
Preso desde o dia 8 de junho em uma sala especial do Corpo de Bombeiros em Belo Horizonte, o deputado estadual Cabo J�lio (MDB) rompeu o sil�ncio nesta ter�a-feira (10) e agradeceu pela “acolhida” na institui��o militar. O parlamentar falou pela primeira vez – depois de se entregar para cumprir a pena pela condena��o na M�fia dos Sanguessugas – em um v�deo “� tropa” divulgado em sua p�gina pessoal.
Cabo J�lio disse que algumas pessoas pensaram que a pris�o seria seu fim, mas que que ela � um recome�o. Ele agradeceu aos bombeiros e ao comando da corpora��o que o tem sob cust�dia pelo "carinho e miseric�rdia e ajuda". “Obrigado ao Comando do Corpo de Bombeiros e aos irm�os do 3º batalh�o por me acolherem, que Deus aben�oe voc�s e muito obrigado”, disse no v�deo.
O deputado emedebista estava recluso, apesar de estar frequentando a Assembleia. Na semana passada, ele deixou a vaga de vice-presidente e o assento que tinha na Comiss�o de Seguran�a P�blica da Casa. Ele conseguiu autoriza��o da Vara de Execu��es Penais e se tornou o primeiro deputado preso a trabalhar no Legislativo desde o dia 19 de junho.
Com um discurso em tom religioso, o parlamentar disse que, apesar de preso, se considera livre por ter confessado seu crime. Cabo J�lio disse que a confiss�o foi motivo de conflito com os respons�veis por sua defesa, mas que ele decidiu falar com o c�u. “A minha alma est� livre, eu confessei o meu pecado publicamente”, disse.
Preso, mas em paz
Cabo J�lio disse que sua participa��o na M�fia dos Sanguessugas foi um “espada no cora��o” por 16 anos, at� que a Justi�a mandou executar sua pena provis�ria. “Eu t� preso mas eu estou livre, eu errei em 2002, confiei erroneamente, nunca neguei que tenha errado e confessei isso publicamente”, disse.
O parlamentar tamb�m agradeceu aos amigos e companheiros de igreja. “Eu estou preso, assim, trabalhando, estudando,com a vida diferente, mas a minha alma est� em paz. � a alma daquele que errou, est� pagando, confessou, mas a minha alma est� livre. Estou tranquilo”, disse.
Sala e estacionamento
O deputado ocupa uma sala em unidade dos Bombeiros de aproximadamente 30 metros quadrados, que conta com uma estrutura de cama, mesa de apoio com cadeira, ventilador de parede e banheiro com pia e chuveiro. Cabo J�lio tem direito a cela especial por ser militar da reserva e deputado estadual.
Segundo a corpora��o, Cabo J�lio tem direito a tr�s refei��es di�rias, banho de sol e dois dias de visita por semana e est� dispensado do uso de trajes da Secretaria de Administra��o Prisional, pois n�o est� em unidade gerenciada pela mesma.
Com a autoriza��o para trabalhar, o parlamentar sai diariamente das 8h �s 18h para trabalhar na Assembleia. Segundo a assessoria do deputado, ele deixa o carrro estacionado nos bombeiros e conduz o ve�culo at� o Legislativo, onde usa a garagem institucional.
Condena��o
O emedebista foi condenado duas vezes pela participa��o na M�fia dos Sanguessugas, esc�ndalo que estourou em 2006 e consistiu no desvio de verbas do Minist�rio da Sa�de para compra de ambul�ncias nos munic�pios.
A condena��o por improbidade administrativa lhe imp�e quatro anos de reclus�o e 40 dias-multa. Em outubro de 2016, Cabo J�lio foi condenado mais uma vez a pena de seis anos de deten��o em regime semiaberto e ao pagamento de mais 50 dias-multa � propor��o de um sal�rio-m�nimo de 2006.
As investiga��es do Minist�rio P�blico apontaram Cabo J�lio como autor de 20 emendas or�ament�rias para 18 munic�pios mineiros que se comprometiam a direcionar as licita��es a favor de determinadas empresas. Segundo a decis�o do desembargador Ney Bello, o ent�o deputado federal seria um dos cabe�as do esquema.
No relat�rio ele apontou que Cabo J�lio “percebeu vantagem paga em virtude de sua atua��o na proposi��o de emendas or�ament�rias em benef�cio de interesse da organiza��o criminosa e fraudou car�ter competitivo de processo licitat�rio ao impor que empresa integrante do grupo criminoso – m�fia dos sanguessugas – se sagrasse vencedora em licita��o”.
Em nota, a assessoria do deputado afirmou que a senten�a que o mant�m preso est� sendo questionada em recurso no Superior Tribunal de Justi�a (STJ).
"A��o de improbidade � uma a��o c�vel e n�o tem como pena pris�o e sim multa. O processo penal que teve como pena 4 anos de deten��o teve parecer do MPF pela prescri��o e extin��o do processo. O cabo J�lio � a �nica pessoa presa por uma senten�a de grau �nico. N�o houve senten�a confirmada.".