
Embora ainda faltem tr�s anos para as pr�ximas elei��es presidenciais, eventuais candidatos j� come�am a tra�ar estrat�gias para a disputa. O presidente Jair Bolsonaro, que, formalmente, nega a inten��o de se reeleger, antecipou o debate, na pr�tica, ao passar a criticar poss�veis candidaturas de centro com chance de se consolidar como alternativa em 2022. Ao presidente, interessa manter a polariza��o com a esquerda que resultou na sua ascens�o ao Planalto, no �ltimo pleito.
“Ele sempre disse que n�o ia concorrer a um segundo mandato. No entanto, assim que assumiu a cadeira, colocou-se numa posi��o de reelei��o, onde compete principalmente com Huck e Doria”, destaca o cientista pol�tico, referindo-se ao apresentador Luciano Huck e ao governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB).
Segundo Prando, as proje��es para a pr�xima elei��o presidencial surgiram devido � manuten��o do tom da campanha de 2018. “O governo permaneceu com um discurso eleitoral constante, n�o mudou de postura. Bolsonaro tornou-se um 'presidente candidato' e continuou com uma linguagem confrontadora, o que faz com que tenhamos a sensa��o de que 2022 j� come�ou. Na verdade, n�o acabou 2018” analisa.
Retomar o espa�o
Bastante fragilizada devido ao embate ferrenho entre esquerda e direita nas elei��es presidenciais de 2018, a vertente de centro v� na apari��o de poss�veis candidatos em 2022 a oportunidade de retomar o espa�o que perdeu no cen�rio pol�tico nacional devido � polariza��o ideol�gica. Esse embate, ao expor as ideias mais radicais de cada um dos espectros, abre brecha para que uma ideologia mais equilibrada ganhe for�a entre eleitores que, desgastados com essa realidade, n�o se identificam com nenhum dos extremos.
“Uma demanda fundamental para o centro � reagrupar algo que est� se esfacelando. A quest�o n�o se resume apenas ao desafio de juntar republicanos ou democr�ticos. � preciso chegar �s bordas da esquerda e da direita e ser capaz de cooptar essas pessoas, principalmente as lideran�as”, analisa o especialista em pol�ticas p�blicas Demetrio Carneiro.
De acordo com ele, o candidato que solucionar a equa��o de juntar eleitores de centro-esquerda e de centro-direita pode construir um caminho vi�vel para concorrer �s urnas daqui a tr�s anos. “A primeira tarefa pol�tica a ser feita � uma conversa de concilia��o, de aproxima��o e de paci�ncia. � um processo que tem de ser constru�do programaticamente. Retomar grandes debates e apresentar grandes proposi��es. Isso vai fisgar o eleitor”, destaca Carneiro.
Um dos personagens que emerge nessa discuss�o � o apresentador Luciano Huck. Na semana passada, ele enfatizou a necessidade de “encontrar uma solu��o para os problemas do Brasil”.
“Nossa gera��o tem que lutar com as duas pernas. N�o pode se prender s� com a esquerda ou s� com a direita. Vejo a import�ncia do pensamento liberal sob o ponto de vista de que o Estado tem que ter o tamanho necess�rio, nem grande nem pequeno; tem que ter uma sociedade aberta e um pensamento globalizado; o mercado tem que se regular e crescer sozinho. Do outro lado, tem que ter uma agenda social e um olhar social importante”, disse em palestra a jovens empreendedores, no Recife, na quarta-feira.
“Nossa gera��o tem que lutar com as duas pernas. N�o pode se prender s� com a esquerda ou s� com a direita. Vejo a import�ncia do pensamento liberal sob o ponto de vista de que o Estado tem que ter o tamanho necess�rio, nem grande nem pequeno; tem que ter uma sociedade aberta e um pensamento globalizado; o mercado tem que se regular e crescer sozinho. Do outro lado, tem que ter uma agenda social e um olhar social importante”, disse em palestra a jovens empreendedores, no Recife, na quarta-feira.
