
O presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do ministro da Justi�a, S�rgio Moro, que est� no centro das cr�ticas que atingem a for�a-tarefa da opera��o Lava-Jato. As declara��es do chefe do Executivo ocorrem menos de 48 horas antes da ida de Moro ao Senado, para responder �s perguntas dos parlamentares sobre conversas que manteve com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da opera��o no Paran�.
Bolsonaro disse que o ministro abriu m�o de 22 anos de magistratura para ingressar no governo. Al�m do Senado, na pr�xima semana, Moro tamb�m ficar� frente a frente com deputados.
Inicialmente, a inten��o dos parlamentares era que ele fosse chamado a t�tulo de convoca��o, no entanto, ap�s um acordo com integrantes da base do governo, o ministro foi convidado a comparecer. Ele j� havia manifestado o interesse de dar explica��es de forma volunt�ria.
Na C�mara, pelo menos quatro requerimentos foram apresentados para que o ministro fosse convocado. No entanto, parlamentares da oposi��o se reuniram com o deputado major Vitor Hugo (PSL-GO) e costuraram o convite para o pr�ximo dia 26.
Em discurso realizado no Pal�cio do Planalto, ao lado do ministro, o presidente Bolsonaro destacou a popularidade de Moro e disse que ele d� for�a ao governo. “Ele abriu m�o de 22 anos de magistratura. N�o � qualquer um que faz isso. � motivo de honra, satisfa��o e orgulho n�o s� para mim, mas para todos os brasileiros de bem termos ele nessa fun��o em que se encontra”, disse.
Bolsonaro afirmou tamb�m que o ministro � um “s�mbolo” daqueles que querem “mudar o pa�s” e que a medida dar� “muni��o” a Moro para que o governo possa garantir os recursos necess�rios para combater o crime organizado. S�rgio Moro apenas ouviu os elogios, e n�o teceu nenhum coment�rio sobre o assunto. A ida � C�mara vai ocorrer um dia ap�s o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliar um pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. No pedido, os advogados do petista alegam que Moro agiu parcialmente ao julgar o caso do cliente.
Os ministros da Segunda Turma da Corte v�o avaliar se os fatos apresentados pela defesa de Lula s�o suficientes para embasar a soltura do ex-presidente. Tamb�m pode ser avaliada a suspens�o da a��o penal relacionada ao triplex do Guaruj�, o que resultaria em altera��es nas penas de outros condenados no Paran�. Dois ministros, Edson Fachin e C�rmen L�cia, j� votaram contra a concess�o da liberdade, em dezembro do ano passado. Mas podem mudar de opini�o no decorrer do julgamento. Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello ainda v�o proferir os votos.
O deputado M�rcio Jerry (PCdoB-MA) � um dos que apresentaram requerimento para a convoca��o de Moro. “A julgar pelas revela��es do The Intercept, a atua��o do ent�o juiz S�rgio Moro determinou a priva��o da liberdade do ex-presidente Lula, para pegar um exemplo, em uma l�gica mais pol�tica do que jur�dica. � necess�rio que ele se explique. Como havia o convite de diversas comiss�es, unificamos todas para essa data do dia 26”, disse.
Enrolados
Na ida ao Senado, Moro ficar� frente a frente com parlamentares denunciados ou investigados na Lava-Jato, opera��o da qual o ministro se tornou s�mbolo durante quase cinco anos � frente da 13ª Vara Federal de Curitiba. Respons�vel por condenar ex-integrantes do n�cleo pol�tico do pa�s, como o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-presidente Lula, ele deve enfrentar uma avalanche de cr�ticas de quem est� no alvo das investiga��es.
Dos 26 titulares da CCJ, pelo menos cinco foram denunciados no �mbito da Lava-Jato, e um foi citado por delatores e em documentos relacionados a il�citos encontrados pela Pol�cia Federal. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) responde a 13 inqu�ritos no Supremo. Cinco investiga��es foram arquivadas pelo ministro Edson Fachin, a pedido do Minist�rio P�blico, mas podem ser reabertas caso surjam novas provas.
A assessoria do senador informou que ele n�o est� em Bras�lia e � prov�vel que n�o compare�a � sess�o que vai receber o ex-ministro. Outros integrantes da comiss�o que est�o enrolados com a Justi�a em decorr�ncia da Lava-Jato s�o os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Jader Barbalho (MDB-PA) e Eduardo Braga (MDB-AM).
O senador Antonio Anastasia (PSDB) foi citado em dela��o da Odebrecht, mas diz que n�o responde a��o penal. As dilig�ncias seguem em segredo de Justi�a e n�o � poss�vel acompanhar o andamento. Ele � suspeito de ter recebido repasses indevidos em forma de doa��es de campanha eleitoral em 2009 e 2010. Cid Gomes (PDT-CE), ex-governador do Cear�, foi citado por Wesley Batista, acusado de receber caixa 2 de campanha. A Justi�a Federal do Cear� se declarou incompetente para julgar o caso dele. O processo ent�o foi enviado para a Justi�a Eleitoral.