A equipe da PGR respons�vel por cuidar dos casos da Opera��o Lava Jato decidiu nesta quarta-feira pedir o desligamento do cargo, sob a alega��o de "incompatibilidade" com entendimento de Raquel Dodge. O mandato de Dodge, alvo de crescente insatisfa��o interna dentro do Minist�rio P�blico Federal, se encerra no dia 17 deste m�s.
O desligamento foi pedido por Raquel Branquinho e pelos procuradores Maria Clara Noleto, Luana Vargas, Hebert Mesquita, Victor Riccely e Alessandro Oliveira. Segundo a reportagem apurou, o desentendimento da equipe com Raquel Dodge est� relacionado com a dela��o premiada do executivo L�o Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Ao encaminhar o acordo de colabora��o premiada para homologa��o do Supremo Tribunal Federal (STF), Raquel pediu o arquivamento de parte da dela��o que trazia implica��es ao presidente da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e um dos irm�os do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, informaram � reportagem sob a condi��o de anonimato fontes que acompanham a investiga��o.
Toffoli e Maia articularam nos bastidores uma poss�vel recondu��o de Raquel Dodge ao cargo, mas o presidente Jair Bolsonaro j� sinalizou que optar� por um homem para chefiar o �rg�o. Raquel Dodge � criticada pelo c�rculo interno do presidente por n�o ter, na avalia��o deles, priorizado o combate � corrup��o na sua gest�o, nem destravado acordos de colabora��o premiada, al�m de ter denunciado o pr�prio presidente e o seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) - respectivamente por racismo e suposta amea�a a uma jornalista.
"Devido a uma grave incompatibilidade de entendimento dos membros desta equipe com a manifesta��o enviada pela PGR ao STF na data de ontem (03.09.2019), decidimos solicitar o nosso desligamento do GT Lava Jato e, no caso de Raquel Branquinho, da SFPO. Enviamos o pedido de desligamento da data de hoje", disseram em nota seis integrantes do Minist�rio P�blico Federal que atuavam nos processos criminais.
O grupo de integrantes do MPF disse em mensagem disparada aos colegas que "foi um grande prazer e orgulho servir � Institui��o ao longo desse per�odo, desempenhando as atividades que desempenhamos". E afirma que o "compromisso ser� sempre com o Minist�rio P�blico e com a sociedade", em cr�tica � procuradora-geral.
N�o foram as primeiras baixas da equipe de Raquel Dodge na �rea criminal. Em julho, o ex-coordenador da Lava Jato, Jos� Alfredo, havia abandonado o posto em julho, tamb�m em desacordo com a atua��o da procuradora-geral. Em mar�o, os procuradores Pablo Coutinho Barreto e Vitor Souza Cunha, que eram chefes da Secretaria de Per�cia, Pesquisa e An�lise (SPPEA), haviam tamb�m pedido desligamento da fun��o.
Instabilidade
A gest�o de Raquel Dodge � frente da PGR foi alvo de uma s�rie de crises internas que marcaram o fim do seu mandato. A cria��o de um fundo bilion�rio da Lava Jato colocou a procuradora em rota de colis�o com a for�a-tarefa do Paran� que cuida das investiga��es. Raquel acionou o Supremo para que fosse anulado o acordo firmado pelos procuradores de Curitiba com a Petrobras, que resultaria na cria��o de uma funda��o gerida por eles mesmos.
Raquel Dodge tamb�m viu, na reta final do seu mandato, o STF instaurar por iniciativa pr�pria um inqu�rito instaurado para apurar amea�as e ofensas disparadas contra os ministros do tribunal. A procuradora pediu o arquivamento do caso, mas foi ignorada - as investiga��es do inqu�rito, que segue em andamento, est�o sendo feitas sem a participa��o do Minist�rio P�blico Federal, como geralmente ocorre.
COM A PALAVRA, A PROCURADORA-GERAL DA REP�BLICA
Ao confirmar que recebeu pedido de desligamento de integrantes de sua equipe na �rea criminal, a procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, reafirma que, em todos os seus atos, age invariavelmente com base em evid�ncias, observa o sigilo legal e d� rigoroso cumprimento � Constitui��o e � lei. Todas as suas manifesta��es s�o submetidas � decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF).