
No artigo, R�go Barros afirma que o poder “inebria, corrompe e destr�i” e aponta para uma poss�vel dificuldade de Bolsonaro compreender cr�ticas e reconhecer os pr�prios erros, levando em conta apenas os coment�rios favor�veis ao governo.
“Os l�deres atuais, ap�s alcan�arem suas vit�rias nos coliseus eleitorais, s�o tragados pelos coment�rios babosos dos que o cercam ou pelas demonstra��es alucinadas de seguidores de ocasi�o”, publicou o ex-porta-voz.
R�go Barros tamb�m criticou indiretamente a mudan�a de postura de Bolsonaro. O ex-integrante do Pal�cio do Planalto relembrou a altera��o do discurso entre a campanha eleitoral - no qual classificou como “pe�a publicit�ria” - e a vit�ria nas urnas.
“� doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais, com vistas a convencer-nos a depositar nosso voto nas urnas eletr�nicas, s�o meras pe�as publicit�rias, talhadas para aquele momento. Valem tanto quanto uma nota de sete reais. T�o logo o mandato se inicia, aqueles planos s�o paulatinamente esquecidos diante das dificuldades pol�ticas por implement�-los ou mesmo por outros mesquinhos interesses.”
Auxiliares de Bolsonaro tamb�m foram citados indiretamente no artigo assinado por R�go Barros. O ex-porta-voz sinalizou que alguns integrantes do governo s�o “abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas”. Vale lembrar que o ex-membro do Pal�cio do Planalto perdeu espa�o ao longo do tempo no governo, principalmente depois que o presidente lan�ou o Minist�rio das Comunica��es.
Para R�go Barros, alguns auxiliares que ainda continuam no governo concordam com tudo o que acontece por conveni�ncia.
“Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobreviv�ncia, assume uma confort�vel mudez. S�o esses, seguidores subservientes que n�o praticam, por interesses pessoais, a discord�ncia leal”, pontua.
R�go Barros finalizou o artigo fazendo um “alerta” para a popula��o, principalmente aos eleitores de Bolsonaro.
“A popula��o, como �rbitro supremo da atividade pol�tica, ser� obrigada a demarcar um rio Rubic�o cuja ilegal transposi��o por um governante piroman�aco ser� rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo romano, ela dever� sussurrar aos ouvidos dos pol�ticos que lhes mereceram seu voto: — “Lembra-te da pr�xima elei��o!”, conclui.
Leia, na �ntegra, o artigo de R�go Barros
Legi�es acampadas. Entusiasmo nas cent�rias extasiadas pela vit�ria. Estandartes tomados aos inimigos s�o al�ados ao vento, trof�us das �picas conquistas. O general romano atravessa o lend�rio rio Rubic�o. Aproxima-se calmamente das portas da Cidade Eterna. Vai ao encontro dos aplausos da plebe rude e ignara, e do reconhecimento dos nobres no Senado. Faz-se acompanhar apenas de uma pequena guarda e de escravos cuja miss�o � sussurrar incessantemente aos seus ouvidos vitoriosos: “Memento Mori!” — lembra-te que �s mortal!
O escravo que se coloca ao lado do galardoado chefe, o faz recordar-se de sua natureza humana. A ova��o de autoridades, de gente cr�dula e de muitos aduladores, poder� toldar-lhe o senso de realidade. Infelizmente, nos deparamos hoje com posturas que ofendem �queles costumes romanos. Os l�deres atuais, ap�s alcan�arem suas vit�rias nos coliseus eleitorais, s�o tragados pelos coment�rios babosos dos que o cercam ou pelas demonstra��es alucinadas de seguidores de ocasi�o.
� doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais, com vistas a convencer-nos a depositar nosso voto nas urnas eletr�nicas, s�o meras pe�as publicit�rias, talhadas para aquele momento. Valem tanto quanto uma nota de sete reais.
T�o logo o mandato se inicia, aqueles planos s�o paulatinamente esquecidos diante das dificuldades pol�ticas por implement�-los ou mesmo por outros mesquinhos interesses. Os assessores leais — escravos modernos — que sussurram os conselhos de humildade e bom senso aos eleitos chegam a ficar roucos.
Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobreviv�ncia, assume uma confort�vel mudez. S�o esses, seguidores subservientes que n�o praticam, por interesses pessoais, a discord�ncia leal.
Entendam a discord�ncia leal, um conceito vigente em for�as armadas profissionais, como a a��o verbal bem pensada e bem-intencionada, �s vezes contr�ria aos pensamentos em voga, para ajudar um l�der a cumprir sua miss�o com sucesso.
A autoridade muito rapidamente incorpora a cren�a de ter sido al�ada ao olimpo por decis�o divina, raz�o pela qual n�o precisa e n�o quer escutar as vaias. N�o aceita ser contradita. Basta-se a si mesmo. Sua audi��o seletiva acolhe apenas as palmas. A soberba lhe cai como veste. V�-se sempre como o vencedor na batalha de Zama, nunca como o derrotado na batalha de Canas.
Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destr�i! E se n�o h� mais escravos discordantes leais a cochichar: “Lembra-te que �s mortal”, a estabilidade pol�tica do imp�rio est� sob risco.
As demais institui��es dessa rep�blica — parte da tr�ade do poder — precisar�o, ent�o, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advir�o como decis�es do “imperador imortal”. Dever�o ser firmes, n�o recuar diante de press�es. A imprensa, sempre ela, dever� fortalecer-se na �tica para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo � popula��o os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do C�sar.
A popula��o, como �rbitro supremo da atividade pol�tica, ser� obrigada a demarcar um rio Rubic�o cuja ilegal transposi��o por um governante piroman�aco ser� rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo romano, ela dever� sussurrar aos ouvidos dos pol�ticos que lhes mereceram seu voto: — “Lembra-te da pr�xima elei��o!”
Paz e bem!