
“J� estamos vivendo uma megaepidemia, com vi�s de alta. Estamos, praticamente, com todas as capitais do Nordeste — e conversei com Rio Grande do Norte, Fortaleza e Jo�o Pessoa — l� em cima (nos n�meros da pandemia). Todos tentando fazer um tipo de lockdown ou algo similar. O Rio Grande do Sul, nesta semana, vai passar por um problema de estrangulamento, que � quando n�o h� mais leitos dispon�veis em todo o estado. No Sudeste — em S�o Paulo, Minas e Rio de Janeiro — sempre o aumento de casos � entre mar�o e abril. A tend�ncia � que o Sudeste aumente os casos progressivamente. A velocidade com que o v�rus est� se propagando � muito mais r�pida que a velocidade da vacina��o”, sentenciou, � reportagem, nessa quarta-feira (24/02)..
Em janeiro, o ex-chefe da sa�de federal disse, � TV Cultura, que o pa�s poderia enfrentar a “megapandemia” em 60 dias se as muta��es n�o fossem monitoradas adequadamente. Em algumas localidades, contudo, os efeitos j� s�o sentidos. Em solo amazonense, o n�mero de mortes por COVID-19 contabilizadas neste ano — 5.314 — j� superou o de 2020, quando foram 5.285 baixas. Os dados de 2021, vale lembrar, contemplam �bitos do ano passado, mas oficializados ap�s investiga��o.
Ao todo, o Brasil soma 10.324.463 casos e 249.957�bitos. Em 45 dias, foram registradas 50 mil mortes e, antes mesmo do fim deste m�s, as 200 mil v�timas contabilizadas em janeiro transformaram-se em quase 250 mil.
“O governador do Distrito Federal (Ibaneis Rocha, do MDB) quer fechar Bras�lia, para que n�o entre gente de Goi�s ou do Tocantins. J� come�a a haver esse tipo de situa��o, em que irm�o desconhece irm�o, por conta da absoluta falta de preven��o, absoluta falta de clareza sobre tratamentos e vagas e hospitais. M�dicos, enfermeiros e fisioterapeutas est�o esgotados. Muitos morreram dessa doen�a, assim como muitas esposas, pais e filhos. Eles est�o para l� de esgotados, o que gera uma somat�ria muito complexa para calcular o tamanho do que vem pela frente”, vislumbrou.
Reflexos se aproximam
A pandemia fez com que o pa�s direcionasse o sistema de sa�de ao enfrentamento do v�rus. Assim, procedimentos tidos como menos graves acabaram cancelados. Consultas m�dicas e exames de rotina tamb�m ficaram em segundo plano. Para Mandetta, os efeitos podem ser sentidos agora. Apressar a vacina��o pode diminuir o problema que se avizinha.
“Casos de c�ncer e cirurgias que deveriam ter sido feitas em 2020, agora chegam tardias. Muita gente chegando por n�o ter feito check-up ou preven��o card�aca. Esse somat�rio de coisas antev� total falta de preparo do pa�s para lidar com o semestre. Espero que Fiocruz e Butantan comecem a produzir em escala maior, para a gente chegar em julho pelo menos com a popula��o de maior risco vacinada”.
Na proje��o otimista tra�ada pelo ex-ministro, o pa�s precisa encerrar o ano com a estrat�gia de imuniza��o atingindo, ao menos, 160 milh�es de pessoas.
Hist�rico
Ministro da Sa�de entre janeiro de 2019 e abril do ano passado, Mandetta foi demitido por Jair Bolsonaro (sem partido). Enquanto o ent�o chefe da sa�de federal defendia a ado��o de medidas restritivas, o presidente se mostrava c�tico em rela��o a a��es do tipo.
Ele foi substitu�do pelo oncologista Nelson Teich, que durou menos de um m�s no posto. O cargo foi ocupado pelo general Eduardo Pazuello, tido como especialista em log�stica. O militar assumiu interinamente e, tempos depois, acabou efetivado.
A entrevista
O Estado de Minas publica, nesta quinta (25), trechos de entrevista exclusiva com Luiz Henrique Mandetta. A conversa ocorreu �s v�speras do primeiro caso de COVID-19 no pa�s, registrado em 26 de fevereiro do ano passado, completar um ano. � ocasi�o, ele era o ministro da Sa�de. A �ntegra vai ao ar nesta sexta (26), nas p�ginas impressas do jornal e na internet.