
Para interlocutores do presidente, Wizard se antecipou a uma poss�vel demiss�o ao deixar de atuar como conselheiro do Minist�rio da Sa�de e recusar o cargo no Executivo. A posse dele estava prevista para segunda-feira, 8. No mes,o dia, ele esteve no local para se despedir.
No dia 13 de abril, o empres�rio elogiou as a��es de Doria no enfrentamento � pandemia do coronav�rus. "O Brasil precisa de um gestor como o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria", escreveu na ocasi�o.
Esta mensagem foi repassada a Bolsonaro junto com outras que evidenciavam a proximidade de Wizard com seu advers�rio pol�tico. O empres�rio chegou a se filiar ao PSDB a pedido de Doria, mas depois se desligou. O presidente ent�o pediu mais dados antes de decidir tir�-lo do governo.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o sistema de intelig�ncia particular do presidente tem policiais, agentes dos servi�os de intelig�ncia e aliados. Ainda de madrugada, Bolsonaro costuma selecionar informa��es recebidas no WhatsApp entre aquelas que precisam ser "checadas" por seus assessores ou "cobradas" �s respectivas �reas. O caso Wizard entrou na lista de prioridades de checagem.
Outro motivo que colocou Wizard na berlinda foi sequ�ncia de entrevistas dadas � imprensa antes mesmo de assumir o cargo no governo. Ao jornal O Globo, na sexta-feira, 5, afirmou que os dados de mortos eram "fantasiosos" e que governos estaduais e munic�pios estariam inflando os n�meros para receber mais recursos do governo federal.
O ministro interino da Sa�de, Eduardo Pazuello, teve de atuar como bombeiro. Ele telefonou no domingo para representantes do Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de (Conass) para amenizar o estrago causado pelo empres�rio.
O Conass havia reagido ao que disse Wizard. Em nota, o presidente da entidade, Alberto Beltrame, disse que as acusa��es eram "levianas" e que o governo tentava invisibilizar mortos pelo coronav�rus. "N�o prosperar�. N�s e a sociedade brasileira n�o os esqueceremos e tampouco a trag�dia que se abate sobre a na��o", completou.
Apesar da guinada no discurso sobre a COVID-19 do Minist�rio da Sa�de desde a sa�da do oncologista Nelson Teich, secret�rios de Estados e munic�pios dizem ter melhor rela��o com Pazuello. Como n�o h� mais esperan�a de que o minist�rio lidere a estrat�gia de combate a COVID-19, o que gestores locais argumentam � que o general, ao menos, � mais pr�-ativo para discutir a libera��o de recursos e insumos.
Na noite de domingo, Wizard, por meio de nota, informou que n�o atuaria mais na pasta. "Informo que hoje (7/junho) deixo de atuar como Conselheiro do Minist�rio da Sa�de, na condi��o pro bono. Al�m disso, recebi o convite para assumir a Secretaria de Ci�ncia, Tecnologia e Insumos Estrat�gicos da pasta. Agrade�o ao ministro Eduardo Pazuello pela confian�a, por�m decidi n�o aceitar para continuar me dedicando de forma solid�ria e independente aos trabalhos sociais que iniciei em 2018 em Roraima", declarou Wizard.
O empres�rio lamentou as declara��es que deu nos �ltimos dias, sobre o plano de recontar os mortos pela covid-19, porque haveria irregularidades nas informa��es. "Pe�o desculpas por qualquer ato ou declara��o de minha autoria que tenha sido interpretada como desrespeito aos familiares das v�timas da covid-19 ou profissionais de sa�de que assumiram a nobre miss�o de salvar vidas", afirmou, na nota.
A entrada de Wizard no Minist�rio da Sa�de foi antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo no dia 2 de junho. Dono da Mundo Verde, a maior rede de varejo de alimentos org�nicos do Pa�s, e de marcas como KFC e Pizza Hut no Brasil, o empres�rio atuava como conselheiro de Assuntos Estrat�gicos no minist�rio. O bilion�rio e o ministro interino da Sa�de trabalharam juntos na "Opera��o Acolhida", que ajuda venezuelanos que cruzam a fronteira com o Brasil.
Procurado, Carlos Wizard n�o quis comentar sobre o pedido de averigua��o feito pelo presidente Bolsonaro nem sobre suas rela��es com Doria. O governador de S�o Paulo n�o retornou ao contato da reportagem.