM e o PP, com Rodrigo Maia e Ciro Nogueira, s�o os grandes candidatos. A quest�o � a seguinte: eles s�o grandes, mas os outros n�o necessariamente v�o acompanhar. PR, PRB, PTB, enfim, se for somando as bancadas, d� muito voto e n�o necessariamente eles v�o aceitar a lideran�a (do PP e do DEM). A aposta do Maia � que, se eles conseguirem refundar a Arena (partido que dava sustenta��o do governo militar, hoje extinto), podem ser l�deres do cartel de venda de apoio parlamentar e ter esses partidos como sat�lites. � o que o MDB tinha, nesse neg�cio de ocupar espa�o no governo, trocar cargos por legisla��o. N�o necessariamente essa nova lideran�a tem a mesma expertise.


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