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Estado de Minas POL�TICA

'Gabinete do �dio' tensiona Planalto

Essa ala ideol�gica faz a cabe�a de Bolsonaro e o incentiva a adotar um estilo beligerante no governo


postado em 20/09/2019 12:00 / atualizado em 20/09/2019 12:39

Com a senha das redes do pai, o vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o
Com a senha das redes do pai, o vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o "02" do presidente, d� ordens para os assessores (foto: S�RGIO LIMA)

O Pal�cio do Planalto abriga um n�cleo de assessores que tem forte influ�ncia sobre o presidente Jair Bolsonaro e � conhecido como "gabinete do �dio". Defensores da pauta de costumes, eles produzem relat�rios di�rios, com suas interpreta��es, sobre fatos do Brasil e do mundo e s�o respons�veis pelas redes sociais da Presid�ncia da Rep�blica. Essa ala ideol�gica faz a cabe�a de Bolsonaro e o incentiva a adotar um estilo beligerante no governo.

Com a senha das redes do pai, o vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o "02" do presidente, d� ordens para os assessores T�rcio Arnaud Tomaz, Jos� Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. Os tr�s s�o da confian�a do vereador e do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) - o filho "03", que Bolsonaro quer emplacar na embaixada dos Estados Unidos. O senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ), primog�nito, tem horror ao trio.

Filipe Martins, o assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, tamb�m faz parte desse grupo. T�rcio, Jos� Matheus, Diniz e Filipe despacham no terceiro andar do Planalto, ao lado do presidente. Outro integrante do n�cleo � C�lio Faria J�nior, que Bolsonaro trouxe da Marinha e hoje � chefe da Assessoria Especial da Presid�ncia.

Com carta branca para entrar no Planalto, o assessor parlamentar Leonardo Rodrigues de Jesus, o Leo �ndio, primo dos filhos de Bolsonaro, virou uma esp�cie de "espi�o volunt�rio" do governo. L�o �ndio j� produziu dossi�s informais de "infiltrados e comunistas" nas estruturas federais, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo. O ent�o ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, comprou briga com Carlos e com ele. Foi demitido.

Quando Fl�vio saiu de f�rias e viajou para a Bahia, em meados de julho, auxiliares de Bolsonaro no Planalto ficaram preocupados. A portas fechadas, no segundo andar daquele pr�dio erguido com colunas "leves como penas pousando no ch�o", como gostava de comparar o arquiteto Oscar Niemeyer, um assessor chegou a dizer que, sem Fl�vio em Bras�lia, o "gabinete do �dio" ficaria incontrol�vel.

O coment�rio reflete a tens�o que tomou conta do Planalto. Nos bastidores, essa "reparti��o" � vista como respons�vel pelo afastamento cada vez maior entre Fl�vio e Carlos, apelidado de "Carluxo". Considerado o "pit bull" da fam�lia, Carlos cria estrat�gias para as m�dias digitais do pai e sempre defendeu a t�tica do confronto para administrar, em oposi��o a Fl�vio, dono de estilo conciliador.

Na pr�tica, mesmo quando n�o est� em Bras�lia, o vereador comanda o n�cleo ideol�gico, emite opini�es pol�micas, chama a imprensa de "lixo" e lan�a provoca��es contra aliados do pai, como o vice-presidente Hamilton Mour�o, tido por essa ala como "traidor".

Secom

A equipe do "gabinete do �dio" n�o aceita interfer�ncias dos profissionais da Secretaria de Comunica��o. Segue ordens de Carlos, que atua sob a inspira��o do escritor Olavo de Carvalho, e v�rias vezes j� convenceu Bolsonaro a adotar posi��o mais dura, como no fim de julho, quando ele desistiu de receber o chanceler da Fran�a, Jean-Yves Le Drian, e depois apareceu em uma "live" cortando o cabelo, em um estilo "gente como a gente".

Fl�vio, vira e mexe, pede para o pai baixar o tom. �s vezes � ouvido, fato que provoca a ira do "02". Mesmo investigado no caso de Fabr�cio Queiroz - o ex-assessor suspeito de comandar um esquema de "rachadinha" na Assembleia do Rio -, o senador tem atuado como articulador pol�tico do Planalto, ao lado do general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.

Em jantares com senadores, Fl�vio leva o irm�o Eduardo a tiracolo, diz que o conhecimento do ca�ula sobre os EUA vai muito al�m do hamb�rguer e tenta apaziguar atritos provocados por Carlos nas redes sociais.

"Esse n�cleo ideol�gico atrapalha muito nossa vida aqui no Congresso", disse o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP). "Desse jeito, o PSL vai acabar sofrendo uma derrota atr�s da outra."

Nos �ltimos dias, um tu�te de Carlos azedou o clima na C�mara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal. O vereador escreveu que "por vias democr�ticas, a transforma��o que o Brasil quer n�o acontecer� no ritmo que almejamos". Bolsonaro apoiou o filho. Fl�vio ficou em sil�ncio. O primog�nito disse a um amigo que, se fizesse algum coment�rio, exporia uma crise.

Al�m do senador, a primeira-dama Michelle tamb�m consegue fazer o marido amenizar os tu�tes, de vez em quando. Foi ela, por exemplo, quem pediu para o presidente apagar coment�rio feito por ele em um post de internauta dizendo que a mulher do presidente da Fran�a, Emmanuel Macron, era feia. Michelle considerou a mensagem machista e deselegante.


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