Paulo Guedes e Rodrigo Maia deram entrevista coletiva depois de se reunirem para falar dos gastos p�blicos (foto: Michel Jesus/C�mara dos Deputados)
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afinaram o discurso ap�s duas horas de reuni�o e anunciaram em entrevista coletiva que n�o haver� extrapola��o do teto dos gastos p�blicos. A rea��o conjunta foi resposta a press�es de setores do governo que defendem o estouro do teto para garantir investimentos necess�rios ao pa�s. “Os conselheiros do presidente que est�o aconselhando a pular a cerca e furar teto v�o levar o presidente para uma zona de incerteza, uma zona sombria. Uma zona de impeachment de responsabilidade fiscal. E o presidente sabe disso e tem nos apoiado”, disse Guedes. “N�o tem jeitinho, n�o tem esperteza. O que tem � uma realidade, temos uma carga tribut�ria de mais de 33% do PIB somado ao d�ficit prim�rio. Precisamos entender que essa conta est� dentro do governo e est� dentro do Congresso”, afirmou Maia.
O l�der do PP, Arthur Lira (PP-AL), que atua como l�der informal do governo, tamb�m participou do encontro. Nos �ltimos meses, o assunto voltou ao cen�rio pol�tico e auxiliares do presidente Bolsonaro defendem que seja estourado o teto de gastos para destravar investimentos no pa�s. O teto � uma regra prevista na Constitui��o que impede que as despesas do Or�amento cres�am em ritmo maior do que a infla��o.
Rodrigo Maia e Paulo Guedes est�o alinhados na ideia de que o governo n�o deve gastar mais do que a previs�o or�ament�ria. No governo h� press�o da ala militar e dos ministros como Rog�rio Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarc�sio de Freitas (Infraestrutura) que consideram que o investimento � o melhor caminho para alavancar a economia. Guedes afirmou que vai brigar com ministros que tentarem furar o teto. Ap�s a declara��o que criticou os colegas que defendeu o estouro do teto, ele lembrou o embate que teve Rog�rio Marinho na reuni�o ministerial de 22 de abril.
MAIS BAIXAS NO GOVERNO
Salim Mattar deixou o governo por estar insatisfeito com o ritmo das privatiza��es, segundo Guedes (foto: Valter Campanato/Ag�ncia Senado)
O governo sofreu duas baixas ontem. Os secret�rios especiais de Desestatiza��o, Salim Mattar, e de Desburocratiza��o, Gest�o e Governo Digital, Paulo Uebel, pediram demiss�o, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele deu a informa��o na entrevista coletiva com Rodrigo Maia. “Se me perguntarem se houve debandada hoje, houve”, afirmou Guedes. “Nossa rea��o � debandada que ocorreu hoje vai ser avan�ar com as reformas”, afirmou. Com as sa�das de Mattar e Uebel, s�o seis os integrantes da equipe econ�mica que j� deixaram o governo. S�o eles: Marcos Cintra (ex-secret�rio da Receita Federal, demitido), Caio Megale (ex-diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda), Mansueto Almeida (ex-secret�rio do Tesouro Nacional, que pediu para sair) e Rubem Novaes (ex-presidente do Banco do Brasil).
Salim Mattar deixou o governo por estar insatisfeito com o ritmo das privatiza��es, segundo Guedes (foto: Valter Campanato/Ag�ncia Senado)
Guedes informou que Salim Mattar afirmou que estava insatisfeito com o ritmo das privatiza��es, mas que o governo mant�m o objetivo de fazer privatiza��es. Rubem Novaes tamb�m teria sa�do por causa da impossibilidade de privatizar o Banco do Brasil. “Salim Mattar pediu demiss�o hoje. Isso, na verdade, � um sinal de insatisfa��o com o ritmo de privatiza��es. Mas voc�s t�m que perguntar para o Salim quem � que est� impedindo as privatiza��es. O que ele me disse � que � muito dif�cil privatizar, o Estado n�o deixa privatizar, � muito emperrado”, disse Guedes.
O ministro disse ainda que a proposta do governo sempre foi de transforma��o do Estado, que demanda tamb�m apoio e negocia��o com o Congresso. Ele voltou a dizer que os jornalistas deveriam perguntar a Mattar o que houve, “se ele cansou ou desistiu” desse projeto de governo. “Para fazer a reforma da Previd�ncia, cada um de n�s teve que lutar. Para fazer os leil�es da cess�o onerosa, cada um teve que lutar. Para privatizar, cada um tem que lutar. N�o adianta ficar esperando ajuda do ‘papai do c�u’”, afirmou.
