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Estado de Minas DADOS DA ONU

Brasil cai no ranking do desenvolvimento humano

IDH do pa�s fica em 0,761 e mostra estagna��o em 2018, mas gera queda de 78� para 79� no mundo, segundo relat�rio que vai ser divulgado hoje. Alta na desigualdade preocupa


postado em 09/12/2019 04:00 / atualizado em 09/12/2019 08:11

Ana Rosa (D), com a mãe Maria Luzimar Souza e o filhos Pemalla Crystinne, de 14 anos, e Isaac Daniel, de 2. Morando em área pobre, ela está desempregada e vive com R$ 445, do bolsa-família (foto: ED Alves/CB/D.A Press)
Ana Rosa (D), com a m�e Maria Luzimar Souza e o filhos Pemalla Crystinne, de 14 anos, e Isaac Daniel, de 2. Morando em �rea pobre, ela est� desempregada e vive com R$ 445, do bolsa-fam�lia (foto: ED Alves/CB/D.A Press)

Quarto colocado da Am�rica do Sul e 79º no ranking de 189 pa�ses, o Brasil teve um �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,761 em 2018. Em rela��o a 2017, o pa�s, considerado uma na��o de alto desenvolvimento humano, teve um crescimento discreto de 0,001 ponto no IDH, o menor desde 2015. Mesmo com o aumento, o Brasil decresceu uma posi��o no ranking, passando do 78º para o 79º lugar, uma vez que outros pa�ses avan�aram mais r�pido. No entanto, o que preocupa especialistas � a desigualdade existente no pa�s. Os dados, que ser�o divulgados hoje pelo Programa das Na��es Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostram que o Brasil � a na��o que mais perde posi��es no ranking mundial quando as desigualdades s�o levadas em conta.

Se considerasse as desigualdades entre a popula��o, o IDH brasileiro cairia de 0,761 para 0,574, uma perda de 24,5% que faria o pa�s perder 23 posi��es no ranking mundial. Desde 2010, o Relat�rio de Desenvolvimento Humano calcula o IDH ajustado � desigualdade, que � analisada nas tr�s dimens�es do IDH: sa�de (medida pela expectativa de vida), educa��o (medida pela m�dia de anos de estudo e anos esperados de escolaridade) e padr�o de vida (medida pela renda per capita). � medida que a desigualdade aumenta, a perda no desenvolvimento humano cresce. Como mostrou o Estado de Minas na reportagem “Brasil � vice-campe�o em desigualdade no mundo”, publicada na edi��o de domingo, a concentra��o de renda aumentou, contribuindo para o aumento da desigualdade social.

O diretor do Relat�rio de Desenvolvimento Humano, Pedro Concei��o, afirma que essa n�o � uma caracter�stica s� do Brasil, mas da regi�o. A perda m�dia devido � desigualdade na Am�rica Latina e no Caribe � de 22,3%. “N�o � uma surpresa. Sabemos que o n�vel de desigualdade, principalmente na distribui��o da renda no Brasil, � inflado, mas, se olharmos para os �ltimos 15 anos, tem havido uma tend�ncia de redu��o. O n�vel ainda � muito elevado, mas h� essa tend�ncia positiva”, disse ao EM.

A queda no ranking em si n�o � vista com preocupa��o pelos analistas do Pnud. “A posi��o do ranking depende n�o apenas daquilo que acontece no Brasil, mas tamb�m de outros pa�ses. Por isso, n�o atribu�mos grande significado a elas”, explica Pedro Concei��o. O diretor define o IDH do Brasil como “positivo, s�lido e sustent�vel”. “O crescimento do �ndice no Brasil tem sido sustentado ao longo dos �ltimos anos e se manteve este ano, embora n�o tenha sido t�o enf�tico como nos anos anteriores.

De acordo com Concei��o, a situa��o da economia no pa�s pode estar afetando o ritmo de evolu��o do IDH. Verificamos que quase n�o houve ganho no aspecto econ�mico”, disse. “A economia, que, a curto prazo, � aquilo que tende a mudar esse �ndice, n�o vem contribuindo. No entanto, � medida que come�a a atingir patamares elevados, o IDH tende naturalmente a avan�ar mais devagar”, avalia.

