
Entre os oito parlamentares amea�ados de puni��o - chamados de "desobedientes" pelo presidente do PDT, Carlos Lupi -, est� a deputada Tabata Amaral (SP), at� ent�o vista como uma das principais apostas de renova��o do partido e cotada para disputar a Prefeitura de S�o Paulo nas elei��es do ano que vem. Um ano atr�s, Ciro chegou a almo�ar na casa da fam�lia de Tabata, em um bairro da periferia de S�o Paulo, num sinal p�blico de prest�gio da ent�o candidata � C�mara.
"Ningu�m pode servir a dois senhores", afirmou Ciro, lembrando que ele pr�prio trocou sucessivas vezes de partido. "Eu acho que o mais digno - n�o quero particularizar nela (Tabata), porque foram ela e mais sete - � fazer o que eu fiz. Fui filiado e ajudei a fundar o PSDB, que tinha um programa lindo, que tinha uma s�rie de propostas muito s�rias, foi para o governo e fez o oposto. Chafurdou na corrup��o, nas privatiza��es, na roubalheira. O que fiz? Sa�."
O ex-ministro disse que a executiva nacional vai respeitar todos os tr�mites internos, entre eles, o direito de defesa. Mas, segundo ele, tanto Tabata como seus colegas tiveram a oportunidade de apresentar sua posi��o em "in�meras reuni�es" pr�vias convocadas pela sigla para tratar do projeto da Previd�ncia. Segundo o relato de Ciro, at� a antev�spera da vota��o Tabata n�o teria manifestado qualquer inten��o de endossar o texto apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro - que, entre outras modifica��es, prev� o aumento da idade m�nima para requerer a aposentadoria.
Ao justificar a sugest�o, Ciro afirmou que a decis�o de deixar a sigla deveria ser tomada pelos colegas n�o apenas "pelo passado", mas "pelo que est� por vir". Ele citou a perspectiva de vota��o de projetos como a reforma tribut�ria e privatiza��es.
"N�o quero aqui retaliar a Tabata. Mas, daqui a pouco, essa gente vai propor, por exemplo, a entrega da Petrobras. Qual � a posi��o dela? Daqui a pouco, essa gente vai propor a autonomia do Banco Central, para entregar de vez a economia brasileira aos quatro bancos privados que monopolizam 85% das transa��es financeiras. Como ela vai votar? Pela linha do partido ou pela dupla milit�ncia que ela est� demonstrando?", disse Ciro. "N�s n�o queremos representar os neoliberais. Tem a� o MBL. Por que ela n�o vai para o MBL?", atacou ele, em refer�ncia ao Movimento Brasil Livre, que liderou manifesta��es em defesa de projetos do governo.
Ass�dio
Ao todo, 19 parlamentares da oposi��o votaram a favor da reforma: al�m dos oito do PDT, 11 do PSB. Nesta segunda, o conselho de �tica do PSB abriu processo contra os "dissidentes", que ter�o dez dias para apresentar sua defesa. Com a amea�a de expuls�o, todos eles passaram a ser alvo do ass�dio de partidos de centro, que sinalizaram estar de portas abertas ao ingresso de novos deputados.
Em mensagem publicada em rede social, Tabata - que se elegeu com 264.450 votos, sexta maior vota��o em S�o Paulo para a C�mara - se defendeu. "Meu voto pela reforma da Previd�ncia n�o foi vendido, � por convic��o. A bancada da Educa��o continua lutando pela manuten��o da aposentadoria especial dos professores." Procurada, ela n�o se pronunciou at� a conclus�o desta edi��o.
Questionado se o PDT deve requerer os mandatos desses deputados "infi�is" caso eles optem por deixar a legenda, Ciro disse preferir n�o entrar "nessa miudice". No caso contr�rio, de expuls�o, a legisla��o prev� que o partido perde a cadeira no Congresso.
Ciro descreveu Tabata como uma pessoa de "enorme valor" e dona de uma "hist�ria linda". Mas disse ver na postura da deputada uma influ�ncia de sua proximidade com movimentos de renova��o pol�tica, como o RenovaBR. "Ela s� tem 25 anos. E ela entrou no Brasil nesse neg�cio que � dupla milit�ncia. Ela pertence a alguns movimentos que s�o financiados pelos miliard�rios brasileiros e que colocaram a faca no pesco�o de todo mundo", afirmou.
Para o ex-ministro, esses grupos corresponderiam a "fraudes", pois operariam como partidos pol�ticos sem precisar abrir m�o do financiamento privado. "Vai ser um sofrimento eterno a dupla milit�ncia dela e de quem mais vier com esse papo furado", afirmou. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
