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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Bolsonaro e crise nacional abrem caminho para di�logo entre PSDB e PT

Antagonistas na pol�tica brasileira desde a d�cada de 1990, caciques dos dois partidos iniciam busca por unidade no antagonismo ao atual presidente


22/03/2021 13:00 - atualizado 22/03/2021 14:49

Ex-presidentes, FHC e Lula podem se reunir para selar 'parceria' entre PSDB e PT(foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Ex-presidentes, FHC e Lula podem se reunir para selar 'parceria' entre PSDB e PT (foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Antagonistas na pol�tica nacional desde a d�cada de 1990, o PT e o PSDB selaram uma tr�gua e est�o pela primeira vez alinhados em v�rias frentes contra o presidente Jair Bolsonaro. A principal delas � o F�rum dos Governadores, onde tucanos e petistas t�m se apoiado mutuamente e at� trocado elogios. Eleito em S�o Paulo com um forte discurso antipetista, Jo�o Doria abriu m�o do protagonismo e defendeu a escolha do governador Wellington Dias (PT), do Piau�, como coordenador das discuss�es sobre vacinas contra COVID-19 no F�rum de Governadores.

Interlocutores do Pal�cio dos Bandeirantes - sede do governo paulista - falam em um "pacto de n�o agress�o", enquanto lideran�as dos dois partidos at� admitem estar juntos no segundo turno da elei��o presidencial de 2022, a depender de quem disputar a rodada decisiva. A rela��o entre os governadores se estreitou ainda mais ap�s o governo federal acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) com uma a��o de inconstitucionalidade para tentar derrubar os decretos de restri��o de locomo��o de pessoas adotados pelos governadores do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul para combater o coronav�rus. Emiss�rios do PT e PSDB querem ainda reunir os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, que v� com entusiasmo a iniciativa.

"Da minha parte estou aberto a conversar. � necess�rio. Na minha concep��o, � preciso definir quem � o inimigo principal. Se � o Bolsonaro, como a gente ganha dele? E ganhar para fazer o qu�? Essas s�o as duas quest�es postas", disse FHC ao Estad�o.

Os petistas pretendem usar o combate � pandemia para abrir o di�logo. Apontado como um dos "presidenci�veis" do PT antes de o ex-presidente Lula restabelecer seus direitos pol�ticos, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), atua agora para que o partido estabele�a di�logos com as legendas do centro para a disputa presidencial de 2022 e prega a aproxima��o com o PSDB. Alinhado com Wellington Dias, Costa quer abrir um canal de di�logo de Lula at� com Doria.

O governador baiano disse ao Estad�o que considera "poss�vel" uma aproxima��o entre PSDB e PT para 2022. "Se depender de mim, vamos trabalhar para isso. Sou a favor de que a gente coloque o Brasil acima das nossas diverg�ncias pol�ticas secund�rias. Estamos tratando de um projeto de salva��o nacional. A l�gica da disputa da elei��o no Brasil ser� semelhante � dos Estados Unidos. � a democracia contra a barb�rie e o �dio. A sociedade do bem vai prevalecer contra a l�gica miliciana de condu��o do Pa�s."

Doria

Assim como o governador do Piau�, que chamou de "important�ssimo" o papel de Doria na crise sanit�ria, Rui Costa tamb�m elogiou o tucano. "Quero prestar toda solidariedade ao Doria. Ele � um dos governadores que t�m sofrido ataques sistem�ticos do governo federal. Doria tem se esfor�ado para reduzir o n�mero de �bitos. Justi�a seja feita: n�o fosse a iniciativa do governo de S�o Paulo e do Instituto Butantan, 80% das pessoas que receberam a vacina n�o estariam hoje vacinadas."

L�deres tucanos ligados a Doria abra�aram o mesmo discurso de uni�o de esfor�os durante a pandemia. "Em tempos de crise sanit�ria e institucional com o governo Bolsonaro de tamanha gravidade, � fundamental que deixemos a pol�tica em segundo plano. N�o � momento de agress�o, mas de trabalho conjunto", disse Marco Vinholi, secret�rio de Desenvolvimento Regional de S�o Paulo e presidente do PSDB paulista.

