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Estado de Minas POL�TICA

Hackers bolsonaristas invadem lives de acad�micos

Em comum, os eventos traziam temas identificados com ideias progressistas - racismo, feminismo, preserva��o da Amaz�nia, viol�ncia policial e rela��es entre civis e militares


13/09/2020 16:00 - atualizado 13/09/2020 16:28

(foto: AFP / Sergio Lima)
(foto: AFP / Sergio Lima)
O ataque foi imediato. "Feij� conclama, Tobias manda...", escreveu um usu�rio que se identificou como policial, citando o hino da PM de S�o Paulo. Outro digitou: "Parab�ns Bolsonaro, parab�ns �s pol�cias, parab�ns ao cidad�o de bem que n�o defende vagabundo." Foram mais 7 mil coment�rios e 30 mil dislikes durante a live Pol�cia pra qu�? Protestos antirracistas e o fim do monop�lio policial, transmitida pelo Instituto de Estudos Comparados em Administra��o Institucional de Conflitos (InEAC), da Universidade Federal Fluminense.

O debate do InEAC-UFF foi um dos mais de 20 alvos de zoombombing, um tipo de ataque �s transmiss�es online - lives, aulas, palestras etc - que vem acontecendo durante a pandemia de covid-19. O �ltimo caso aconteceu anteontem � noite. Em comum, os eventos traziam temas identificados com ideias progressistas - racismo, feminismo, preserva��o da Amaz�nia, viol�ncia policial e rela��es entre civis e militares - ou com cr�ticas ao governo federal. E os hackers, na maioria das vezes, apresentavam-se como bolsonaristas.

"O ataque foi orquestrado por meio de grupos de WhatsApp de policiais no Brasil que receberam a ‘ordem’ de atacar", afirmou a professora Jacqueline Muniz, do Departamento de Seguran�a P�blica da UFF. Os envolvidos na a��o n�o conseguiram derrubar o evento, mas perturbaram a transmiss�o com gracejos, ofendendo as professoras que participavam da live: a pr�pria Jacqueline Diniz e suas colegas Jacqueline Sinhoreto e Marlene Spaniol.

"Se o bicho pegar liguem para o WhatsApp dos Vingadores ou pra Liga da Justi�a", escreveu um invasor. Houve ainda ofensas mis�ginas e coment�rios pol�ticos. "Deslike (sic) pesado! Vamos passar menos vergonha, esquerda!", afirmou outro. Ningu�m pareceu se importar com o fato de que Marlene - que mediou o encontro - ser tamb�m major da Brigada Militar. Por fim, mandaram as debatedoras cuidar de tarefas dom�sticas.

Pornografia

Em dois casos, os professores procuraram a pol�cia para prestar queixa - em Minas e no Rio Grande do Sul - de crime cibern�tico. As a��es afetaram transmiss�es de universidades federais e estaduais de pelo menos nove Estados e do Distrito Federal. Na maioria das vezes, os atacantes invadiram salas de aplicativos, como o Zoom - da� o nome de zoombombing - e o Google Meet.

Passaram a exibir imagens pornogr�ficas e a xingar os participantes. Tamb�m fizeram barulhos e gracejos e tocaram m�sicas para impedir que os debatedores fossem ouvidos. Foi o que aconteceu �s 19h40 de 19 de agosto com a professora Maria Helena de Castro Santos, do Instituto de Rela��es Internacionais (IREL), da Universidade de Bras�lia (UnB).

Havia 40 minutos que ela come�ara a falar quando, de repente, a audi�ncia na plataforma online deu um salto. Em segundos, come�aram os ru�dos desconexos, a m�sica alta, os xingamentos, os gracejos e a pornografia. Quem tentava acompanhar a palestra sobre as rela��es entre civis e militares, como o capit�o de mar e guerra Jos� Gustavo Poppe de Figueiredo e o professor Matias Specktor, n�o conseguia mais ouvir a professora. "S�o pr�ticas fascistas, ataques � liberdade de express�o", afirmou a professora.

Para deter o ataque em Bras�lia, a organiza��o tentou retirar os perfis falsos - uma dezena - que invadiram a sala do Google Meet, mas eles voltavam. Foi preciso reiniciar o encontro em novo link para prosseguir. Na opera��o, metade dos alunos perdeu a sequ�ncia da aula.

No Cear�, foram registrados dois ataques. O �ltimo deles foi ao curso For�as Armadas e a Constru��o da Na��o, da Universidade Integra��o Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab). Ali tamb�m pornografia e mensagens pr�-Bolsonaro interromperam a aula de dois professores. Cerca de 15 perfis falsos foram usados na a��o.

Unicamp

Em S�o Paulo, hackers atingiram o webin�rio Atl�ntico Negro, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A sala do evento foi invadida por vozes e imagens que impediram a professora Lucilene Reginaldo de falar. O reitor Marcelo Knobel classificou o ato como "racista". "Ao gesto mesquinho que procura intimidar o conhecimento e a verdade, interpomos nosso compromisso de que continuaremos ao lado do cidad�o e da cidadania, promovendo a universidade como espa�o plural", disse em nota.

Nos �ltimos dias, aconteceu o terceiro ataque a um evento do InEAC. Entre os participantes da live Cultura e Racismo estava a cineasta �thel de Oliveira, que dirigiu o document�rio Sementes, mulheres pretas no poder. As vozes dos debatedores ficaram inaud�veis at� que o invasor anunciou: "Bolsonaro!"
Respons�vel pela transmiss�o e coordenador do Laborat�rio de Estudos Multim�dia do InEAC, Claudio Sales, afirmou que perdeu o controle do computador na transmiss�o, algo novo em rela��o �s a��es anteriores.

Segundo ele, no primeiro ataque, os hackers usaram imagens de videogames de guerra para derrubar um evento. Para evitar a��es desse tipo, as transmiss�es passaram a ser geradas por meio de um aplicativo e transmitidas pelo YouTube.

De acordo com Sales, o segundo ataque atingiu o debate das professoras sobre a pol�cia e usou rob�s em um chat para inviabilizar a participa��o da audi�ncia, que deseja enviar perguntas. "Quando isso acontece, s� nos resta fechar a se��o de coment�rios." Contra a a��o, Sales ainda n�o sabe o que fazer. At� agora, nenhum dos hackers foi identificado. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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