Protagonista do primeiro esc�ndalo ligado ao presidente Jair Bolsonaro depois da sua elei��o, o ex-assessor parlamentar Fabr�cio Queiroz inspirou um grupo de foli�es cariocas a criar o “Essa � do Qr�iz”. Mas, assim como Queiroz n�o compareceu ao Minist�rio P�blico do Estado do Rio para prestar depoimento em nenhuma das quatro vezes em que foi convidado at� agora, os foli�es tamb�m planejam n�o comparecer ao desfile do bloco.
O “Essa � do Qr�iz”, brincadeira tamb�m com o nome do escritor portugu�s E�a de Queiroz (1845-1900), j� ganhou at� uma logomarca: uma laranja com bra�os cujas m�os simulam segurar uma arma – gesto s�mbolo de Bolsonaro durante a campanha eleitoral. A laranja foi escolhida porque, no jarg�o policial, designa a pessoa que “empresta” seu nome para ocultar a origem ou o destino de dinheiro il�cito.
Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), �rg�o do governo federal, Queiroz movimentou R$ 1,2 milh�o entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, quando atuava como assessor parlamentar e motorista de Fl�vio Bolsonaro (PSL), ent�o deputado estadual no Rio e hoje senador, al�m de filho do presidente. O assessor fez dep�sito de R$ 24 mil na conta da primeira-dama Michele. As transfer�ncias criaram a suspeita de que Queiroz atuasse como “laranja” da fam�lia, o que sempre foi negado pelos Bolsonaro.
“Por enquanto, n�o temos planos de desfilar, at� porque parece que o Queiroz tamb�m n�o vai depor”, diz Moraes. “Vamos divulgar s� nossas posi��es: nesta semana, quer�amos que a enchente (que deixou seis mortos) n�o tivesse aparecido nem o inc�ndio no Ninho do Urubu (centro de treinamento do Flamengo, em que 10 atletas morreram). E quer�amos que o governo tivesse aparecido.”
Samba
No ano passado, a escola de samba Para�so do Tuiuti retratou um vampiro com faixa de presidente da Rep�blica, men��o velada a Michel Temer. Este ano, a Acad�micos do Sossego vai levar ao samb�dromo um boneco do diabo com as fei��es do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB).
A escola, que � de Niter�i, Regi�o Metropolitana do Rio, e desfila na Segunda Divis�o do concurso carioca, apresentar� o enredo “N�o se meta com minha f�, acredito em quem quiser”, em que defende a liberdade religiosa. Sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella � pastor licenciado da igreja do tio.
Criticado pelos sambistas por reduzir a verba destinada pela prefeitura �s escolas de samba e por tentar impor regras que dificultam o desfile dos blocos, Crivella j� havia sido criticado na Sapuca� pela Mangueira, que, em 2018, apresentou o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”.
Este ano, mais uma vez, a Verde e Rosa far� cr�ticas pol�ticas em um enredo sobre a hist�ria do Brasil que n�o est� registrada nos livros did�ticos. O samba se tornou muito popular, com um verso em que cita a vereadora Marielle Franco, assassinada em mar�o do ano passado.
“O carnaval � vivo e contestador e tem intimidade com as coisas do povo. Quando as quest�es pol�ticas ganham protagonismo, o carnaval reflete isso, com seu car�ter irreverente, sat�rico. O Brasil vive uma escalada conservadora, e isso � sempre visto com estranheza pelo carnaval”, avalia o carnavalesco Leandro Vieira, respons�vel pelo enredo “Hist�ria para ninar gente grande”.
S� vamos aparecer para desfilar se o Queiroz aparecer para depor
Ricardo de Moraes, produtor cultural e um dos criadores da marchinha