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Estado de Minas POL�TICA

Lira d� 'sinal amarelo' ao governo: 'rem�dio legislativo' pode ser 'fatal'

O discurso do presidente da C�mara ocorreu no mesmo dia em que o Brasil atingiu a marca de 300 mil mortes provocadas pela COVID-19


24/03/2021 19:51 - atualizado 24/03/2021 20:05

A fala de Lira foi feita no plenário da Câmara no fim da tarde(foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
A fala de Lira foi feita no plen�rio da C�mara no fim da tarde (foto: Pablo Valadares/C�mara dos Deputados)
O presidente da C�mara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quarta-feira, dia 24, que o Legislativo n�o tolerar� novos erros por parte do Poder Executivo no enfrentamento da pandemia da covid-19. Tamb�m insinuou que poder� se afastar do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) caso o chefe do Executivo n�o melhore a forma como o governo vem lidando com a doen�a e, sem citar a palavra impeachment, disse que os "os rem�dios pol�ticos no Parlamento s�o conhecidos e s�o todos amargos. Alguns, fatais."

A fala de Lira foi feita no plen�rio da C�mara no fim da tarde. Pela manh�, Lira participou de uma reuni�o com Bolsonaro e diversos ministros do governo para tratar do assunto. Tamb�m participaram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luiz Fux. Como revelou o Estad�o, foi a �ltima tentativa do grupo de convencer o presidente da Rep�blica a mudar a postura negacionista que prejudicam as a��es de combate � covid-19.

O discurso do presidente da C�mara ocorreu no mesmo dia em que o Brasil atingiu a marca de 300 mil mortes provocadas pela Covid-19. No discurso, Lira afirmou que est� apertando o "sinal amarelo" contra os erros na pandemia.

"Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: n�o vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de n�o errar com o pa�s se, fora daqui, erros prim�rios, erros desnecess�rios, erros in�teis, erros que s�o muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados", disse.

"Os rem�dios pol�ticos no Parlamento s�o conhecidos e s�o todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes s�o aplicados quando a espiral de erros de avalia��o se torna uma escala geom�trica incontrol�vel. N�o � esta a inten��o desta Presid�ncia. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas", prosseguiu o presidente da C�mara.

"Ent�o, fa�o um alerta amigo, leal e solid�rio: dentre todos os rem�dios pol�ticos poss�veis que est� Casa pode aplicar num momento de enorme ang�stia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer um freio de arruma��o at� que todas as medidas necess�rias e todas as posturas inadi�veis fossem imediatamente adotadas, at� que qualquer outra pauta pudesse ser novamente colocada em tramita��o", disse Lira.

No mesmo discurso, o presidente da C�mara disse que a hora era de evitar medidas que pudessem conturbar o ambiente - como CPIs.

"N�o � hora de tensionamentos. E CPIs ou lockdowns parlamentares - medidas com n�veis decrescentes de danos pol�ticos - devem ser evitados. Mas isso n�o depende apenas desta Casa. Depende tamb�m - e sobretudo - daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento � grave, a solidariedade � grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, � quando o m�nimo de sensatez em rela��o ao povo n�o est� sendo obedecido", disse Lira. A transcri��o do discurso do presidente da C�mara foi enviada por sua assessoria de imprensa a jornalistas.

LEIA ABAIXO A �NTEGRA DA TRANSCRI��O DA FALA DE LIRA:

Minhas senhoras e meus senhores,

Como todos sabem, participei hoje como representante desta Casa de encontro com o senhor Presidente da Rep�blica e todos os Chefes de Poderes para tratar de uma abordagem eficaz, pragm�tica e hol�stica da quest�o da pandemia.

Pandemia � vacinar, sim, acima de tudo. Mas para vacinar temos de ter boas rela��es diplom�ticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizastes do planeta. Para vacinar temos de ter uma percep��o correta de nossos parceiros americanos e nossos esfor�os na �rea do meio ambiente precisam ser reconhecidos, assim como nossa interlocu��o.

Ent�o, essa mudan�a de atitude em rela��o � pandemia, quero crer, � a semente de algo muito maior, muito mais necess�rio e, diria, urgente � inadi�vel: ser� preciso evoluir, dar um salto para a frente, libertamos as amarras que nos prendem a condicionamentos que n�o funcionam mais, que nos escravizam a condicionamentos que j� se esgotaram.

Minhas senhoras e meus senhores,

Esta Presid�ncia tem procurado se conduzir na trilha de um estrito equil�brio entre o esp�rito de colabora��o que, mais que nunca, � necess�rio manter e construir com os demais Poderes durante estes momentos dram�ticos da pandemia e a observ�ncia fiel e disciplinada � vontade soberana desta Casa.