Huck tem tomado atitudes. � um dos membros do Movimento Agora, que prop�e diretrizes de pol�ticas p�blicas que visam solucionar desigualdades entre os brasileiros, e apoiador do grupo RenovaBR, curso voltado para capacitar interessados em disputar elei��es.
“A onda chegou sem eu me colocar no debate. N�o queria me acovardar. Tinha necessidade de atuar como cidad�o. Posso n�o ter estudado ci�ncias pol�ticas, mas viajei muito pelo Brasil nesses 20 anos de Rede Globo”, reconheceu o apresentador, em evento de publicidade em S�o Paulo, na �ltima segunda-feira.
“A onda chegou sem eu me colocar no debate. N�o queria me acovardar. Tinha necessidade de atuar como cidad�o. Posso n�o ter estudado ci�ncias pol�ticas, mas viajei muito pelo Brasil nesses 20 anos de Rede Globo”, reconheceu o apresentador, em evento de publicidade em S�o Paulo, na �ltima segunda-feira.
Conflito
No p�reo, tamb�m est� o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB). Apesar de ter apoiado o ent�o candidato Bolsonaro no segundo turno do ano passado, inclusive com a dobradinha “Bolsodoria”, ele entrou em conflito com o agora presidente neste ano e, ao sair da sombra do pesselista, surge como alternativa a quem compactua com uma direita menos radical.
“Os extremos n�o constroem, os extremos destroem. N�s erramos, sim, mas tivemos a humildade de corrigir. Os extremados n�o reconhecem os erros”, declarou o pessedebista em evento no Rio de Janeiro, no fim de setembro. Na ocasi�o, Doria apresentou um “novo PSDB” aos cariocas.
O movimento do governador paulista pode ter representado o ponto de partida para a constru��o dos palanques dele pelo pa�s visando 2022. Mesmo tentando recha�ar que esteja antecipado o processo eleitoral, transferindo esse ato ao pr�prio Bolsonaro, Doria j� sinalizou a vontade de mudar o cen�rio pol�tico do pa�s. “A boa pol�tica se faz unindo as pessoas, n�o separando”, afirmou o governador paulista.
O movimento do governador paulista pode ter representado o ponto de partida para a constru��o dos palanques dele pelo pa�s visando 2022. Mesmo tentando recha�ar que esteja antecipado o processo eleitoral, transferindo esse ato ao pr�prio Bolsonaro, Doria j� sinalizou a vontade de mudar o cen�rio pol�tico do pa�s. “A boa pol�tica se faz unindo as pessoas, n�o separando”, afirmou o governador paulista.
Rodrigo Prando ressalta que Bolsonaro mant�m, em m�dia, 30% do eleitorado, sendo que metade n�o corresponde aos bolsonaristas convictos. “Os bolsonaristas convictos giram em torno de 15%. A grande quest�o � saber o quanto ele vai manter de eleitorado at� 2022. Uma parte vota porque acredita nos ideais, e tem os que votaram contra o PT e a esquerda. Bolsonaro teria que fazer apelo mais ao centro do espectro pol�tico, mas ele vem se estabelecendo cada dia mais de extrema direita. Huck e Doria aparecem nesse cen�rio, como figuras de centro”, comenta.
Para o professor de ci�ncia pol�tica da Universidade de Bras�lia (Unb) Paulo Calmon, a situa��o eleitoral de 2022 depender� da posi��o dos candidatos contr�rios a Bolsonaro e de como eles far�o para conseguir apoio pol�tico. “O Doria, dentro do PSDB, com poss�vel alian�a no DEM com Rodrigo Maia (presidente da C�mara) consegue se manter competitivo”, explica.
Huck, completa Calmon, despontaria como um candidato antissistema. A estrat�gia seria semelhante � utilizada por Bolsonaro, em 2018. “Nas redes sociais, Bolsonaro se apresentou como antissistema no momento em que havia rejei��o � pol�tica tradicional. O povo queria uma coisa nova. A estrat�gia, ent�o, � essa alternativa para a mudan�a e transforma��o, unindo as duas pontas”, salienta.