A oficial do Pnud e chefe da Unidade de Desenvolvimento Humano, Betina Ferraz Barbosa, diz que o relat�rio pode ser um novo marco no olhar para o desenvolvimento brasileiro. “A gente pode caminhar para ter o IDH muito alto, mas a quest�o � resolver as nossas quest�es de desenvolvimento”, avalia Betina. Segundo ela, o documento traz uma nova estrutura, que pretende fazer uma nova an�lise ao olhar al�m da renda, do momento e das m�dias estat�sticas.

Concei��o acredita que o documento abre novas janelas para a discuss�o das desigualdades no desenvolvimento do pa�s. “Esse relat�rio pode ser um convite � sociedade e �s autoridades brasileiras para fazer uma reflex�o em torno da emerg�ncia de novas desigualdades, que � uma tend�ncia que n�s verificamos”, pontua.

Para isso, os autores do relat�rio enfatizam que � preciso um olhar al�m do habitual. Entender que a desigualdade de renda � o resultado de um conjunto de disparidades de uma sociedade. “As desigualdades s�o pautadas antes de as pessoas estarem na idade adulta e entrarem no mercado de trabalho. Ela pode vir at� mesmo da condi��o social da fam�lia. Por isso, esse olhar precisa come�ar muito cedo, ainda quando os indiv�duos s�o crian�as, j� que h� um c�rculo que aprisiona as pessoas em uma armadilha de desigualdade”, avalia Betina.


Problema estrutural


Em Bras�lia, a 15 km da Pra�a dos Tr�s Poderes, � poss�vel encontrar uma popula��o que j� nasce inserida em um contexto cheio de desigualdades. Os moradores da Ch�cara Santa Luzia, �rea irregular da Estrutural que surgiu em 2000, vivem sem redes de �gua, esgoto e energia el�trica, em condi��es indignas de um pa�s que tem o IDH alto. Ana Fl�via Rosa, 31 anos, � a �nica entre oito irm�os que chegou mais longe nos estudos. Ana tem o superior incompleto. “Tenho tr�s irm�os de sangue e cinco adotivos, e a �nica que foi at� o superior fui eu. Mas a falta de dinheiro n�o me deixou completar”, conta.

Ana � filha de Maria Luzimar Souza, 53 anos, que s� tem o ensino fundamental por causa das condi��es de vida, e m�e de Isaac Daniel, 2 anos, e P�mella Crystinne, 14 anos. “� algo que parece que passa de gera��o para gera��o. Quero que meus filhos tenham a oportunidade de entrar na faculdade como eu, mas com a desigualdade que existe aqui, � bem complicado seguir esse padr�o”, analisa. Ana mora h� seis anos na Ch�cara Santa Luzia com os dois filhos e o marido.

Atualmente, P�mella n�o estuda, porque perdeu muito conte�do em uma troca de escolas e n�o passaria de ano. A inten��o � voltar no ano que vem para a sala de aula. Ana Fl�via tamb�m planeja retornar para a faculdade para completar o curso de administra��o, mas sabe que ser� dif�cil, j� que est� desempregada, e a �nica renda da fam�lia s�o os R$ 445 que recebe todo m�s do Bolsa-Fam�lia.

Educa��o 


Para ela, a mudan�a na desigualdade vista no pa�s deve come�ar pela educa��o. “Acho que precisa de mais incentivo para a educa��o. Mais escolas dentro da pr�pria comunidade j� ajudaria”, indica. Quem tamb�m preza pela educa��o dos filhos e n�o quer que eles repitam o mesmo caminho � Marilza de Sales, 36 anos. A dom�stica, que atualmente est� desempregada, mora h� quatro anos em Santa Luzia com seis filhos.

“Eu estudei at� a sexta s�rie por que fiquei gr�vida e tive minha primeira filha tive com 16 anos. Espero que meus filhos cheguem mais longe nos estudos”, planeja. Para isso, ela diz que � preciso muita conversa e sacrif�cios. Hoje, a casa com sete pessoas � sustentada pelo Bolsa Fam�lia. “Eu n�o tive chance, porque meus pais n�o tinham condi��es. Hoje, eu n�o deixo meus filhos trabalhem. Fa�o o que for preciso para eles terem o que eu n�o tive e focarem s� no estudo. Espero conseguir quebrar esse ciclo”, completa. (MEC)



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