Vivemos nestes dias o pior do pior, as horas mais dolorosas da maior desgra�a humanit�ria que se abateu sobre nosso povo. E quero dizer a todos que estou sens�vel ao desespero dos brasileiros e � ang�stia de Vossas Excel�ncias, que nada mais fazem do que traduzir o terror que testemunham em suas bases, em suas comunidades.

Como presidente da C�mara dos Deputados, quero deixar claro que n�o ficaremos alienados aqui, votando mat�rias te�ricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no notici�rio. Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: n�o vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de n�o errar com o pa�s se, fora daqui, erros prim�rios, erros desnecess�rios, erros in�teis, erros que que s�o muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados.

E eu aqui n�o estou fulanizando. Dirijo-me a todos que conduzem os �rg�os diretamente envolvidos no combate � pandemia. O Executivo federal, os executivos estaduais e os milhares de executivos municipais tamb�m. Como sabemos, o sistema de sa�de � tripartite. Mas, tamb�m sabemos, a pol�tica � cruel e a busca por culpados - sobretudo em momentos de desola��o coletiva - � um terreno f�rtil para a produ��o de linchamentos. Por isso mesmo, todos tem de estar mais alertas do que nunca pois a dramaticidade do momento exige.

A raz�o n�o est� de um lado s�, com certeza. Os erros n�o est�o de um lado s�, sem duvida. Mas, acima de tudo, os que tem mais responsabilidade tem maior obriga��o de errar menos, de se corrigir mais rapidamente e de acertar cada vez mais. � isso ou o colapso.

Tamb�m n�o � justo descarregar toda a culpa de tudo no governo federal ou no presidente. Precisamos, primeiro, de forma bem intencionada e de alma leve, abrir nossos cora��es e buscar a uni�o de todos, tentar que o coletivo se imponha sobre os indiv�duos. Esgotar todas as possibilidades deste caminho antes de partir para as responsabiliza��es individuais. � nesse esfor�o solid�rio e genu�no que estarei engajado, junto com os demais poderes. Mas ser� preciso que essa capacidade de ouvir tenha como contrapartida a flexibilidade de ceder. Sem esse exerc�cio, a ser praticado por todos, esse esfor�o n�o produzira os resultados necess�rios.

Os rem�dios pol�ticos no Parlamento s�o conhecidos e s�o todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes s�o aplicados quando a espiral de erros de avalia��o se torna uma escala geom�trica incontrol�vel. N�o � esta a inten��o desta Presid�ncia. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocr�tica, do instinto de sobreviv�ncia, da sabedoria, da intelig�ncia emocional e da capacidade pol�tica.

Mas alerto que, dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma � mais importante do que a pandemia. Esta n�o � a casa da privatiza��o, n�o � a casa das reformas, n�o � nem mesmo a casa das leis. � a casa do povo brasileiro. E quando o povo brasileiro est� sob risco nenhum outro tema ou pauta � mais priorit�rio.

Ent�o, fa�o um alerta amigo, leal e solid�rio: dentre todos os rem�dios pol�ticos poss�veis que est� Casa pode aplicar num momento de enorme ang�stia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer um freio de arruma��o at� que todas as medidas necess�rias e todas as posturas inadi�veis fossem imediatamente adotadas, at� que qualquer outra pauta pudesse ser novamente colocada em tramita��o. Falo de adotarmos uma esp�cie de "Esfor�o Concentrado para a Pandemia", durante duas semanas, em que os demais temas da pauta legislativa sofreriam uma pausa para dar lugar ao �nico que importa: como salvar vidas, como obter vacinas, quais os obst�culos pol�ticos, legais e regulat�rios precisam ser retirados para que nosso povo possa obter a maior quantidade de vacinas, no menor prazo de tempo poss�vel.

N�o � hora de tensionamentos. E CPIs ou lockdowns parlamentares - medidas com n�veis decrescentes de danos pol�ticos - devem ser evitados. Mas isso n�o depende apenas desta Casa. Depende tamb�m - e sobretudo - daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento � grave, a solidariedade � grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, � quando o m�nimo de sensatez em rela��o ao povo n�o est� sendo obedecido.

Sou um otimista. Acredito que a for�a do di�logo e do convencimento, a for�a da transforma��o atrav�s da sinceridade de prop�sitos e da colabora��o fiel, mesmo que algumas vezes dissonante, � o caminho para a constru��o dos avan�os.

Espero, do fundo do meu cora��o, que estas palavras ecoem e que nosso esfor�o de concilia��o prevale�a sobre todos os outros perigos.

Muito obrigado a todos e Deus proteja o Povo Brasileiro.


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