
A for�a-tarefa da Lava-Jato do Minist�rio P�blico Federal (MPF) no Paran�, respons�vel pelo pedido que levou � pris�o preventiva de Beto Richa (PSDB) nesta sexta-feira, 25, acusa o ex-governador de ser o benefici�rio de pelo menos R$ 2,7 milh�es em propinas pagas por concession�rias de ped�gio no Estado. Os pagamentos teriam sido realizados em esp�cie.
Os procuradores apontam a exist�ncia de evid�ncias de que, do montante total, R$ 142 mil foram lavados por meio de dep�sitos feitos para a Ocapor� Administradora de Bens. A acusa��o � que, apesar de estar no nome da esposa e dos filhos de Richa, a empresa era controlada pelo ex-governador.
A maior parte dos recursos, cerca de R$ 2,6 milh�es, teriam sido lavados por Richa por meio da compra de im�veis com a ajuda do contador Dirceu Pupo Ferreira, que tamb�m teve a pris�o preventiva decretada pelo juiz Paulo S�rgio Ribeiro nesta sexta.
De acordo com a for�a-tarefa da Lava-Jato, os bens foram comprados com propinas e colocados em nome da Ocapor�. Pupo, segundo a acusa��o, pedia que os vendedores dos im�veis lavrassem escrituras por um valor abaixo do montante real. A diferen�a, era paga em esp�cie. Emails apreendidos na investiga��o comprovariam que Richa tinha a �ltima palavra nas negocia��es.
Os procuradores identificaram pelo menos tr�s im�veis pagos em esp�cie por Pupo.
Um deles � um apartamento em Balne�rio Camboriu, Santa Catarina, adquirido adquirido oficialmente por R$ 300 mil, mas que o vendedor reconheceu ter recebido outros R$ 300 mil "por fora".
Outro im�vel, um terreno de luxo em Curitiba avaliado em R$ 1,9 milh�o, teve a aquisi��o declarada por R$ 500 mil, correspondentes a uma suposta permuta com outros dois lotes. O vendedor reconheceu que Pupo pagou R$ 930 mil por fora. O mesmo terreno foi vendido por R$ 3,2 milh�es pela fam�lia Richa.
A terceira transa��o foi identificada na compra de conjuntos comerciais tamb�m em Curitiba na qual, segundo o corretor que intermediou o neg�cio, contou com o pagamento de R$ 1,4 milh�o n�o declarados.
Beto Richa tamb�m � investigado na opera��o Radiopatrulha, que o levou para pris�o por quatro dias e vasculhou a casa de sua m�e em 2018.
A reportagem busca contato com Beto Richa, Dirceu Pupo Ferreira e os demais citados.
R$ 1,4 milh�o 'por fora'
A for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal na Opera��o Lava-Jato afirma que a pris�o do ex-governador do Paran� Beto Richa (PSDB) 'se mostrou imprescind�vel em raz�o da recente tentativa comprovada de obstru��o das investiga��es pelos envolvidos'. Segundo os procuradores, o tucano tentou influenciar o depoimento de um corretor de im�veis para n�o revelar pagamentos em dinheiro vivo na compra de conjuntos comerciais em Curitiba.
A compra das salas comerciais teria sido realizada com parte de uma propina de R$ 2,7 milh�es que o ex-governador pegou de concession�rias de rodovias federais no Paran�, segundo a Lava-Jato.
Os investigadores sustentam que Beto Richa adquiriu conjuntos comerciais no Edif�cio Neo Business, na capital paranaense, com valor declarado de R$ 1,8 milh�o na escritura p�blica. Segundo o corretor que intermediou o neg�cio, houve pagamento de R$ 1,4 milh�o adicional 'por fora', que foi ocultado.
A Lava-Jato descobriu que, em agosto de 2018, 'a fim de impedir que o esquema fosse descoberto', o contador Pupo, 'agindo a mando de Beto Richa, procurou um dos corretores de im�veis que intermediou a negocia��o das salas comerciais e solicitou que, caso fosse intimado a depor pela investiga��o, ocultasse a exist�ncia de pagamentos em esp�cie por fora'.
"N�o satisfeito, de acordo com o relato do vendedor das salas comerciais, Pupo Ferreira, sempre agindo como preposto do ex-governador, ainda tentou contato para influenciar seu depoimento, a fim de solicitar que o pagamento em esp�cie fosse ocultado", afirmam os procuradores.
Para o juiz federal Paulo S�rgio Ribeiro, "o fato concreto apresentado pelo Minist�rio P�blico Federal � extremamente grave, evidenciando a tentativa de embara�ar a investiga��o, o que justifica a decreta��o da preventiva".
Segundo os procuradores, 'o ato foi praticado para impedir a descoberta do esquema de lavagem de dinheiro, interferindo na produ��o da prova'.
"A influ�ncia no depoimento de poss�veis testemunhas � fundamento cl�ssico para a pris�o preventiva para garantia da instru��o criminal", afirma o procurador da Rep�blica Diogo Castor.
A reportagem est� tentando contato com a defesa do ex-governador Beto Richa e com a defesa do contador Pupo Ferreira. O espa�o est� aberto para manifesta��es.