Caso do senador com dinheiro na cueca vai para conselho de �tica do Senado

As investiga��es que miram o senador Chico Rodrigues (DEM/RR), bem como a determina��o do afastamento dele do cargo, por decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF), impactaram parlamentares da Casa, em especial, os colegas de legenda.

A articula��o dos aliados � para que o investigado deixe temporariamente o mandato por iniciativa pr�pria. Sem acesso ao processo, muitos preferiram manter a discri��o ao comentar o caso.

Nessa quarta-feira (15), o senador foi flagrado pela PF com dinheiro de origem suspeita na cueca. Chico Rodrigues teria tentado esconder quase R$ 18 mil durante a opera��o policial. A PGR afirma que ainda n�o � poss�vel saber a origem do dinheiro. Na noite dessa quinta, durante live, o presidente Bolsonaro, de quem o senador � antigo aliado, tentou se explicar.

O grupo Muda Senado, que inclui parlamentares de v�rios partidos, elabora uma representa��o por quebra de decoro parlamentar, a ser apresentada � Comiss�o de �tica, na pr�xima segunda-feira.

Um dos integrantes do grupo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que tamb�m � l�der da oposi��o, anunciou em v�deo a iniciativa. Disse que a conduta do senador � “incompat�vel com a conduta �tica e com o decoro”. Ele tamb�m declarou apoio � decis�o do ministro Lu�s Roberto Barroso, do STF, de afastar o pol�tico, o que outros parlamentares recha�aram.

Ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro e integrante do Muda Senado, o senador Major Ol�mpio (PSL-SP) assinou a representa��o. Ele destacou que a a��o visa dar oportunidade ao investigado de esclarecer os fatos na Casa. “� para ajudar e ter um est�mulo para que o senador acusado tenha o direito e foro pr�prio para se defender e apresentar suas argumenta��es”, justificou.

A iniciativa do Muda Senado, por�m, revelou o calor dos �nimos. Apoiadores do chefe do Executivo destacaram que “alguns signat�rios” da representa��o contra Chico Rodrigues tamb�m respondem a procedimentos no conselho. “Vai passar o do Chico na frente?”, questionou um deles.

O presidente do Conselho de �tica do Senado, Jayme Campos (DEM/MT), disse que, antes de especular os pr�ximos passos, � preciso aguardar o documento ser protocolado. “Se, eventualmente, encaminharem ao conselho ou aos setores competentes, a� vamos ver. Por enquanto, est� nas m�os da Justi�a, e um posicionamento de forma precipitada, antecipada, poderia n�o passar de mera especula��o e ju�zo de valor. � necess�rio aguardar”, ressaltou.

A espera para uma aprecia��o no conselho pode ser longa, principalmente, porque precisa respeitar a ordem da pauta, que j� prev� outras delibera��es, paradas devido � pandemia. “� preciso respeitar o cronograma das den�ncias. Sobretudo, porque h� materiais acumulados pelo tempo em que as atividades foram interrompidas”, alegou Campos, colega de legenda de Chico.

Aliados de Bolsonaro pedem cautela e destacam que, primeiro, ainda n�o h� acusa��o formal contra o senador e, segundo, ele precisa ter o direito de se defender. Uma das vers�es que correm � que o dinheiro teria proced�ncia, que Chico Rodrigues n�o teria premeditado esconder os valores e que botou a soma na roupa em um momento de nervosismo. “Agora, temos que ouvi-lo. Por que n�o deixou o dinheiro na mesa, j� que tinha origem?”, questionou Campos.

O DEM solicitou, ontem, ao STF, o acesso ao inqu�rito. “O ato tem como objetivo analisar eventual desrespeito aos princ�pios �ticos do Democratas, previstos estatutariamente”, explicou o partido, por meio de nota oficial.

O Departamento Jur�dico da legenda acompanha os desdobramentos. “Estamos atentos a todos os detalhes da investiga��o e, havendo a comprova��o da pr�tica de atos il�citos pelo parlamentar, a Executiva Nacional aplicar� as san��es disciplinares previstas no Estatuto do partido”, enfatizou a sigla. As medidas v�o desde advert�ncias � suspens�o das atividades partid�rias, expuls�o e cancelamento da filia��o", diz um trecho da nota do DEM.