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Estado de Minas POL�TICA

Investiga��es mostram que Joesley 'mentiu e ocultou' fatos, diz PF

A Capitu, desdobramento da Lava Jato, investiga pagamento de propina a representantes do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), pelo setor de fornecedores de prote�na animal, conforme a PF, em 2014 e 2015


postado em 09/11/2018 15:25 / atualizado em 09/11/2018 17:41

Operação Capitu foi deflagrada nesta sexta-feira (9/11) (foto: Evaristo Sa/AFP)
Opera��o Capitu foi deflagrada nesta sexta-feira (9/11) (foto: Evaristo Sa/AFP)
A Pol�cia Federal afirmou nesta sexta-feira, 9, que as investiga��es da Opera��o Capitu, deflagrada em cinco Estados e no Distrito Federal, deixaram claro que o empres�rio Joesley Batista, do Grupo J&F, "mentiu e ocultou fatos" na dela��o premiada que firmou no �mbito da Opera��o Lava Jato. O objetivo de Joesley era "tirar" a PF "da linha de investiga��o correta", afirmaram os delegados respons�veis pelo caso.

A Capitu, desdobramento da Lava Jato, investiga pagamento de propina a representantes do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), pelo setor de fornecedores de prote�na animal, conforme a PF, em 2014 e 2015. Entre os presos est� o vice-governador de Minas Gerais, Ant�nio Andrade, que foi ministro da pasta no governo Dilma Rousseff (PT).

O delegado regional da Pol�cia Federal em Minas Gerais, Rodrigo Morais, disse que a colabora��o tinha a tend�ncia de direcionar a investiga��o da Pol�cia Federal. "E tirar a Pol�cia Federal da linha de investiga��o correta, levando ao interesse desses colaboradores, colocando em risco a pr�pria credibilidade da PF, respons�vel pela investiga��o, do Minist�rio P�blico e da pr�pria Justi�a", disse o delegado Mario Veloso, respons�vel pela investiga��o.

"Isso (a investiga��o) prejudica a legitimidade dessa colabora��o, embora muitas das provas apresentadas e declara��es dos colaboradores sejam v�lidas independente dessa colabora��o ser invalidada futuramente ou n�o", afirmou Veloso. Conforme lembrou o delegado, a colabora��o de Joesley foi rescindida unilateralmente pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) e aguarda posicionamento final do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Veloso, quando as investiga��es foram confrontadas com as dela��es feitas dentro da Lava Jato, foram dadas quatro oportunidades para que os colaboradores fornecessem informa��es, o que n�o ocorreu. "A PF descobriu omiss�es intencionais e contradi��es graves que colocam em cheque a credibilidade da dela��o. Isso caracterizou obstru��o de Justi�a e preju�zo � instru��o criminal do inqu�rito. Mentiram e omitiram sobre pontos. H� ind�cios fortes disso", disse Veloso. Nas dela��es, s�cios e executivos da JBS afirmam ter repassado recursos para pol�ticos.

Capitu

A opera��o deflagrada hoje, e que acabou colocando em xeque, na avalia��o da PF, a dela��o de Joesley Batista, que tamb�m foi preso nesta sexta-feira, apura o repasse de recursos por frigor�ficos a representantes do Minist�rio da Agricultura. Em troca, medidas que beneficiavam o setor eram tomadas, segundo a PF. H� ind�cios de pagamento, em uma �nica negocia��o, de R$ 15 milh�es. O valor total em propina chegaria a R$ 30 milh�es.

Os recursos, ainda segundo a corpora��o, teriam sido repassados a pol�ticos do MDB, partido de Andrade. O deputado estadual Jo�o Magalh�es (MDB) teve o mandato suspenso e foi proibido de contatar outros investigados na Capitu. Os recursos eram lavados via escrit�rios de advocacia e por uma rede de supermercados de Minas Gerais. Nenhum nome, das empresas, ou presos, foi divulgado pela PF. Um total de R$ 9 milh�es teria sido repassado a candidatos do partido nas elei��es de 2014, o que poder� acarretar investiga��o sobre fraude eleitoral.

Modus operandi

Pelo menos parte dos recursos chegou a ser repassada pela rede de supermercados em malas e caixas de sab�o, segundo o delegado Veloso. "Durante as investiga��es chegamos a falar em pagamento de 'propina cabo', em refer�ncia ao d�lar cabo". Pelo sistema, um operador da moeda no exterior aciona um doleiro no Brasil e pede que repasse um valor a determinado cliente e, depois, faz o acerto, explicou o delegado. A rede de supermercados � cliente dos fornecedores de prote�na animal.

Uma das medidas tomadas pelo Minist�rio da Agricultura, e que gerou o pagamento de propina, segundo a PF, diz respeito a exporta��es do setor de prote�na animal. "Isso impediu que empresas de menor porte atendessem requisitos do minist�rio, concentrando produ��o nas empresas maiores".

Ao todo foram emitidos 19 mandados de pris�o. Do total, tr�s n�o foram cumpridos at� o momento. O vice-governador foi preso em Vazante, Regi�o Noroeste de Minas. H� ainda advogados e empres�rios entre os alvos dos mandados. Pelo menos um s�cio da rede de supermercados � considerado foragido, mas negocia sua entrega � PF. O empres�rio est� no Uruguai.

Um dos mandados foi cumprido em Curitiba, de integrante j� preso, que seria o ex-presidente da C�mara dos Deputados Eduardo Cunha. Todos v�o responder por constitui��o de organiza��o criminosa, corrup��o ativa e passiva, obstru��o de justi�a e lavagem de dinheiro. Em Minas o total de pris�es, at� o momento, � de 8. Todos, exceto o vice-governador, foram encaminhados para a Penitenci�ria de Seguran�a M�xima Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte. Andrade seria levado para penitenci�ria em Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro.

Defesas

Em nota, a defesa do vice-governador Antonio Andrade disse que "haver� manifesta��o t�o logo a defesa tome conhecimento do conte�do do inqu�rito. Durante o depoimento, Andrade respondeu tudo o que lhe foi perguntado e colaborou com o trabalho da Pol�cia Federal".

O advogado Andr� Callegari afirmou que "Joesley Batista � colaborador da Justi�a e tem cumprido � risca essa fun��o. Portanto, causa estranheza o pedido de sua pris�o no bojo de um inqu�rito em que ele j� prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou in�meros documentos de corrobora��o. A pris�o � tempor�ria e ele vai prestar todos os esclarecimentos necess�rios."

Em nota, o advogado Pierpaolo Bottini afirmou que "a investiga��o s� existe porque os executivos da J&F colaboraram com a justi�a. O acordo segue vigente. Joesley, Ricardo Saud e Demilton Castro j� depuseram, cada um deles, tr�s vezes na Justi�a, e nunca se recusaram a colaborar. Esperamos que a pris�o seja revogada assim que esclarecidos os fatos."


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