Na semana passada, o Estad�o revelou que Wellington Dias ser� o emiss�rio de Lula nas conversas com o PSDB. A estrat�gia do PT � encontrar "um lugar para Lula na crise sanit�ria". A inten��o � que o petista se junte a outros ex-presidentes - Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer - na busca por uma influ�ncia internacional que possa ajudar o Pa�s a obter vacinas e insumos para a produ��o de imunizantes. "Tudo aponta para um momento de reconcilia��o, que � o que os governadores est�o fazendo. A realidade obriga a fazer isso", afirmou ao Estad�o o ex-governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).

Nascidos nos anos 1980, PT e PSDB estiveram juntos uma �nica vez em elei��es presidenciais. Foi no 2.º turno de 1989, quando o candidato tucano M�rio Covas declarou apoio a Lula, que enfrentava Fernando Collor. Os desentendimentos cresceram em 1992, quando parte do PSDB paulistano apoiou a candidatura � Prefeitura de Paulo Maluf contra Eduardo Suplicy (PT). A rivalidade se consolidou nas campanhas vitoriosas de FHC � Presid�ncia e nas dos petistas Lula e Dilma Rousseff, que tiveram tucanos como advers�rios.

Nesses anos, por�m, acordos importantes ocorreram entre petistas e tucanos: entre Marta Suplicy e Covas contra Maluf, em 1998 e em 2000, e o apoio dos partidos � elei��o de M�rcio Lacerda (PSB) � prefeitura de Belo Horizonte, em 2008. Um dos art�fices do �ltimo, o ex-governador Pimentel defende agora a tese de que o candidato que derrotar Bolsonaro ter� a necessidade de fazer um governo de uni�o nacional. Seja Lula, Ciro Gomes ou qualquer outro. "Antes a polariza��o era saud�vel, democr�tica, com projetos diferentes, mas no campo da democracia. Agora, temos claramente um projeto autorit�rio e excludente e, do outro lado, todos n�s, at� o Centr�o, que pode ser acusado de tudo, menos de n�o ser democr�tico. Quem est� ficando isolado � Bolsonaro e a direita radical."

Resist�ncias

A aproxima��o entre PT e PSDB enfrenta resist�ncia da parte "governista" da bancada tucana na C�mara, que � liderada pelo deputado A�cio Neves (MG), mas o di�logo entre deputados dos dois partidos nunca foi t�o intenso. "� a primeira vez que temos esse di�logo t�o fluido. O objetivo � barrar a escalada autorit�ria. Precisamos de todos os esfor�os para impedir a viol�ncia que o Bolsonaro tem praticado", afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

A aproxima��o entre os partidos enfrenta ainda a desconfian�a m�tua entre tucano e petistas. O presidente do PSDB, Bruno Ara�jo, disse, recentemente, que votaria em branco em caso de segundo turno entre Lula e Jair Bolsonaro em 2022, indicando as dificuldades para um acordo mais amplo entre os partidos, al�m da atua��o na pandemia. H� resist�ncia tamb�m no PT. Setores da esquerda do partido consideram dif�cil um acordo em raz�o de diferen�as de vis�o nas �reas econ�mica e trabalhista. O que facilitaria as conversas entre os partidos � a centralidade que assumiram temas como o combate a desigualdades e a defesa do meio ambiente no discurso de formuladores de pol�tica dos tucanos - como o prefeito Bruno Covas.

No ambiente jur�dico, petistas e tucanos tamb�m nunca estiveram t�o alinhados. "Lideran�as do PT e PSDB come�am a ensaiar uma aproxima��o no mundo jur�dico em cima de uma agenda comum: a defesa da democracia e das institui��es e o reconhecimento da parcialidade do ex-juiz S�rgio Moro", disse o advogado Marco Aur�lio Carvalho, que integra o setorial jur�dico do PT e coordena o Grupo Prerrogativas, que re�ne advogados progressistas.

Carvalho lembra que juristas ligados ao PSDB, como os ex-ministros da Justi�a de FHC Jos� Carlos Dias e Jos� Gregori e o advogado Belis�rio dos Santos Jr, ex-secret�rio da Justi�a do governo de M�rio Covas, assinaram manifesto que pedia a anula��o das condena��es do ex-presidente Lula. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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