
“Eu sei que eu fui v�tima da maior mentira jur�dica contada em 500 anos de hist�ria. Sei que minha mulher, Marisa (Let�cia), morreu por conta da press�o, e o AVC se apressou. Fui proibido at� de visitar meu irm�o dentro de um caix�o, porque tomaram uma decis�o que queriam que fosse para S�o Paulo, fosse a um quartel do segundo Ex�rcito do Ibirapuera, e meu irm�o, dentro do caix�o, fosse me visitar. E ainda disseram que n�o podia nenhuma fotografia. Se tem um brasileiro que tem raz�o de ter muitas e profundas m�goas sou eu, mas n�o tenho”, disse Lula, durante pronunciamento nesta quarta.
Mais � frente, Lula criticou o presidente Bolsonaro no combate � pandemia. Disse que "presidente n�o � eleito para falar bobagens", referindo-se � defesa da cloroquina como forma de tratamento, em ve de valorizar a vacina como preven��o.
O pronunciamento aconteceu no Sindicato dos Metal�rgicos do ABC, em S�o Bernardo do Campo, cidade do interior paulista. Ele seria realizado nessa ter�a-feira (09/03), mas foi adiada ap�s Gilmar Mendes, ministro do STF, incluir na pauta do dia da Segunda Turma da Corte a an�lise do recurso sobre a suspei��o do ex-juiz e Sergio Moro nas a��es contra Lula.
“O sofrimento que o povo brasileiro est� passando, que as pessoas est�o passando, � infinitamente maior que qualquer crime que cometeram contra mim. Maior que cada dor que sentia quando estava preso na Pol�cia Federal. N�o tem dor maior para homem ou mulher do que levantar de manh� e n�o ter certeza de caf� e p�o com manteiga, do que chegar no almo�o e n�o ter feij�o com farinha ao filho. A dor que eu sinto n�o � nada diante da dor que sofrem milhoes e milhoes de pessoas”, completou o ex-presidente.
Na decis�o favor�vel a Lula, Fachin alega que a Justi�a Federal do Paran�, respons�vel pelas senten�as, n�o tem compet�ncia para deliberar sobre as investiga��es do s�tio de Atibaia, do triplex do Guaruj�, e das doa��es ao Instituto Lula. A decis�o foi tomada monocraticamente.
Os processos de Lula seguem, agora, � Justi�a Federal do Distrito Federal, que vai reanalisar os casos e avaliar se parte dos autos confeccionados pela vara de Curitiba poder� ser utilizada.
A defesa de Lula havia pedido habeas corpus sobre as senten�as da Lava-Jato em novembro do ano passado. A solicita��o deu origem ao relat�rio de Edson Fachin.
No texto, o magistrado argumenta que n�o h� como associar a Petrobras � Odebrecht, cuja rela��o com Lula est� no cerne dos processos.
“N�o h�, contudo, o apontamento de qualquer ato praticado pelo paciente no contexto das espec�ficas contrata��es realizadas pelo Grupo Odebrecht com a Petrobras S/A, o que afasta, por igual, a compet�ncia da 13ª Vara Federal de Curitiba ao processo e julgamento das acusa��es”, l�-se em trecho do documento.
A decis�o de segunda anula o pedido de suspei��o de Moro, tamb�m solicitada por Lula em outro habeas corpus.
Hist�rico
Em 14 de setembro de 2016, o Minist�rio P�blico Federal denunciou Lula e mais sete pessoas pelos crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro. Em 20 de setembro de 2016, Moro aceitou a den�ncia e Lula tornou-se r�u na Opera��o Lava-Jato.
Preso em 7 de abril de 2018 ap�s se entregar � Pol�cia Federal, Lula permaneceu na cadeia por 580 dias. Ele foi condenado por Moro a nove anos e seis meses de pris�o.
Na segunda inst�ncia, a pena foi aumentada para 12 anos e um m�s. Em abril de 2019, numa decis�o un�nime, a 5ª Turma do STJ manteve a condena��o de Lula e reduziu a pena para oito anos e 10 meses por corrup��o passiva e a de lavagem de dinheiro de 12 anos e 1 m�s para oito anos e 10 meses de pris�o.
Lula est� livre desde novembro de 2019, quando a pris�o em 2ª inst�ncia foi derrubada.