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Estado de Minas

EM tra�a perfil de Ad�lio, autor do atentado contra Bolsonaro

Nos �ltimos 20 anos, algoz trabalhou muitas vezes sem carteira, mudou-se com frequ�ncia de cidade e tinha comportamento recluso


postado em 11/09/2018 06:00 / atualizado em 11/09/2018 09:30

Em passagem por Florianópolis, Adélio protestou contra o governo Temer neste ano(foto: Reprodução internet)
Em passagem por Florian�polis, Ad�lio protestou contra o governo Temer neste ano (foto: Reprodu��o internet)

Filho de uma funcion�ria do servi�o de varri��o da Prefeitura Municipal de Montes Claros e de um gari, Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, deixou sua cidade natal pela primeira vez em 1995, quando tinha 17 anos. Desde ent�o, e antes de ficar internacionalmente conhecido ao tentar matar com uma faca o presidenci�vel Jair Bolsonaro (PSL), na �ltima quinta-feira, seus vest�gios n�o eram muito claros.

Nesses 23 anos, trabalhou poucas vezes com carteira assinada ou em servi�os que emitiam nota fiscal. N�o era muito conhecido por seus vizinhos, pois mudava-se com frequ�ncia para munic�pios de v�rios estados num mesmo ano e para casas em bairros diferentes numa mesma cidade.

Seus rastros mais claros ficaram registrados em Santa Catarina e em Minas – em Uberaba e em Montes Claros. Uma rotina que por um lado constitui um perfil baixo, ideal para um atentado por n�o deixar rastros ou conex�es. Mas que por outro pode ser o de uma pessoa perturbada e antissocial.


Em 2007, Adelio se filiou ao Psol, no diret�rio de Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro. De acordo com sua filia��o, ele trabalhava como servente de pedreiro sem carteira assinada. Durante esse tempo h� registros de imagens do militante se manifestando nas ruas contra a prefeitura administrada por Anderson Adauto (2005 a 2009), que era do PL e posteriormente se filiou ao ent�o PMDB.

Nesse per�odo, segundo declara��o do presidente do diret�rio e candidato a deputado federal pelo Psol, Jos� Eust�quio dos Reis, Adelio n�o chegou a participar de reuni�es expressivas, se mantendo mais em atividades nas ruas. “Era uma pessoa comum. N�o era ass�duo nas nossas reuni�es, mas n�o aparentava ser algu�m violento, que pudesse tomar uma atitude agressiva contra algu�m”, disse o pol�tico.


Enquanto esteve em Uberaba, Adelio morou por curtos per�odos em muitos bairros, o que fazia com que sua vizinhan�a n�o registrasse bem seus h�bitos, tidos como os de uma pessoa normal, sem queixas da comunidade nem problemas com a lei. Morou no Bairro Elza Amui, um local de periferia muito pr�ximo � BR-262 e ao limite urbano/rural do munic�pio, onde as resid�ncias s�o em grande parte humildes, muitas delas de muros e paredes de tijolos sem reboco.

Depois, morou tamb�m no Jardim Bela Vista, uma �rea na por��o norte do munic�pio, mais arborizada e tamb�m pr�xima � �rea rural, ainda que mais perto do Centro, local que tem tamb�m muitos conjuntos habitacionais.


Por fim, informa��es deram conta de que viveu tamb�m no Jardim Uberaba 1, o bairro mais humilde onde ele residiu, um local de casas de acabamento mais prec�rio, muitas sem reboco e �s margens do Rio Uberaba, o que as exp�e a ac�mulo de lixo, inunda��es e concentra��o de animais que infestam �guas polu�das por esgoto, como ratos e baratas. O local � repleto de bota-foras, mas apesar da degrada��o, conserva uma popula��o ainda de forte ascend�ncia rural.


Adelio depois ressurgiu em Santa Catarina, em 2009, quando teve um passaporte emitido em seu nome, em setembro daquele ano, constando para a Pol�cia Federal que seu endere�o seria no Bairro de Itacorumbi, em Florian�polis, local considerado de classe m�dia. Essa, talvez, a mais estranha movimenta��o de uma pessoa que apenas trabalhou em lugares de baixa remunera��o antes dos atentados.


