
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta sexta-feira (27) que, apesar de sempre ter sido cr�tico aos m�todos do ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot, n�o imaginava que houvesse um "potencial fac�nora" no comando da Procuradoria-Geral da Rep�blica.
Em entrevista � imprensa ap�s evento em Bras�lia, Mendes afirmou que a atua��o de Janot enquanto esteve � frente da PGR precisa ser analisada pelo Pa�s, fez cr�ticas ao modelo de indica��o do cargo, que chamou de "corporativo", e afirmou que o sistema pol�tico ter� de descobrir novos crit�rios para a escolha do posto. "Modelo deu errado", afirmou o ministro.
Janot, que chefiou a PGR de 2013 a 2017 e foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, disse ao jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira (26) que no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, chegou a ir armado para uma sess�o do STF com a inten��o de matar Mendes a tiros. "N�o ia ser amea�a n�o. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele e depois me suicidar", afirmou Janot.
Ao reagir � not�cia, Gilmar Mendes afirmou nesta sexta que imagina que "todos aqueles que foram respons�veis" pela indica��o de Janot devem estar "pensando na sua alta responsabilidade em indicar algu�m t�o desprovido de condi��es para as fun��es". O ministro do STF tamb�m afirmou que por se tratar, em sua "impress�o", de um "problema grave de car�ter psiqui�trico", a atua��o do ex-procurador atinge todas as medidas que ele solicitou e foram deferidas na Suprema Corte. "Den�ncias, investiga��es, e tudo o mais. � isso que tem que ser analisado pelo Pa�s", emendou.
"Eu entendo que, na verdade, elas foram feitas por um tipo de pessoa com essa qualidade psicol�gica, com essa personalidade e por isso elas precisam ser analisadas a partir dessa perspectiva", respondeu Mendes, que disse n�o cogitar tomar alguma medida judicial contra o ex-procurador.
Desde 2003, a escolha do PGR pelo presidente da Rep�blica tem seguido, mesmo que n�o obrigatoriamente, a chamada lista tr�plice, que � votada pela Associa��o Nacional dos Procuradores da Rep�blica. Neste ano, ao escolher Augusto Aras para comandar o Minist�rio P�blico, o presidente Jair Bolsonaro quebrou essa trajet�ria, j� que Aras nem chegou a concorrer por dentro da ANPR.
Gilmar Mendes criticou o que chamou de "sistema corporativo" de escolha de membros do Minist�rio P�blico para a fun��o, e lembrou que, at� a Constitui��o de 1988, a chefia da PGR era ocupada por um not�vel jurista, normalmente de fora da carreira do MPF. "Depois de 88 � que se tornou essa coisa corporativa e introduziram-se essas escolhas inclusive de figuras como o procurador Janot, com essas qualidades que os senhores viram", afirmou.
Perguntado da motiva��o de Janot para revelar o caso, o ministro afirmou que, a ele, parece que o ex-procurador est� passando por uma crise de abstin�ncia ap�s um per�odo de "apogeu" que viveu durante sua atua��o na PGR. "N�o disponho de elementos para avaliar. A mim me parece, de qualquer forma, que ele viveu, e a� gra�as tamb�m � m�dia, um momento de apogeu e agora est� vivendo na verdade um momento, est� passando por uma crise de abstin�ncia, muito provavelmente. Um problema psicol�gico muito s�rio e certamente isso explica um pouco desses desatinos", disse.
Questionado ainda se a seguran�a do STF precisa passar por algum tipo de mudan�a, Gilmar Mendes disse que a presid�ncia da Suprema Corte "certamente discutir�" o assunto. "Vamos avaliar isso", afirmou.