
Em situa��es distintas na disputa eleitoral, os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do MDB, Henrique Meirelles, adotaram estrat�gias semelhantes nesta reta final. Ambos devem evitar ataques aos advers�rios para preservar pontes com vistas ao segundo turno.
No caso de Haddad, segundo colocado nas pesquisas, a l�gica � mais evidente. O ex-prefeito tem evitado responder aos ataques de Ciro Gomes (PDT) e outros advers�rios porque espera receber o apoio deles num eventual segundo turno.
A ideia � manter canais abertos com todos os candidatos de centro-esquerda para uma poss�vel alian�a de segundo turno. Segundo estrategistas da campanha, a linha propositiva, sem ataques aos advers�rios, inclusive a Jair Bolsonaro (PSL), deve ser mantida at� o fim da primeira etapa. A prioridade do PT ainda � transferir votos do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (condenado e preso na Lava Jato) para Haddad. O partido avalia que o potencial de transfer�ncia ainda � alto, principalmente entre eleitores que ganham at� dois sal�rios m�nimos na periferia das grandes cidades do Sudeste.
Coordenadores da campanha avaliam que estes eleitores tradicionalmente se definem nos �ltimos dias e, se a estrat�gia for bem sucedida, Haddad poderia chegar � frente de Bolsonaro no primeiro turno.
Por isso, o PT deve seguir na linha propositiva, principalmente em temas com os quais o PT tem identifica��o, como educa��o, gera��o de empregos e oportunidades. S� num eventual segundo turno, Haddad deve adotar uma postura mais agressiva contra Bolsonaro, quando haver� a necessidade de deixar mais claro para o eleitor as diferen�as em rela��o a Bolsonaro.
A estrat�gia � baseada em pesquisas qualitativas di�rias. Os resultados, por enquanto, recomendam seguir a m�xima "n�o se mexe em time que est� ganhando".
De acordo com integrantes da campanha, a ideia � deixar que movimentos como #elen�o e Democracia, Sim fa�am o embate direto com o capit�o da reserva. Petistas avaliam que a interfer�ncia partid�ria pode afugentar integrantes destes movimentos que defendem candidatos de outros partidos como o pr�prio Ciro.
Trof�u
J� o objetivo de Meirelles, que ocupa a parte de baixo da tabela das inten��es de voto, � preservar o capital eleitoral ganho at� agora para ter um papel relevante no segundo turno.
Auxiliares do ex-ministro da Fazenda estimam que Meirelles, apesar dos poucos votos, conseguiu consolidar a imagem de t�cnico apartid�rio capaz de dar credibilidade � economia e resolver problemas seja quem for que estiver no poder. Imagem resumida no slogan "chama o Meirelles".
O ex-ministro disse ao jornal O Estado de S. Paulo que j� foi procurado tanto por emiss�rios de Haddad, seu colega de Esplanada durante o governo Lula, quanto de Bolsonaro, ambos interessados em uma aproxima��o no segundo turno.
Meirelles avalia que vai ser uma esp�cie de "trof�u" para os dois lados em disputa no segundo turno. Por isso, tem calibrado os ataques aos advers�rios tanto no hor�rio eleitoral da TV quanto em discursos e debates para n�o explodir pontes. No debate da TV Record, exibido no domingo passado, por exemplo, Meirelles criticou os resultados econ�micos do governo Dilma Rousseff, do PT, mas evitou ataques a Lula e Haddad.
A mesma l�gica vale em rela��o a Bolsonaro. Meirelles criticou a proposta de Paulo Guedes (respons�vel pelo programa econ�mico do candidato do PSL) de recriar a CPMF, se posicionou contra as declara��es do general Hamilton Mour�o sobre o 13o sal�rio, defendeu respeito � democracia, mas n�o partiu para a briga contra Bolsonaro.
� pelo mesmo motivo que Meirelles vai esticar a decis�o sobre quem receber� seu apoio no segundo turno. Ele se v� como poss�vel fiador do candidato que apoiar na reta final da elei��o e vai esperar at� que o cen�rio de segundo turno esteja n�tido antes de tomar uma decis�o.