Segundo o ministro, esse processo de “transforma��o do Estado” tem v�rias dimens�es, e as privatiza��es seriam uma delas. “A reforma tribut�ria � uma dimens�o important�ssima. O pacto federativo diz como ser�o distribu�dos esses recursos para estados e munic�pios. As privatiza��es, a mesma coisa”, listou. Segundo Guedes, Uebel tamb�m estava insatisfeito com andamento da reforma administrativa. “Sobre o Paulo Uebel? A reforma administrativa est� parada, ent�o ele reclama que a reforma administrativa parou”, disse Guedes.
Jair Bolsonaro, presidente da Rep�blica: "A nossa pol�tica � de toler�ncia zero. N�o s� para o crime comum, mas tamb�m para a quest�o ambiental. Combater il�citos � essencial para a preserva��o da nossa floresta amaz�nica. Mas n�o � tudo. Temos de desenvolver tamb�m na regi�o o desenvolvimento sustent�vel" (foto: Marcos Corr�a/Presid�ncia da Rep�blica)
Bolsonaro fala em rigor com crimes ambientais
Durante reuni�o virtual com representantes dos pa�ses que integram a Amaz�nia, o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo federal tem “toler�ncia zero” com crimes ambientais na regi�o. Segundo ele, “combater il�citos � essencial para a preserva��o da nossa Amaz�nia”. “Desde setembro do ano passado, temos lutado com firmeza no maior combate ao desmatamento ilegal e aos crimes ambientais. No Brasil, criamos at� uma opera��o denominada Verde Brasil, com participa��o ativa das For�as Armadas. Nosso empenho � grande, � enorme no combate aos focos de inc�ndio e ao desmatamento”, garantiu Bolsonaro.
“A nossa pol�tica � de toler�ncia zero. N�o s� para o crime comum, mas tamb�m para a quest�o ambiental. Combater il�citos � essencial para a preserva��o da nossa floresta amaz�nica. Mas n�o � tudo. Temos de desenvolver tamb�m na regi�o o desenvolvimento sustent�vel”, disse o presidente. “Essa hist�ria de que a Amaz�nia arde em fogo � uma mentira. E n�s devemos combater isso com n�meros verdadeiros. � o que estamos fazendo aqui no Brasil”, completou.
Apesar das declara��es do presidente, informa��es divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na semana passada revelaram que o desmatamento na Amaz�nia cresceu 34% entre agosto de 2019 e julho de 2020 na compara��o com mesmo o intervalo anterior. De acordo com o instituto, a �rea de floresta desmatada na Regi�o Amaz�nica que foi de 6.844 quil�metros quadrados (km²) entre agosto de 2018 e julho de 2019 subiu para 9.205km² nos �ltimos 12 meses. Em julho deste ano, o sistema de Detec��o de Desmatamento em Tempo Real (Deter), sistema utilizado pelo Inpe para controlar a degrada��o da Floresta Amaz�nica, registrou 1.654,32km² de �rea desmatada na Amaz�nia. O �ndice � 28% menor do que o contabilizado em julho do ano passado, que foi de 2.255,33km², mas � o segundo maior j� registrado pelo Inpe.
No seu discurso aos demais presidentes, Bolsonaro ressaltou apenas a diminui��o do desmatamento registrado no m�s passado. “Em julho deste ano, levando em conta julho do ano passado, n�s registramos uma diminui��o de 28% de desmatamento ou queimadas na regi�o, mas mesmo assim somos criticados. Afinal de contas, o Brasil � uma pot�ncia no agroneg�cio. Amea�as existem sobre n�s o tempo todo. E alguns brasileiros trabalham contra n�s nessa quest�o.”
“�MIDA E N�O PEGA FOGO”
O presidente brasileiro ainda garantiu que quem sobrevoar um trecho da Amaz�nia n�o vai ver nenhum foco de inc�ndio ou de desmatamento. O mandat�rio voltou a falar que a floresta amaz�nica � �mida e n�o pega fogo. “Em toda reuni�o que tenho com embaixadores de outros pa�ses que t�m desejo e interesse na amaz�nia, eu os tenho convidado, por exemplo, na �poca do ano em que assim eles bem entenderem, a sobrevoar comigo, dentro do avi�o da for�a a�rea. Pode ser um Bandeirantes. Por exemplo, entre as regi�es de Boa Vista e Manaus, em aproximadamente 600 quil�metros eles n�o achar�o nenhum foco de inc�ndio, nenhum quarto de hectare desmatado, porque essa floresta � preservada por si s�”, destacou.
O encontro de Bolsonaro com os demais pares da Am�rica do Sul marcou a 2ª C�pula Presidencial do Pacto de Let�cia, que coordena a preserva��o dos recursos naturais da regi�o Amaz�nica. Estiveram na videoconfer�ncia o presidente da Col�mbia, Ivan Duque; do Peru, Mart�n Vizcarra; da Bol�via, Jeanine A�ez Ch�vez; e do Equador, Len�n Moreno. O embaixador da Guiana Francesa no Brasil, George Talbot, e o embaixador do Suriname no Brasil, Marlon Mohamed Hoesin, tamb�m participaram.
