(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Subs�dio para igrejas gera diverg�ncias em alas do governo

Bolsonaro quer que templos de maior porte paguem tarifas mais baratas de energia el�trica, mas medida � malvista no Minist�rio da Economia, que mesmo assim iniciou estudos a respeito


postado em 11/01/2020 04:00 / atualizado em 11/01/2020 08:27

Bolsonaro com evangélicos: coleta de assinaturas do Aliança pelo Brasil seria o objetivo da medida (foto: ISAC NÓBREGAS/PR)
Bolsonaro com evang�licos: coleta de assinaturas do Alian�a pelo Brasil seria o objetivo da medida (foto: ISAC N�BREGAS/PR)
Bras�lia – Um desejo do presidente Jair Bolsonaro, que agradaria � base evang�lica no Congresso Nacional, que d� sustenta��o ao governo, provocou diverg�ncias com o Minist�rio da Economia. Bolsonaro quer que os templos de maior porte passem a pagar tarifas mais baratas de energia el�trica no hor�rio de ponta, iguais �s cobradas durante o dia, quando n�o h� uso de luz nos recintos. Uma minuta enviada pelo Minist�rio das Minas e Energia desagradou aos integrantes da equipe econ�mica, que segue orienta��o de Paulo Guedes, defensor da redu��o de benef�cios estatais desse tipo, segundo fontes da pasta. Apesar da discord�ncia, o minist�rio estuda como aplicar a medida.

E ainda h� um problema dif�cil de destrinchar: o valor a menos que seria pago pelos templos na conta de luz teria de ser arcado por outros consumidores, aumentando o �nus de terceiros. Esse impacto tarif�rio � visto como empecilho para o crescimento do pa�s, considerando-se a energia el�trica como insumo importante para atra��o de novos investimentos.

Bolsonaro j� fez outras “gentilezas” para os evang�licos: conseguiu aprovar no Congresso uma lei de incentivos fiscais a igrejas at� 2032 e tamb�m liberou os templos de realizar as obras de adapta��o para acessibilidade para portadores de necessidades especiais at� o altar e o batist�rio. A resposta de “agradecimento” viria em forma de ajuda das igrejas ao presidente para coletar as milhares de assinaturas necess�rias para criar o novo partido, o Alian�a pelo Brasil.

O objetivo do governo � diminuir a conta de luz de consumidores de maior demanda, como catedrais, bas�licas e outros templos, que pagam tarifas mais caras no hor�rio de ponta, quando s�o feitas muitas celebra��es religiosas. A ideia seria equiparar as tarifas mais caras dos hor�rios de maior consumo �s cobradas no resto do dia. O hor�rio de ponta varia de acordo com cada distribuidora, mas dura tr�s horas seguidas, entre o fim da tarde e o in�cio da noite.

Bolsonaro pretende intensificar sua atua��o como garoto-propaganda do partido que pretende criar, o Alian�a pelo Brasil. Na tentativa de conseguir arrecadar at� mar�o as 491,9 mil assinaturas necess�rias para colocar o partido de p� a tempo de estrear nas elei��es municipais, Bolsonaro deve viajar para 21 estados at� o fim de fevereiro e participar pessoalmente da coleta de apoio em alguns desses locais, principalmente no Nordeste. Segundo a dire��o da legenda em cria��o, 100 mil assinaturas foram recolhidas at� agora.


Evang�licos


Apesar de ser direcionada a todos as religi�es, o alvo principal da medida s�o os evang�licos, que t�m uma bancada forte na base do governo Bolsonaro. O bispo Robson Rodovalho, fundador da Sara Nossa Terra, afirmou que o presidente � “o primeiro a dar real import�ncia �s igrejas”. Segundo ele, um subs�dio assim n�o havia sido discutido at� agora por “falta de vontade pol�tica”.

O s�cio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, Adriano Pires, repudia a medida. “� absurda. N�o d� para governar ref�m de grupos de interesses, porque uma hora vai ser a igreja, outra ser�o os caminhoneiros, outra as montadoras”, critica Pires, que � especialista na �rea de energia. Ele entende que o valor que os templos deixariam de pagar teria de ser custeado por outros consumidores. “� preciso lembrar que a economia � um jogo de soma zero. Se um n�o paga, o outro paga por dois. E como o governo justificaria, por exemplo, que vai subsidiar energia das igrejas e n�o de escolas ou de hospitais?”, afirmou.

O avan�o da pauta conservadora e de medidas de interesse de igrejas n�o acontece ao acaso – segue um roteiro de expans�o de ideias puritanas deliberadamente tra�ado para influenciar pol�ticas p�blicas, de acordo com a soci�loga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Maria das Dores Campos Machado, que estuda o tema h� mais de 15 anos.

A soci�loga afirma que o que classifica como “transfer�ncia de recursos p�blicos para determinados grupos ou segmentos sociais” acontece desde antes do atual governo. “Primeiro, as ideias deles s�o defendidas por institutos e ONGs, criados para disseminar valores ligados � doutrina e � moralidade crist�. Depois esses valores aparecem como iniciativa p�blica", explicou. 

Ela cita a campanha de abstin�ncia defendida pela ministra da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos, Damares Alves. As iniciativas, segundo Maria das Dores, muitas vezes partem de atores do movimento republicano conservador dos Estados Unidos. Um exemplo de organiza��o do tipo � o grupo Capitol Ministries, que � financiado pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e fez em 2019 um evento no Congresso brasileiro.
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)