
Bras�lia – Um l�der partid�rio acostumado �s benesses do poder foi ao Planalto dia desses para saber melhor como seria a nova rela��o do presidente Jair Bolsonaro com o Parlamento. L�, foi informado por um ministro de que todos os ocupantes de cargos de segundo escal�o indicados por pol�ticos seriam substitu�dos, de forma a acabar com os feudos dos parlamentares nas reparti��es. O tal l�der atravessou a rua e espalhou a not�cias entre os comandantes dos partidos na C�mara. Foi um alvoro�o e a senha para que o atual governo experimentasse o gosto amargo de uma derrota logo no primeiro m�s, o decreto que ampliava o n�mero de pessoas capazes de determinar o sigilo de documentos oficiais.
Bolsonaro tentar� fazer um “balance” entre o atendimento aos pol�ticos e o discurso de campanha. Isso passa por uma leva de exonera��es, que come�ou na semana passada, com a demiss�o de 21 dos 27 diretores regionais do Ibama. Outras vir�o e em �reas de muito apelo junto �s bases eleitorais de deputados e senadores. Na Companhia de Desenvolvimento do Vale do S�o Francisco (Codevasf), por exemplo, padrinhos como o l�der do PP, Arthur Lyra, j� foram avisados das exonera��es. Por�m, depois da derrota, h� quem aposte que a leva n�o ser� mais t�o extensa quanto o governo planejava. No momento, o governo faz o mapeamento de cargos, para avaliar quais oferecer� aos pol�ticos para futuras indica��es. Os pol�ticos v�o for�ar a m�o para ver se o presidente desiste de exonerar todos os ocupantes de cargo de segundo escal�o.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), por exemplo, j� foi feudo do MDB no governo de Fernando Henrique Cardoso. Nos tempos de Lula, entretanto, os cargos terminaram cedidos ao PR de Valdemar Costa Neto, comandante oculto da agremia��o que controlou a pasta. E quem est� l� n�o quer sair de jeito nenhum. O mesmo vale para as regionais da Sa�de, em que o PP domina.
Os l�deres t�m evitado falar abertamente sobre esse tema. Apenas o representante do Democratas na C�mara dos Deputados, o eleito pela Bahia Elmar Nascimento, vem de peito aberto comentar esse tema. Ele trabalha para desmistificar o discurso de “nova pol�tica”, e defende a efici�ncia de parlamentares em escal�es do Executivo federal. “N�o existe nova e velha pol�tica. Existe boa e m� pol�tica. Se o presidente disser que tem um cargo e pergunta se tem algu�m com perfil, temos algu�m para indicar”, abre o jogo. “Mas os cargos s�o do governo federal, que os entrega a quem quiser. Bolsonaro se elegeu sem precisar de partidos”, alfineta.
Cientista pol�tico da Funda��o Getulio Vargas (FGV), S�rgio Pra�a faz uma avalia��o cr�tica. “Quanto mais oportunidade para corrup��o, mais interesse para o cargo. Disso n�o h� d�vida”, afirma. Segundo o pesquisador, a fiscaliza��o sobre alguns cargos de grande visibilidade � falha. Isso porque a estrutura sob a gest�o � muito grande e intrincada. “No caso da sa�de, por exemplo, � muito dinheiro e uma pol�tica muito complexa, com organiza��es estaduais e municipais. As oportunidades de fraude s�o muitas”, reflete.
Ontem, ap�s visitar o presidente no Pal�cio da Alvorada, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, voltou a admitir que o Congresso deve fazer ajustes na proposta de reforma da Previd�ncia. “Estamos muito seguros da nova Previd�ncia que apresentamos ao Congresso. Agora tem aquela fase de passar pela Comiss�o de Constitui��o e Justi�a da C�mara e pela Comiss�o Especial (da proposta). E a� vir�o os ajustes que o Parlamento seguramente dever� fazer”, disse Onyx.
SUPER�VIT O presidente usou o Twitter pela manh� tamb�m para defender a mudan�a da legisla��o previdenci�ria. Ao comemorar o super�vit prim�rio de R$ 30,2 bilh�es registrado em janeiro, Bolsonaro afirmou que o Brasil est� retomando a trajet�ria de crescimento e defendeu as reformas como forma de impulsionar a economia do pa�s com atra��o de novos investimentos. “N�s estamos mudando o Brasil”, escreveu o presidente.
O desempenho positivo do primeiro m�s do ano, contudo, � sazonal, conforme destacou o secret�rio do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, na �ltima quarta-feira, dia da divulga��o do dado. “� tradicional haver super�vit em janeiro. N�o se pode tomar o resultado de janeiro como base para o ano”, disse Mansueto. O super�vit de janeiro deste ano foi o segundo maior da s�rie hist�rica iniciada em 1997, perdendo para o mesmo per�odo de 2018 (R$ 30,8 bilh�es).
Segundo Onyx, o presidente retoma a sua rotina no Pal�cio do Planalto hoje, a partir das 14h. A j� costumeira reuni�o ministerial das ter�as-feiras ocorrer� somente na quinta-feira da semana que vem. (Com ag�ncias)