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Estado de Minas

Ap�s d�cadas, PT, MDB e PSDB perderam o poder

MDB, PSDB E PT dominaram a pol�tica brasileira desde a redemocratiza��o, mas agora foram apeados das presid�ncias da C�mara e do Senado. DEM comp�s com o novato PSL


postado em 11/02/2019 06:00 / atualizado em 11/02/2019 07:44

Michel Temer, último presidente da República pelo MDB, e José Sarney, o primeiro, em encontro no Congresso Nacional, em 2010 (foto: CRISTINA GALLO/AGÊNCIA SENADO)
Michel Temer, �ltimo presidente da Rep�blica pelo MDB, e Jos� Sarney, o primeiro, em encontro no Congresso Nacional, em 2010 (foto: CRISTINA GALLO/AG�NCIA SENADO)

Bras�lia – Depois de tr�s d�cadas ditando os rumos da pol�tica no pa�s, MDB, PSDB e PT foram apeados n�o apenas da presid�ncia das duas Casas legislativas, mas tamb�m dos cargos da Mesa Diretora da C�mara. � a primeira vez desde a redemocratiza��o, que as tr�s siglas, que concentram o maior n�mero de filiados, ficam de fora dos postos de comando da Casa. Em 1985, Jos� Sarney assumiu a Presid�ncia da Rep�blica e levou o ent�o PMDB � primeira ascens�o no Congresso. Depois dele, exceto pelo breve per�odo de Fernando Collor de Mello, eleito pelo nanico PRN, entre 1989 e 1992, o partido seguiu no poder com Itamar Franco. Depois, foi a vez do PSDB com Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e do PT com Lula e Dilma Rousseff (2003-2016), at� a volta do PMDB com Michel Temer, ap�s o impeachment de Dilma. Mas, agora, acabou, eles perderam o poder com a ascens�o do PSL de Jair Bolsonaro, e seu aliado de �ltima hora, o DEM, que comanda C�mara e Senado.

Lula e Fernando Henrique Cardoso durante a campanha presidencial de 2002. O petista substituiu o tucano na Presidência da República(foto: GILBERTO ALVES/CB/ D.A PRESS)
Lula e Fernando Henrique Cardoso durante a campanha presidencial de 2002. O petista substituiu o tucano na Presid�ncia da Rep�blica (foto: GILBERTO ALVES/CB/ D.A PRESS)

As tr�s legendas tiveram de se contentar com vagas de supl�ncia para que n�o ficassem totalmente alijadas do arranjo capitaneado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em outro lance, o PT ainda corre o risco de perder a lideran�a da minoria na Casa, por for�a de press�o de bloco encabe�ado por PDT e PCdoB. A queda dos tr�s grandes partidos contrasta com a ascens�o do PSL, partido nanico que conseguiu a proeza de saltar de um deputado federal em 2014 para 53 agora no rastro da elei��o de Bolsonaro e subido de carona do baixo clero para a Mesa Diretora.

No Senado, o desenho final costurado pelo novo presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ajudou a atenuar a perda de espa�o do PSDB, que conquistou a 1ª vice-presid�ncia. O MDB, que mirava a presid�ncia com Renan Calheiros, acabou ficando com uma das secretarias. J� o PT perdeu a 1ª secretaria e passou a ter a 3ª supl�ncia da Mesa.

Cabe � Mesa Diretora dirigir os trabalhos legislativos. Esses cargos tamb�m concentram poderes como examinar ressarcimentos de despesas m�dicas, pedidos de passagens �reas e emiss�o de passaportes diplom�ticos. Al�m de conferir prest�gio, s�o vagas importantes para os partidos tendo em vista os cargos de assessoria a que t�m direito.

O ocaso de MDB, PT e PSDB na C�mara � visto como reflexo do desempenho que tiveram nas urnas e de erros de estrat�gia ap�s a elei��o, segundo parlamentares ouvidos pela reportagem. “Novas for�as pol�ticas emergiram. Estamos na Legislatura do ‘se vira nos trinta’, diversas bancadas com cerca de 30 deputados. Isso alterou tamb�m o peso de cada partido na hora da negocia��o”, diz Marcos Pereira (PRB-SP), deputado em primeiro mandato e que foi eleito 1º vice-presidente da C�mara.

O MDB, que j� teve a maior bancada da Casa, foi o que mais minguou na �ltima elei��o: saiu de 66 eleitos, em 2014, para 34 em 2018. Hesitou em unir-se ao bloco costurado por Maia, selando o apoio somente �s v�speras da elei��o, quando as principais vagas da Mesa j� haviam sido negociadas. Ficou com uma supl�ncia e ainda disputa nos bastidores a presid�ncia de uma comiss�o importante. Desde a Constituinte, o partido jamais ficara sem um posto na Mesa Diretora. “Tinham a fonte a seu lado, n�o deram bola, e agora ter�o de se contentar com um copo d’�gua”, diz o deputado Hugo Leal, do PSD, um dos primeiros partidos a fecharem com Maia.

