
Divin�polis – Cidade-polo do Centro-Oeste mineiro, Divin�polis virou palco da disputa pol�tica entre os candidatos ao governo Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) nas elei��es. No embate entre os favoritos na corrida eleitoral, segundo as pesquisas, tucano e petista transformaram a cidade em cen�rio de problemas de sa�de p�blica, como a falta de hospitais e de saneamento, numa s�ntese do que ocorre na maioria dos munic�pios do estado. Em meio � troca de acusa��es e ao empurra-empurra de responsabilidade entre prefeitura e governo estadual, o Estado de Minas foi at� a cidade, a 120 quil�metros de Belo Horizonte, e constatou que, longe dos holofotes, a popula��o de mais de 200 mil habitantes convive com o drama da falta de atendimento m�dico e de condi��es sanit�rias adequadas. O tucano acusa o petista de descaso com a sa�de, usando como exemplo, em sua campanha, a paralisa��o das obras de um hospital em Divin�polis. Em v�deo exibido no hor�rio eleitoral com imagens da obra inacabada, Anastasia afirma que “o atual governo n�o colocou aqui (no hospital) um tijolo e � muito triste ver isso, um conjunto de ferro e a�o apodrecendo, enquanto tantas pessoas e tantas fam�lias, precisam do atendimento a sa�de”. Em contraponto o atual governador diz que em sua gest�o a cidade recebeu um dos maiores volumes de investimento em saneamento de todos os tempos. Na cidade, as obras do Hospital P�blico Regional, iniciadas em 2011, na gest�o do ex-governador Anastasia, est�o interrompidas desde 2016. Mesmo com 80% da constru��o conclu�da, n�o h� previs�o de data para entrar em opera��o.
Em bairros no entorno da futura unidade de atendimento hospitalar, a popula��o convive com a aus�ncia de capta��o de esgoto, o que sobrecarrega o Hospital S�o Jo�o de Deus, �nico da cidade e refer�ncia no acolhimento de cidad�os de 54 munic�pios da regi�o, um contingente de 1,2 milh�o pessoas. A unidade est� sob interven��o do Minist�rio P�blico desde agosto, por n�o honrar compromissos financeiros. A cidade, de 213 mil habitantes, segundo a prefeitura, conta ainda com uma unidade de pronto-atendimento (UPA) atendendo a outros tr�s munic�pios: Carmo do Cajuru, S�o Gon�alo do Par� e S�o Sebasti�o do Oeste, uma demanda para 290 mil habitantes.
Pimentel afirma em sua campanha que a constru��o das esta��es de tratamento de esgoto (ETE) Itapecerica e Ermida, iniciadas no come�o de 2017, somadas a 74 quil�metros de redes interceptoras de esgotos nas bacias dos rios Itapecerica, Par� e Ermida, v�o tratar 100% do esgoto recolhido no munic�pio. Na vizinhan�a do futuro hospital, situado na divisa dos bairros Realengo e Jardim Alterosa, n�o h� liga��o residencial � rede p�blica de esgoto. Os moradores utilizam fossas. Em outro ponto da cidade, no Jardim Copacabana, projeto do programa Minha casa, minha vida inaugurado em 2016, as fossas s�pticas s�o divididas entre duas moradias. Entretanto, algumas resid�ncias est�o ligadas clandestinamente � rede de esgotos inacabada. O resultado � que as bocas de lobo expelem toda a �gua f�tida pelas ruas do bairro.
Dura realidade Nas ruas, a conclus�o do hospital e a infraestrutura de saneamento s�o apontadas pela popula��o como necess�rias. A dona de casa Rosimayre Aparecida Euz�bio, que mora com o marido e dois filhos a dois quarteir�es da futura unidade de sa�de, relata as dificuldades quando necessita usar o sistema p�blico de sa�de: “Para chegarmos � UPA gastamos por volta de uma hora. A espera para atendimento � desesperadora. J� cheguei a esperar por sete horas, depois da triagem. Quando come�aram as obras do hospital ficamos esperan�osos. Mas h� pelo menos dois anos n�o vejo nenhuma movimenta��o no canteiro de obras”.
Assistente Social, Aline Lara considera ambas as obras “muito importantes”. Sua casa, na Rua B, Jardim das Alterosas, n�o conta com rede de esgoto p�blica. “Utilizamos o sistema de fossa e dependemos da prefeitura para fazer a limpeza com certa frequ�ncia, isso agrava problemas de sa�de em todo o bairro. N�o temos um sistema de transporte r�pido e quando algu�m adoece precisa pedir ajuda a vizinhos que possuam autom�veis para deslocamento at� a UPA ou ao hospital, ambos muito longe”.
Dona de casa, Maria de F�tima Batista Castro confessa que “n�o confia mais em promessas de pol�ticos”. Moradora h� 12 anos no Bairro Jardim Alterosa disse que ao ver a movimenta��o no canteiro de obras teve suas “esperan�as renovadas. Mas durou pouco e agora estamos aqui vendo o mato crescer em volta do hospital. � desolador”, completa.
No Bairro Belvedere II, o aut�nomo Eli M�ximo Moreira, morador h� 15 anos, confirma a falta que faz uma nova unidade de refer�ncia para atendimento � sa�de da popula��o. “Este hospital � muito importante para a melhora e rapidez no atendimento a pacientes”. Ele reclama da aus�ncia de rede de esgoto e acredita que ela � em parte respons�vel pelas doen�as acometidas principalmente pelas crian�as da regi�o. “Precisamos de ambas: rede de capta��o e tratamento e de hospital que atenda �s nossas necessidades e emerg�ncias”.
A gravidade da situa��o � evidente nas ruas do Bairro Jardim Copacabana, onde vive o pedreiro Alex Silva Lima. “Quando me mudei para o bairro, no contrato de compra e venda constava ruas urbanizadas, �gua, luz e esgoto. Esperamos por seis anos e at� agora nada de pavimenta��o e capta��o”. De acordo com Alex, a rede existe, mas os moradores n�o podem conect�-la devido � aus�ncia de “caixa diluidora”, para conduzir o esgoto �s esta��es de tratamento.