
Bras�lia – A “guerra” de despachos em torno da pris�o ou soltura do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva torna o ambiente pol�tico ainda mais confuso. Embora desde o in�cio das negocia��es de alian�as eleitorais o petista j� estivesse preso, sua soltura pressionaria partidos de centro que ainda n�o bateram o martelo sobre qual pr�-candidato apoiar. Especialistas consultados pelo Estado de Minas afirmam que, a diverg�ncia entre figuras do Judici�rio influencia tamb�m fora do cen�rio partid�rio, aumentando a polaridade e a adversidade entre o eleitorado.
“Os partidos de centro ficam entre o rochedo e o mar, porque as candidaturas ainda est�o muito fracas. Apesar da Marina (Silva, pr�- candidata da Rede) estar mais forte nas pesquisas de inten��o de voto, a campanha de Ciro Gomes ainda � mais barulhenta. As legendas do centro ficam mais pressionadas, porque uma poss�vel libera��o de Lula seria a ant�tese da Lava-Jato, e a opera��o � apoiada por grande parcela da popula��o”, pondera.
Arag�o explica que, mesmo solto, Lula n�o poderia concorrer � Presid�ncia, devido � Lei da Ficha Limpa, que pro�be a candidatura de pessoas condenadas em 2ª inst�ncia. O que mudaria com a soltura de Lula seria a situa��o de Ciro Gomes, que poderia ter a corrida ao Planalto fragilizada ao perder parte dos votos para um candidato do PT. Por outro lado, fortalece o discurso antilulista, principalmente dos eleitores de direita que estavam em d�vida sobre qual caminho seguir – o radicalismo de Jair Bolsonaro (PSL) ou outro candidato.
Para Creomar de Souza, analista pol�tico da Universidade Cat�lica de Bras�lia (UCB), mais importante que considerar Lula candidato ou n�o � Presid�ncia, � o fato de que toda a discuss�o em torno da pris�o de Lula refor�a a narrativa do PT de que � v�tima de persegui��o pol�tica. “Isso � tudo o que o PT precisa para entusiasmar ainda mais a milit�ncia. Se for solto, muda o jogo, porque Lula � um indiv�duo que sabe fazer pol�tica e estar� apto a dialogar com o povo”, pontua.
Al�m disso, o especialista ressalta que o imbr�glio do Judici�rio reflete as vis�es diferentes com que os ju�zes t�m visto o tema. Opini�es discordantes tornam-se p�blicas e, do ponto de vista pol�tico, mostra como os representantes institucionais que deveriam ser respons�veis por manter a serenidade do ambiente pol�tico t�m gerado mais confus�o. “O cen�rio beira at� certa irresponsabilidade, por ser um ano eleitoral. Vai aumentar a polariza��o do eleitorado, que fica dividido entre o Judici�rio e o PT”, acrescenta Souza.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), um dos autores do pedido de habeas corpus em favor de Lula, disse que n�o esperava a decis�o final do Judici�rio de manter o ex-presidente preso. No entanto, afirma que o partido vai tomar as “medidas judiciais cab�veis” para tentar reverter o cen�rio: “Vamos atualizar a imprensa assim que forem definidas (as medidas). At� l�, manteremos em sigilo”.
Para o l�der do PSDB na C�mara, deputado Nilson Leit�o, a decis�o revoga a “for�a��o de barra” por parte dos petistas para tirar o ex-presidente da cadeia. Al�m disso, ele criticou o posicionamento do desembargador Rog�rio Favretto, que, segundo ele, tem posi��o ideol�gica que “prejudica a credibilidade do pa�s e do Judici�rio”.
Defesa “vendida”
A defesa do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi pega de surpresa com a estrat�gia tra�ada pelos deputados petistas Wadih Damous, Paulo Teixeira e Paulo Pimenta, que, na noite de sexta-feira, entraram com pedido de liberta��o do petista no Tribunal Regional Federal da 4.ª Regi�o (TRF-4).
O trio de advogados praticamente “atropelou” a equipe de criminalistas e adotou uma estrat�gia com �nfase mais pol�tica. Desde o m�s passado, quando os desentendimentos entre Cristiano Zanin Martins e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sep�lveda Pertence vieram � tona, a dire��o do PT entrou em estado de alerta. Nos bastidores, h� coment�rios de que Pertence tem sido “isolado” pelo grupo de Zanin e quer conversar com Lula para ver se continua ou n�o em sua defesa.