
Uma reportagem divulgada nesta segunda-feira (14) pelo site The Intercept Brasil afirma que a den�ncia contra o ex-presidente Lula relacionada ao caso do s�tio de Atibaia foi programada por procuradores da Opera��o Lava-Jato. O caso s� teria sido divulgado para "distrair a popula��o e a imprensa" de uma pol�mica que tinha como centro o ent�o presidente Michel Temer e a Procuradoria-Geral da Rep�blica. A revela��o � baseada em mensagens trocadas atrav�s do aplicativo Telegram.
Dias antes do Minist�rio P�blico Federal oficializar a den�ncia contra o ex-presidente Lula, uma conversa entre Michel Temer e Joesley Batista foi vazada para a imprensa. Na �poca, foi levantada a suspeita de que a conversa pudesse ter sido editada antes da divulga��o, colocando em risco a credibilidade do ent�o Procurador-Geral da Rep�blica, Rodrigo Janot e da PGR.
Di�logos entre procuradores realizados no Telegram demonstram que, inicialmente, os procuradores apenas repercutiram o a�dio vazado. Por�m, no dia 21 de maio, um dia antes da den�ncia contra Lula, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima sugeriu: "Quem sabe n�o seja a hora de soltar a den�ncia do Lula. Assim criamos alguma coisa at� o laudo", e foi respondido por Deltan Dallagnol: "Acho que a hora est� ficando boa, tamb�m. Vou checar se tem opera��o em Bras�lia. Se tiver, vai roubar toda a aten��o".
Momentos depois, Deltan teria entrado em contato com outro grupo no aplicativo, composto por colegas da PGR. "Estamos querendo soltar a nova den�ncia do Lula que sairia semana passada, mas seguramos. Contudo, se tiver festa de voc�s a�, ela seria engolida por novos fatos. Voc� pode me orientar quanto a alguma data nesta semana? Meu receio � soltarmos em um dia e, no dia seguinte, ter opera��o, porque a� mata a repercuss�o", perguntou Dallagnol. O procurador foi respondido com a informa��o de que nenhuma opera��o estava prevista para aquela semana. Deltan ent�o voltou a conversar com os seus colegas e confirmou a inten��o de realizar a den�ncia contra o ex-presidente no dia seguinte, a ideia foi aprovada pela procuradora Jerusa Viecili. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima concordou e respondeu "Vamos criar distra��o e mostrar o servi�o".
Uma per�cia realizada pelo Instituto Nacional de Criminal�stica, �rg�o ligado � Pol�cia Federal, chegou a conclus�o de que n�o houve interrup��o ou edi��o na grava��o entre Temer e Joesley.