
Ao desautorizar o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, e afirmar que o governo federal n�o tem inten��o de comprar a vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uso de um argumento t�cnico para justificar sua posi��o.
Disse que antes de ser disponibilizada � popula��o, a vacina dever� ser comprovada cientificamente pelo Minist�rio da Sa�de e certificada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). Ele acrescentou que n�o justifica “um bilion�rio aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou sua fase de testagem”.
Disse que antes de ser disponibilizada � popula��o, a vacina dever� ser comprovada cientificamente pelo Minist�rio da Sa�de e certificada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). Ele acrescentou que n�o justifica “um bilion�rio aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou sua fase de testagem”.
Desde o in�cio da pandemia, por�m, Bolsonaro negligenciou recomenda��es de autoridades m�dicas e sanit�rias e estudos cient�ficos ao defender o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19, apesar da aus�ncia de comprova��o da efic�cia dos medicamentos. As declara��es de ontem, alegando observa��o de regras da ci�ncia para recusar a vacina chinesa, surpreenderam os especialistas e a comunidade cient�fica.
“Fica a li��o. Eleger l�deres que partidarizam ci�ncia ambiental, do aquecimento global, de reprodu��o, evolu��o, etc. � pedir pra partidarizarem a ci�ncia que cuida da sua sa�de tamb�m. E jogar sua sa�de no lixo em favor da ret�rica”, afirmou o bi�logo e pesquisador Atila Iamarino em postagem no Twitter.
O pesquisador em sa�de p�blica da Fiocruz Marcelo Gomes tamb�m comentou o contrassenso das posi��es de Bolsonaro. “Nessa briga pol�tica vacina AstraZeneca/Oxford/Fiocruz (“do Bolsonaro”) x vacina Sinovac/Butantan (“do Doria”), tem um vencedor e um derrotado claros: o v�rus (v) e o povo brasileiro (d). � brincar com as nossas vidas”, avaliou o cientista nas redes sociais.
CR�TICA
Estudo publicado em maio pela revista cient�fica The Lancet levou a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) a suspender os estudos com a cloroquina. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou nota afirmando que o uso de hidroxicloroquina deve ser abandonado em qualquer fase do tratamento de COVID-19. A advert�ncia da SBI tem como base os resultados de dois estudos realizados nos Estado Unidos e no Canad� que constataram que o uso da cloroquina nos est�gios iniciais da doen�a n�o teve resultados.
Em julho, Bolsonaro exibiu caixa do medicamento em cima da mesa e chegou a tom�-la nas m�os durante pronunciamento numa live pelo Facebook. Na ocasi�o, o presidente se confundiu e trope�ou nas palavras na hora de falar sobre o rem�dio, mas deixou clara a sua posi��o em defesa do rem�dio. “Se n�o tem alternativa, por que proibir? ‘Ah, n�o tem comprova��o cient�fica que seja eficaz.’ Mas tamb�m n�o tem comprova��o cient�fica que n�o tem comprova��o eficaz. Nem que n�o tem, nem que tem”, disse Bolsonaro.
O presidente tamb�m revelou que tomou o verm�fugo nitazoxadina, que, assim como a cloroquina, n�o tem comprova��o cient�fica de que pode ser usado no tratamento do coronav�rus. Em 22 de julho, ao anunciar que testou positivo para COVID-19, o chefe do executivo destacou que estava tomando hidroxicloroquina e disse que se sentiu melhor ap�s usar o medicamento.
“Tomei a cloroquina e a azitromicina. O primeiro comprimido ontem (segunda-feira 22/7), foi ministrado e confesso que depois da 0h eu consegui sentir uma melhora. �s 5h, tomei o segundo comprimido de cloroquina e estou perfeitamente bem. A rea��o foi quase imediata. Poucas horas depois, eu j� tava me sentindo muito bem”, afirmou.
Em evento realizado em agosto, no Pal�cio do Planalto, chamado "Brasil vencendo a COVID-19," o presidente voltou a defender o medicamento. Na data, o pa�s chegava a quase 115 mil mortos por COVID-19. Na cerim�nia, Bolsonaro reuniu m�dicos entusiastas da hidroxicloroquina e membros do governo em defesa do uso do composto no combate � doen�a.
“Eu sei que n�o tem (comprova��o cient�fica). Como sempre citei, na guerra da Coreia, os soldados chegavam feridos, n�o tinha ningu�m para doar sangue, e acabaram botando na veia deles �gua de coco. E deu certo. Se esperasse comprova��o cient�fica, o que no futuro poderia se ver que muitas vidas poderiam ter sido salvas com �gua de coco”, disse.
Embaixador chin�s destaca investimentos no pa�s
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, usou as redes sociais para ressaltar os investimentos bilion�rios de empresas chinesas no Brasil. A postagem foi feita ap�s declara��es de ontem do presidente Jair Bolsonaro, que, contradizendo o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, afirmou que o governo brasileiro n�o vai comprar a vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
“Nos �ltimos dois anos, empresas chinesas investiram no Brasil mais de US$ 15 bilh�es em agricultura, nova energia, telecomunica��o, eletricidade, petr�leo, infraestrutura, log�stica, etc., com mais US$ 5 bilh�es de novos investimentos j� acordados. O total investido no pa�s j� superou US$ 80 bilh�es e chegar� em US$ 109 bilh�es em tr�s a cinco anos. As empresas chinesas no Brasil criaram mais de 50 mil empregos diretos”, afirmou o embaixador Wanming pelo Twitter.
COMPROVA��O CIENT�FICA
Em publica��o pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro disse que antes de ser disponibilizada � popula��o, a vacina dever� ser comprovada cientificamente pelo Minist�rio da Sa�de e certificada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). De acordo com o chefe do Executivo, “o povo n�o ser� cobaia de ningu�m. N�o se justifica um bilion�rio aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decis�o � a de n�o adquirir a referida vacina”, afirmou o presidente.
As afirma��es do presidente se somam � repercuss�es negativas geradas por negocia��es entre os Estados Unidos e o Brasil realizadas na ter�a-feira. O governo americano sinalizou que est� disposto a investir para que operadoras de telecomunica��es no pa�s n�o comprem equipamentos de empresas chinesas.
O governo brasileiro estuda se ir� vetar � chinesa Huawei o fornecimento de equipamentos para a rede 5G, cujo leil�o entre as operadoras deve ocorrer em 2021.
* Estagi�rio sob supervis�o do editor Paulo Nogueira