
Ap�s virem a p�blico diverg�ncias entre os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Economia, Paulo Guedes, ainda na primeira semana do novo governo, o presidente Jair Bolsonaro pediu que os dois abandonem as disputas internas e deem demonstra��es de unidade. Os ministros fizeram nesta segunda-feira, 7, um gesto inicial e, a convite de Onyx, Guedes almo�ou com ele no gabinete da Casa Civil, no Pal�cio do Planalto.
Os dois fizeram quest�o de posar para fotos, tendo ao fundo o mapa do Brasil. Os sorrisos contrastavam com as idas e vindas da sexta-feira passada, dia 4, quando Onyx foi obrigado a desmentir que haveria aumento de impostos, ap�s o pr�prio Bolsonaro confirmar a informa��o.
O presidente pediu "coes�o" dos ministros e, apesar de ter sido porta-voz de declara��es desencontradas sobre importantes medidas econ�micas do governo, determinou aos auxiliares uma esp�cie de lei do sil�ncio.
Mais do que problemas de comunica��o, os desencontros escancararam uma queda de bra�o entre o n�cleo pol�tico e a �rea econ�mica do governo, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo no s�bado. Seguindo a solicita��o de Bolsonaro, por�m, Guedes negou essa divis�o e disse n�o haver turbul�ncias no horizonte.
"Todo mundo acha que tem uma discuss�o entre n�s, uma briga. N�s somos uma equipe muito, muito sintonizada", afirmou nesta segunda o titular da Economia, ap�s citar o nome de Onyx.
O coment�rio foi feito durante a cerim�nia de transmiss�o de cargo para o comando do Banco do Brasil, depois do almo�o com o chefe da Casa Civil. No discurso, Guedes elogiou Onyx e fez de tudo para mostrar que n�o havia disc�rdia entre eles. A reportagem apurou, no entanto, que, nos bastidores, as desaven�as continuam.
Logo pela manh�, ao participar da solenidade de posse dos novos presidentes do Banco do Brasil, Rubem Novaes; do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), Joaquim Levy; e da Caixa, Pedro Guimar�es, Bolsonaro afirmou que a aceita��o do seu desconhecimento em muitas �reas "� sinal de humildade".
"Tenho certeza, sem qualquer dem�rito, de que conhe�o um pouco mais de pol�tica do que Guedes e ele conhece muito, mas muito mais de economia do que eu", disse. Em conversas reservadas, o presidente solicitou aos ministros que sempre lhe apresentem duas linhas de a��o, sob o argumento de que a "vis�o pol�tica" cabe ao chefe do governo.
Empenhado em desfazer rumores de que Bolsonaro tamb�m est� se desentendendo com Guedes, o ministro do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), Augusto Heleno, apelou nesta segunda-feira at� mesmo para o ingl�s e chamou os dois de "best friends". "N�o teve rusga nenhuma, nem rusga, nem carrinho por tr�s, nem tesoura voadora, n�o teve nada", declarou.
Uma nova reuni�o ministerial foi marcada para esta ter�a-feira, 8, quando o presidente pretende "alinhar" o discurso da equipe. Al�m disso, cada ministro ter� de apresentar o "invent�rio" de problemas nas pastas e metas para os cem dias de governo.
D�vidas
Na semana passada, a primeira de Bolsonaro no Planalto, houve diverg�ncias sobre as principais medidas do governo. Para completar o quadro de incertezas, uma declara��o do presidente sobre a defini��o de idades m�nimas para aposentadoria, no momento em que se discute a proposta de reforma da Previd�ncia, provocou d�vidas que ningu�m conseguiu explicar.
Bolsonaro chegou a anunciar mudan�as nas al�quotas do Imposto sobre Opera��es Financeiras (IOF) e do Imposto de Renda, que tamb�m causaram ru�dos e, depois, tiveram de ser negadas por Onyx e pelo secret�rio especial da Receita Federal, Marcos Cintra. O presidente disse que tinha assinado decreto aumentando o IOF para opera��es externas, sem dar detalhes. A eleva��o seria necess�ria para cobrir o rombo deixado pelo projeto que prorroga benef�cios fiscais a empresas do Norte e Nordeste. Horas mais tarde, por�m, tudo mudou.
Heleno creditou o "equ�voco" de Bolsonaro � quantidade de informa��es recebidas por ele. "Acredito que aquilo foi fruto de uma primeira semana. O peso em cima das costas do presidente � muito grande e ele acaba ouvindo muita coisa sem ter tempo nem de conferir se o que ouviu est� valendo ainda."