
O juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, aceitou den�ncia do Minist�rio P�blico e colocou no banco dos r�us os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, suspeitos de assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL). Em decis�o, o magistrado considera o modus operandi da dupla como "sofisticado" e pensado para "garantir a impunidade" no crime.
Em relat�rio, Kalil descreve que as investiga��es sobre Lessa come�aram ap�s a Divis�o de Homic�dios da Pol�cia Civil receber uma den�ncia an�nima informando que o policial reformado era o autor dos disparos contra Marielle. O crime teria sido encomendado por R$ 200 mil.
O magistrado tamb�m relata informa��es apresentadas pelo Minist�rio P�blico, nos quais constam pesquisas feitas por Lessa envolvendo pol�ticos e partidos de esquerda. Os termos incluem "Morte ao PSOL", "Marcelo Freixo", "Morte de Marcelo Freixo", "Lula Enforcado" e "Dilma Rousseff Morta". H� tamb�m pesquisas por "ditadura militar" e "Estado Isl�mico".
Em fevereiro de 2018, Lessa teria pesquisado sobre parlamentares que votaram contra a interven��o militar decretada pelo ent�o presidente Michel Temer no Rio de Janeiro. � �poca, Marielle Franco era relatora da comiss�o instalada na C�mara de Vereadores para acompanhar a a��o das For�as Armadas.
A partir disso, Lessa teria pesquisado sobre a vereadora e tamb�m mulheres negras "com o similar engajamento pol�tico", incluindo "Kenia Maria" e "Iza Cantora".
"De acordo com as autoridades de investiga��o, as pesquisas realizadas pelo acusado revelariam, pois, que ele, em tese, monitorava de perto a v�tima Marielle", afirma Kalil. "Al�m disso, segundo a autoridade policial e o MP, o acusado Ronnie, poucos meses antes do crime, teria realizado pesquisas 'online' acerca de acess�rios para submetralhadora HK MP, especialmente 'silenciadores', entre os dias 10/11/2017 e 26/02/2018."
Ap�s o dia 14 de mar�o de 2018, data do assassinato de Marielle, Lessa parou de buscar sobre a vereadora na internet. Durante as investiga��es, policiais descobriram que c�meras de seguran�a e sinais de GPS no local do crime foram neutralizadas.
"O 'modus operandi', como informado pelo MP e indiciado nas investiga��es, revela sofistica��o, devendo o Poder Judici�rio agir com rigor a fim de garantir a ordem p�blica", anotou Kalil. "O pr�prio planejamento do crime, conforme alegado pelas autoridades da persecu��o, revela que os acusados atuariam de forma a garantir a impunidade, neutralizando sinais de GPS, escondendo/destruindo elementos de convic��o"
O juiz ressalta se tratar de "suposto cometimento de tr�s crimes de natureza hedionda", sendo dois homic�dios triplamente qualificados contra Marielle e o motorista Anderson Gomes e um homic�dio tentado duplamente qualificado contra a assessora Fernanda Chaves.
"Segundo a den�ncia, eles teriam ceifado a vida de uma vereadora no exerc�cio do mandato e seu motorista, mediante execu��o sum�ria, fatos imputados estes que, segundo a vers�o ministerial, apresentam uma gravidade concreta, considerando, em especial, o 'modus operandi' empregado nos delitos", afirma Kalil.
Ao aceitar a den�ncia, o magistrado destaca "liga��es com suposta organiza��o miliciana composta por policiais militares da ativa" para garantir a transfer�ncia de Lessa e Queiroz para unidade prisional federal de seguran�a m�xima. O pres�dio dever� ser indicado pelo Departamento Penitenci�rio Nacional (Depen).
Kalil tamb�m determinou a perda de bens ap�s constar que Lessa teria tentado ocultar o pr�prio patrim�nio, incluindo diversas armas, dois autom�veis, um deles no valor de R$ 150 mil. "Seu local de resid�ncia,um condom�nio luxuoso na Barra da Tijuca, seria incompat�vel com seus proventos de policial militar reformado", afirma o juiz.
Ele tamb�m destaca o relat�rio do Coaf que aponta movimenta��o financeira suspeita de R$ 100 mil na conta de Lessa.
Defesa
A reportagem busca contato com as defesas de Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz. O espa�o est� aberto para as manifesta��es.