
A publica��o salienta que Jo�o Doria, governador do maior e mais rico Estado do Pa�s - S�o Paulo -, recebeu amea�as de morte depois de criticar publicamente a viola��o das diretrizes internacionais de sa�de do presidente sobre autoisolamento e distanciamento social. "O impasse entre os dois homens � apenas um ponto de inflama��o em um conflito crescente entre o l�der populista e o establishment pol�tico brasileiro", explicou o texto.
Ap�s um m�s de paralisa��o quase nacional, Bolsonaro insiste cada vez mais em reabrir escolas e empresas e trazer os brasileiros de volta ao trabalho. Ele chamou os bloqueios de "crime" e os governadores, de "matadores de emprego". Mas a ret�rica, salientou o FT, provocou brigas com quase todos os pesos pol�ticos do Brasil, incluindo seu pr�prio ministro da Sa�de - que agora est� discutindo abertamente com o presidente - e tamb�m poderosos governadores como Doria.
A Suprema Corte do Brasil tamb�m expressou preocupa��o com a posi��o de Bolsonaro, sugerindo que poder� intervir se houver uma amea�a � sa�de dos cidad�os. "Voc� est� preparado para assinar a certid�o de �bito dos brasileiros? Voc� que defende a abertura, que minimiza a situa��o em que estamos, vai enterrar as v�timas?", perguntou Doria na segunda-feira, enquanto S�o Paulo lutava para encontrar cemit�rios suficientes para os mortos.
Apesar de ser o centro do surto no Brasil, a cidade de S�o Paulo provou ser uma hist�ria de sucesso em termos de isolamento social, com a epidemia abaixo de 10% dos n�veis regulares e as ruas desertas. Jos� Henrique Germann, secret�rio de Sa�de de S�o Paulo, disse que o surto teria sido 10 vezes pior se n�o fossem as medidas rigorosas. O jornal lembra que a estrat�gia est� sendo espelhada pelos governadores em todo o Brasil e � apoiada por 75% dos brasileiros.
Mas a disciplina come�ou a cair nos �ltimos dias, � medida que a ret�rica de Bolsonaro sobre a volta ao trabalho se torna cada vez mais forte. No domingo, menciona a reportagem, centenas de seus apoiadores se reuniram em S�o Paulo, pedindo a ren�ncia de Doria. No mesmo dia, o governador de Santa Catarina disse que come�aria a diminuir as restri��es de trabalho e movimenta��o.
"O presidente conhece a alma do brasileiro como poucos. Somos um pa�s de dimens�es continentais, com 210 milh�es de habitantes e pobres, com defici�ncias na cobertura de redes de seguran�a para os vulner�veis. As medidas para conter a pandemia devem ser equilibradas", disse Marco Feliciano, retratado como parlamentar e influente pastor evang�lico.
O impasse com os governadores representa um "momento cr�tico" para Bolsonaro, disse ao FT a professora de pol�tica da Universidade Federal de S�o Paulo Esther Solano. O presidente j� estava enfraquecido devido ao relacionamento tenso com o Congresso, � deteriora��o da economia e porque a maioria do povo brasileiro apoia o isolamento social, disse ela. "Agora, os governadores mais importantes est�o contra ele, incluindo Doria, que, devemos lembrar, foi um aliado importante na �ltima elei��o presidencial. Em um pa�s federal, � muito dif�cil para um presidente manter o poder sem os governadores", considerou Esther.
Mandetta - O conflito, no entanto, n�o apenas enredou rivais pol�ticos como Doria, um conservador pr�-mercados que tem ambi��es presidenciais, conforme o jornal. Por dias, Bolsonaro amea�ou demitir Mandetta, que ganhou aplausos de todo o espectro pol�tico por sua abordagem cient�fica e competente da crise. "Acho que Mandetta deveria ouvir um pouco mais o presidente da Rep�blica. Ele precisa de um pouco de humildade para liderar o Brasil neste momento dif�cil", afirmou o presidente.
O FT comentou a informa��o da m�dia local de que o ministro quase foi demitido na segunda-feira, mas sobreviveu apenas por causa de uma interven��o de �ltima hora da influente fac��o militar do gabinete do presidente. "Grande parte do furor em torno de Mandetta parece resultar de sua popularidade. Em uma pesquisa divulgada no domingo, 76% dos entrevistados disseram que seu minist�rio estava fazendo um trabalho ‘bom ou �timo’. Bolsonaro, por outro lado, tem um �ndice de aprova��o de cerca de 33%", comparou o peri�dico.
"Bolsonaro tem a tend�ncia de, sempre que percebe que algu�m tem mais aprova��o do que ele, tentar diminuir essa pessoa, independentemente de a pessoa ser um governador ou seu pr�prio ministro. Ele faz isso o tempo todo ", disse Felipe Rigoni, um parlamentar do Rio de Janeiro.
� medida que a luta interna se intensifica, no entanto, o n�mero de casos de coronav�rus continua a subir, ultrapassando 12 mil na ter�a-feira. Mandetta disse que, como resultado da briga com seu chefe, ele n�o conseguiu trabalhar muito na segunda-feira e que chegou a esvaziar sua mesa para se preparar para sua demiss�o. Ele espera um pico de casos de v�rus no final deste m�s ou no in�cio de maio. "Bolsonaro � respons�vel pela desobedi�ncia do isolamento social e por esses atos absurdos contra as regras de sa�de", disse Fl�vio Dino, governador do Maranh�o. "E ele permanece indiferente aos mortos, doentes e suas fam�lias."