
As manifesta��es do Dia do Trabalho viraram ato pol�tico contra a reforma da Previd�ncia e o governo. Os ataques n�o foram disparados apenas pela oposi��o, em palanques montados pelas centrais sindicais.
O presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da For�a (SP), ligado � For�a Sindical, externou uma articula��o interna do Centr�o de enxugar a Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) 6/2019 para n�o reeleger o presidente Jair Bolsonaro.
O di�logo sobre a desidrata��o da reforma da Previd�ncia sob a �tica pol�tica de confronto ao governo era algo tratado na alta c�pula do Centr�o, nos bastidores. Os caciques n�o gostam da articula��o adotada pelo governo.
Para as lideran�as, � fechada, de pouco di�logo. As principais cr�ticas recaem sobre as dificuldades em emplacar indicados pol�ticos em postos de segundo e terceiro escal�es nas administra��es p�blicas federais direta e indireta.
O Solidariedade � um dos partidos que comp�em o bloco pol�tico que d� as cartas e comanda as principais vota��es na C�mara, como a da reforma da Previd�ncia, que se encontra em tramita��o na Comiss�o Especial. O Centr�o � formado, tamb�m, pelo PP, PR, MDB, PSD, DEM, PTB e Podemos. Ainda orbitam em torno desses oito partidos o PSDB e metade do PSL — partido de Bolsonaro — ligado ao l�der da legenda, Delegado Waldir (GO).
A aprova��o da reforma no molde que o governo encaminhou ao Congresso garantiria uma economia de R$ 1,2 trilh�o. � esse ajuste que Bolsonaro pretende garantir, embora tenha demonstrado flexibilidade ao admitir um piso m�nimo de R$ 800 bilh�es. Ainda assim, � um limite acima do que o Centr�o discute aprovar.
Para Paulinho, uma economia nesse patamar garantiria uma vit�ria nas elei��es de 2022. “Nos �ltimos tr�s anos de mandato, teria R$ 240 bilh�es para gastar, ou seja, garantir a reelei��o”, declarou ontem, em S�o Paulo.
O texto ideal, na vis�o de Paulinho, � um que assegure uma economia m�xima em torno de R$ 500 bilh�es. “Com esse discurso, tenho certeza de que a gente traz todo mundo do Centr�o, porque ningu�m quer a reelei��o do Bolsonaro”, discursou.
As declara��es de Paulinho n�o repercutiram bem nem no governo nem no Centr�o. O presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse n�o acreditar que a opini�o do deputado seja de todo o grupo. “Vou trabalhar para uma economia de R$ 1 trilh�o. N�o estou preocupado com a elei��o de 2022”, afirmou ao Estad�o/Broadcast.
L�der do PSD — outro integrante do Centr�o —, Andr� de Paula tamb�m atacou a posi��o do ex-sindicalista. “Para mim, � uma surpresa. Porque nunca tinha visto a quest�o por esse prisma, colocando o que n�o tem nenhuma import�ncia � frente do que � um claro interesse nacional”, disse ao site O Antagonista. Ao mesmo portal, o l�der do PP, Arthur Lira, foi al�m: “Doidice dele, loucura. Nunca tratamos disso”.
Se integrantes do Centr�o criticaram Paulinho da For�a, o governo bateu com mais for�a ainda. O secret�rio especial de Previd�ncia e Trabalho do Minist�rio da Economia, Rog�rio Marinho, espera que a not�cia n�o “seja verdade”. “Esse � o momento de todos pensarem no Brasil e nas pr�ximas gera��es, e menos nas pr�ximas elei��es”, sustentou, em mensagem publicada no Twitter.
Na mesma rede social, publicou um v�deo de deputados do Novo em defesa ao texto, parabenizando os parlamentares que “abra�am e entendem o que � prioridade para o pa�s.” “N�o estamos brincando de mera defini��o de quem vai ganhar e quem vai perder. � o futuro do pa�s.
Todos ser�o impactados com isso”, ponderou um interlocutor de Bolsonaro. “Tirar pontos da proposta s� para enfraquecer ou ter um ganho menor para n�o dar louros para o governo � uma coisa que mostra exatamente como � fundamental ocorrer uma reforma pol�tica no Congresso”, analisou outro.
Cr�ticas
Apesar do mal-estar, o Planalto prega a continuidade de uma articula��o com muito di�logo. Vice-l�der do governo no Congresso, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) destaca que todos os parlamentares s�o convidados a se sentirem parte do governo, mas sem apelar para o “toma l� d� c�”.
“Vamos conversar e trazer para perto e permitir que participem do governo aliados e pessoas que queiram ajudar. Mas sem esse esp�rito de porco, de querer atrapalhar o Brasil para se dar bem”, alertou.
O impacto das declara��es de Paulinho ter�o um efeito reverso ao que pretende o parlamentar, prev� Kicis. “Acho que vai ficar muito feio para eles perante a popula��o.
Com certeza, as pessoas entenderam que � necess�ria (a reforma) e (a economia) s� vai se recuperar se tivermos uma reforma robusta. Em vez de ficarem preocupados com o sucesso do Brasil, est�o de olho nas pr�ximas elei��es. � um caminho muito ruim para quem quer se reeleger”, avaliou.
Presidente da Frente Parlamentar Mista da Reforma Pol�tica, o deputado Luiz Philippe de Orl�ans e Bragan�a (PSL-SP) avalia que o posicionamento de Paulinho refor�a a necessidade de discutir a aprova��o de um mecanismo de “recall de mandato”, utilizado nos Estados Unidos para convocar novas elei��es para um cargo em quest�o por abaixo-assinado feito por eleitores.
“No caso do Paulinho, isso n�o seria poss�vel em um sistema proporcional. Mas a expans�o do mecanismo para o futuro � algo que vamos discutir”, destacou.
O deputado antecipou ao Correio que a frente elabora um projeto de implementa��o do voto distrital a ser apresentado at� junho. O objetivo � implementar um sistema em que vereadores e deputados estaduais sejam eleitos individualmente nos limites geogr�ficos de um distrito por maioria de votos.
A ideia � que o modelo seja h�brido e a execu��o a n�vel federal ocorra em outra fase. “Essa conversa de modelo federal fica para segundo plano. Vamos, gradualmente, mudar o sistema”, explicou.
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CNBB faz cr�ticas �s mudan�as
A Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou o projeto de reforma da Previd�ncia do governo de Jair Bolsonaro (PSL) por “desconstitucionalizar” regras atuais, durante a abertura da 57ª Assembleia-Geral do �rg�o, ontem, em Aparecida, interior de S�o Paulo.
A mensagem, divulgada durante a missa de abertura, foi refor�ada pelo presidente da CNBB, dom S�rgio da Rocha, durante a homilia. “Os trabalhadores s�o os mais fragilizados na sociedade, os que sofrem com o desemprego e com a falta de condi��es dignas de trabalho”, disse. A confer�ncia tamb�m abordou a reforma trabalhista.
“A flexibiliza��o de direitos dos trabalhadores, institucionalizada pela lei 13.467 de 2017, como solu��o para superar a crise, mostrou-se ineficiente. Al�m de suscitar questionamentos �ticos, o desemprego aumentou e j� s�o mais de 13 milh�es de desempregados”.