
O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, apontado pela Opera��o Lava Jato com operador do PSDB, recorreu ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, 25. A defesa de Vieira de Souza entrou com uma Reclama��o - instrumento jur�dico que visa preservar a compet�ncia da Corte mais alta do Pa�s e garantir a autoridade de suas decis�es - em segredo de Justi�a.
A Reclama��o, em processo f�sico, foi distribu�da a Gilmar por preven��o ao inqu�rito 4428 - no qual Vieira de Souza � investigado. Esta apura��o foi enviada para a Justi�a Eleitoral de S�o Paulo por decis�o da Segunda Turma - da qual Gilmar faz parte - no dia 12 de fevereiro.
Por volta das 16h, Gilmar tirou o sigilo do procedimento.
O ex-diretor da Dersa � r�u em duas a��es penais da Lava Jato em S�o Paulo, uma sobre supostos desvios de R$ 7,7 milh�es que deveriam ser aplicados na indeniza��o de moradores impactados pelas obras do Rodoanel Sul e da amplia��o da avenida Jacu P�ssego e outra sobre cartel em obras vi�rias do Estado e do Programa de Desenvolvimento do Sistema Vi�rio Metropolitano.
No dia 13 de fevereiro, o ministro atendeu a um recurso da defesa do ex-diretor da Dersa e determinou novas oitivas de testemunhas na a��o penal sobre os desvios de R$ 7,7 milh�es e adiou o fim do processo que estava em sua �ltima fase.
A Reclama��o de Vieira de Souza foi ajuizada ap�s sua pris�o, em 19 de fevereiro, pela Lava Jato do Paran�. Nesta investiga��o, o operador � suspeito de lavagem de dinheiro no esquema da Odebrecht.
O Minist�rio P�blico Federal afirma que o operador disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, a fortuna de R$ 100 milh�es em esp�cie ao operador financeiro Adir Assad, no Brasil. Assad entregou os valores ao Setor de Opera��es Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro �lvaro Jos� Novis - que fazia pagamentos de propinas, a mando da empresa, para v�rios agentes p�blicos e pol�ticos, inclusive da Petrobr�s.
Em contrapartida, relata a investiga��o, a Odebrecht repassou valores, por meio de contas em nome de offshores ligadas ao Setor de Opera��es Estruturadas da empreiteira, ao operador Rodrigo Tacla Duran.
"Esse, por sua vez, repassou o dinheiro, ainda no exterior, mediante a reten��o de comiss�es, diretamente a Paulo Vieira de Souza, ou, por vezes, a doleiros chineses, que se encarregavam de remeter os valores, tamb�m por meio de institui��es banc�rias estrangeiras, ao representado (Paulo Vieira de Souza)", narrou a Lava Jato.
A Procuradoria da Rep�blica afirmou ainda que o ex-diretor da Dersa manteve R$ 131 milh�es em quatro contas no banco Bordier & CIE, de Genebra, em nome da offshore panamenha Groupe Nantes SA, da qual o operador � benefici�rio econ�mico e controlador. As contas foram abertas em 2007 e mantidas at� 2017.
Os procuradores afirmam que a Odebrecht repassou ao operador do PSDB um total de EUR 275.776,04 em 26 de novembro de 2007, por interm�dio de conta mantida em nome da offshore Klienfeld Services LTD. No ano seguinte, em 25 de mar�o de 2008, por meio da offshore Dessarollo Lanzarote, o Groupe Nantes recebeu US$ 309.258,00. Em 19 de dezembro de 2008, por interm�dio da offshore Shearwater Overseas, ligada � Andrade Gutierrez, Vieira de Souza foi benefici�rio de US$ 643.774,00.
"Em 24 de dezembro de 2007, portanto logo ap�s Paulo Vieira de Souza ter recebido da Odebrecht EUR 275.776,04, cuja transfer�ncia aconteceu em 26 de novembro de 2007, um dos respons�veis por sua conta mantida em nome do Grupo Nantes na Su��a solicitou a representantes do Banco a entrega de cart�o de cr�dito no hotel Majestic Barcelona, na Espanha, para Aloysio Nunes Ferreira Filho", diz a investiga��o.
Ligado a governos do PSDB no Estado, ele foi diretor da Desenvolvimento Rodovi�rio S.A (Dersa), estatal paulista. Suas rela��es com tucanos � muito antiga. Ele desfruta da fama de que det�m informa��es privilegiadas.