Maia come�ou a costurar acordos para se manter na presid�ncia ainda no ano passado. Entrou em 2019 com acertos adiantados com Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar Costa Neto (PR). Sem um nome competitivo, o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, desistiu de tentar a presid�ncia e fechou acordo com Maia em troca de um lugar na Mesa e da presid�ncia das comiss�es de maior relevo da Casa. Foi a senha para que outras siglas, como o PRB, se unissem ao bloco.

TUCANOS LIMITADOS O PSDB at� correu para se acertar com Maia logo nos primeiros dias do ano, mas seu poder de fogo estava limitado. Com 54 deputados e a terceira maior bancada na Legislatura passada, os tucanos chegaram em 2019 com 29 parlamentares, a oitava maior bancada. “A negocia��o pol�tica permitiu que o PSDB n�o perdesse tanto espa�o”, diz Carlos Sampaio, l�der do partido na C�mara. Segundo ele, o PSDB ter� nomes em comiss�es e outros cargos da Casa.

Mesmo tendo eleito a maior bancada no ano passado, com 56 deputados, o PT ficou apenas com uma vaga de suplente na Mesa e deve ter o comando de uma comiss�o de menor import�ncia. Manteve, assim, situa��o da legislatura passada. Desde 1997, quando passou a ter cargo na Mesa Diretora, o PT experimentara dois hiatos: 2005 a 2007, quando Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito, alijando o partido do ent�o governo do comando, e de 2015 para c�, com as elei��es de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Rodrigo Maia.

Oposi��o segue rachada


O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, saiu do baixo clero com apenas um deputado em 2014 para assumir o protagonismo na C�mara. Hoje, a legenda tem 53 parlamentares, mas ainda pode receber ades�es dependendo da articula��o e de novos apoios do Pal�cio do Planalto na C�mara. Enquanto isso, a falta de uni�o da esquerda e as brigas frequentes por poder na oposi��o faz com que o governo n�o precise se preocupar at� agora com os advers�rios no Congresso Nacional. O Executivo come�ou turbulento, e a falta de uni�o dos correligion�rios do PSL n�o se esconde, mas a elei��o de 2018 deixou fortes sequelas na esquerda. O PT � o maior partido,  com 56 deputados, mas segue sendo alvo de ataques do PDT, legenda que esteve no mesmo bloco do PSL para o pleito que definiu a presid�ncia da C�mara.

O cientista pol�tico e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Geraldo Tadeu Monteiro entende que existe “briga acirrada” pelo protagonismo na oposi��o. O objetivo � definir qual o partido ou quais os pol�ticos que devem se comportar como opositores reais ao governo. “Por enquanto, ainda n�o se definiram os autores e quais ser�o os nomes dessa lideran�a contra Bolsonaro. Est�o nitidamente divididos, PDT e PCdoB de um lado e PSB e PT de outro”, avalia.

Segundo ele, depois de 14 anos de lideran�a do PT, outros partidos de esquerda passaram a criticar antigas condutas. Quando o PDT, de Ciro Gomes, perdeu o apoio do PSB durante a campanha eleitoral, essa hegemonia petista passou a ser questionada. “Est� todo mundo perdido ainda neste processo. O PT at� tem volume para ser protagonista, j� que conta com 56 deputados e quatro governadores, mas est� tendo muita dificuldade de agregar esta oposi��o”, analisa o professor.

As disputas de nomes tamb�m continua acirrada. No PDT, os irm�os Ciro e Cid Gomes tendem a seguir comandando as articula��es da legenda. No Psol, o ex-deputado estadual e agora federal Marcelo Freixo tem se posicionado com destaque pelos 50 votos que obteve para a lideran�a na C�mara. “O PT, no entanto, aguarda nova lideran�a. Gleisi Hoffmann (ex-senadora e agora deputada) est� bastante desgastada, tanto internamente quanto junto aos outros partidos. Ent�o o PT ainda n�o achou nova lideran�a”, ressalta Geraldo Monteiro.

Para o cientista pol�tico e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Homero de Oliveira, as brigas constantes do campo progressista torna “mais f�cil” a a��o do governo, que quer aprovar reformas impopulares no Congresso. “N�o se conseguiu construir, nem durante a campanha, uma uni�o da esquerda. Isso tem suas consequ�ncias, fragiliza tudo”, diz.

Homero de Oliveira entende que a oposi��o j� n�o esteve unida desde quando a ent�o presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment. Segundo ele, n�o havia oposi��o unida no governo Temer. “A esquerda n�o conseguiu impedir medidas que considerava complicadas ou prejudiciais � linha pol�tica”, afirma. Ele, no entanto, lembra que estes conflitos n�o refletem necessariamente na forma��o pol�tica dos estados e munic�pios. “As composi��es n�o se espelham necessariamente no Congresso. A l�gica estadual e municipal tamb�m contam com interesses regionais”, explica.


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