Tr�s anos depois, Adelio retornou a Montes Claros, no fim do ano, quando esteve com parentes, ajudou no trato de sobrinhas e foi admitido como gar�om num hotel do Centro, em 9 de outubro de 2012. A passagem foi muito r�pida, sendo que ele pr�prio pediu demiss�o 31 dias depois, em 10 de novembro. Funcion�rios que trabalharam com ele e pediram para n�o ter seus nomes revelados, comentaram que o suspeito desempenhou bons servi�os e n�o teve qualquer tipo de incidente que o desabonasse.


No ano seguinte, Adelio retornou mais uma vez para Santa Catarina, onde duas ocorr�ncias policiais foram registradas contra o homem que confessou ter esfaqueado Bolsonaro. Uma delas foi pela invas�o de um canteiro de obras, em Itaja�, e outro em Capivari de Baixo, por furto – ele teria surrupiado um cart�o de ponto da obra em que trabalhava.

Naquele mesmo ano, ao voltar para Montes Claros, foi acusado de ter arrombado um barrac�o no terreno de parentes. Segundo informa��es de familiares, ele se refugiou por mais de um m�s no local, chegando a brigar com o cunhado por n�o ter pago a conta de luz – fato que foi registrado pela Pol�cia Militar em boletim de ocorr�ncia. Em relatos, parentes disseram que, apesar desse desentendimento, o pedreiro n�o apresentava comportamento violento e vivia praticamente recluso quando no munic�pio norte-mineiro.


O v�nculo com o Psol foi encerrado em 2014, pelo pr�prio Adelio. H� especula��es de que uma candidatura dele a deputado federal tenha sido rejeitada, algo n�o confirmado pelo partido. No ano seguinte, a Justi�a do Trabalho catarinense registrou um processo em que o pedreiro ainda requer v�nculo empregat�cio com uma construtora por uma obra em Balne�rio Cambori�. Em 5 de julho de 2018, em S�o Carlos, tamb�m em Santa Catarina, foi registrada sua entrada no mesmo clube de tiro que � frequentado pelos filhos de Bolsonaro, Carlos (vereador no Rio de Janeiro) e Eduardo (deputado federal por S�o Paulo).

Ele teve apenas uma aula, ao lado de um instrutor. Sua �ltima pista no estado apareceu nas redes socais, onde foi fotografado numa manifesta��o contra o presidente Michel Temer, em Florian�polis. Depois disso, Adelio foi a Juiz de Fora, onde se hospedou numa pens�o no Centro por 15 dias antes do atentado contra Bolsonaro. Ele pagou � vista e em dinheiro o adiantamento de R$ 400 pelo quarto.

 

Passagem por Bras�lia


Adelio Bispo de Oliveira, autor do atentado contra Jair Bolsonaro (PSL), esteve em 2013 na C�mara dos Deputados, em Bras�lia. A informa��o foi divulgada pelo deputado federal Delegado Francischini (PSL), principal articulador pol�tico da campanha do presidenci�vel, que afirma ter obtido um levantamento que registra a entrada do agressor pela portaria do Anexo IV, onde ficam os gabinetes dos parlamentares.

Pelo Facebook, o deputado informou que, em 6 agosto daquele ano, Adelio entrou no pr�dio para uma reuni�o com um deputado federal, que n�o foi identificado. “Estou requerendo ao presidente (da C�mara) Rodrigo Maia uma investiga��o para saber quem � o deputado”, disse. “Vamos levantar o que aconteceu naquele dia na C�mara para tentar saber o que levou Adelio l�”, ressaltou. Francischini ainda afirmou que teve acesso a fotos do homem na frente do Congresso, supostamente na mesma data.

(Colaborou Lucas Negrisoli, estagi�rio com supervis�o do editor Renato Scapolatempore)


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