
Evang�lico, defensor da fam�lia tradicional e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Wesley Moreira de Pinho, o Wesley Autoescola (Pros), foi um dos 17 reeleitos � C�mara Municipal de Belo Horizonte. Os 4.958 votos recebidos credenciaram o parlamentar, de 43 anos, a iniciar, em 2021, o segundo mandato. O ex-comandante da Frente Crist� do Legislativo municipal garante se guiar pelas escrituras consideradas sagradas por sua religi�o. “Quero ter a B�blia como minha regra de f� e pr�tica”, sustenta em entrevista, ao Estado de Minas.
Instrutor de tr�nsito h� duas d�cadas, Wesley almeja ser a “voz” de motoristas de aplicativo, mas sabe que os vereadores n�o t�m compet�ncia legal para prometer a resolu��o de todos os problemas que afligem a classe. Ferrenho defensor do Escola sem Partido, projeto que quer proibir professores da rede municipais de emitir opini�es pol�ticas em sala de aula, ele confia no aval � proposta em segundo turno. “O que pode acontecer � a esquerda travar a pauta ou bloquear a vota��o. Mas a gente consegue articular de maneira tranquila para ser aprovado”, afirma. Questionado sobre alega��es dos que chamam o texto de inconstitucional, recorreu ao respaldo dado pela Comiss�o de Legisla��o e Justi�a (CLJ) da C�mara.
Wesley Autoescola ganhou holofotes em julho, quando os vereadores rejeitaram a mo��o de aplausos a Bolsonaro por suposta “atua��o exemplar e valorosa” ante a pandemia do novo coronav�rus. Um dos autores do texto, ele assegura que a derrubada do requerimento n�o afetou a rela��o com os colegas. “Houve muito mais a preocupa��o de alguns vereadores pela proximidade do pleito”, sugere, dando a entender que parte dos parlamentares, ao rejeitar a ideia, se posicionou assim em virtude da elei��o que se avizinhava.
Qual a principal bandeira de seu segundo mandato?
Sou evang�lico desde o ber�o e filho de pastor. A bandeira que carrego � das ideologias conservadoras. Quero ter a B�blia como minha regra de f� e pr�tica. � algo de que a gente n�o consegue abrir m�o. Hoje, a pol�tica est� muito dividida entre extremos: esquerda e direita, conservadores e liberais. Tenho princ�pios conservadores, como a (defesa da) fam�lia. Presidi a Frente Parlamentar Crist� e, provavelmente, reassumirei em dezembro. Me envolvo com quest�es de mobilidade urbana, do transporte coletivo e dos aplicativos. Defendo, principalmente, esses motoristas. Hoje, h� aproximadamente 20 mil motoristas de aplicativo (em BH). Fui muito procurado por eles durante a campanha. Fizemos algumas parcerias, principalmente pela situa��o prec�ria em que est�o. Uber e 99 diminu�ram, e muito, o repasse a eles, que precisam de uma voz.
O que pode fazer para ajudar motoristas vinculados a empresas globais, como a Uber?
O cargo de vereador limita muito minha atua��o. N�o posso legislar obrigando uma empresa a aumentar repasses, pagar mais ou valorizar seus funcion�rios. Isso n�o cabe a vereadores, ao prefeito ou a presidente. Mas a C�mara Municipal � a casa do povo. Podemos chamar audi�ncias p�blicas para debater essa situa��o, convidando — ou convocando — representantes das empresas. Eles v�o ter que falar e ouvir. A casa do povo serve para repercutir e mostrar as dores que motoristas t�m enfrentado, principalmente com as promo��es que t�m colocado nas plataformas. Um motorista que, h� seis anos, ganhava entre R$ 30 e R$ 40 em determinada corrida, hoje est� ganhando R$ 27, mesmo tendo o custo acrescido. Tenho a consci�ncia que n�o posso legislar nesse sentido, mas a C�mara ecoa a voz do povo.
Como integrante da bancada crist�, confia que, mesmo ante a renova��o da Casa, o Escola sem Partido passa em 2º turno?
N�o temos muitas dificuldades para aprov�-lo. A esquerda diminuiu. T�nhamos cinco vereadores de extrema esquerda — dois do Psol, dois do PT e um do PCdoB. Agora, teremos dois do PT e dois do Psol. Os vereadores do Novo s�o alinhados ao Escola sem Partido, a n�o ser que os eleitos agora pensem de maneira diferente. A aprova��o do projeto em segundo turno � muito tranquila. � maioria simples (para aprova��o). A Proposta de Emenda � Lei Org�nica (Pelo) sobre ideologia de g�nero, que queremos colocar, pode enfrentar mais dificuldades, pois s�o 28 votos (para aprova��o). Quanto ao Escola sem Partido, o que pode acontecer � a esquerda travar a pauta ou bloquear a vota��o. Mas a gente consegue articular de maneira tranquila para ser aprovado. E, com certeza, vamos mud�-lo bastante antes da vota��o.
Como o senhor responde aos que questionam a constitucionalidade do projeto?
Infelizmente, em v�rias situa��es, o parecer de inconstitucionalidade � muito mais pol�tico do que jur�dico. O projeto tem o parecer de constitucionalidade da Comiss�o de Legisla��o e Justi�a (CLJ), pelo vereador Irlan Melo (PSD), que � um advogado muito respeitado na cidade. Ele fez toda base de constitucionalidade. Ent�o, � uma discuss�o muito tranquila nesse quesito.
O senhor foi um dos que apresentou a mo��o de aplausos a Bolsonaro pela atua��o na pandemia. Como foi a rela��o com os vereadores contr�rios � mo��o?
Temos um presidente cujo �ndice de popularidade s� sobe. No momento da rejei��o da mo��o, houve muito mais a preocupa��o de alguns vereadores pela proximidade do pleito. O �nico vereador para o qual Bolsonaro pediu votos diretamente (Nikolas Ferreira, PRTB) foi o segundo colocado, com quase 30 mil votos. Tenho certeza de que, em 2022, muitos vereadores que se candidataram v�o querer estar pr�ximos de Bolsonaro.