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Estado de Minas PESQUISA

Bolsonaro usou seus poderes para atrapalhar o combate � pandemia, mostra estudo

A conclus�o de um longo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e da Funda��o Get�lio Vargas (FGV)


22/04/2021 09:15 - atualizado 22/04/2021 10:36

(foto: Sérgio Lima/AFP)
(foto: S�rgio Lima/AFP)
O Brasil tinha os mecanismos necess�rios para lidar de maneira exemplar com a pandemia, mas as escolhas do presidente Jair Bolsonaro transformaram o combate � covid em um fracasso mundial. Essa � a conclus�o de um longo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e da Funda��o Getulio Vargas (FGV).

O estudo, transformado em livro e divulgado nesta quinta-feira, 22, compila an�lises de cerca de 60 pesquisadores sobre as pol�ticas p�blicas de controle da pandemia adotadas por 30 pa�ses de todos os continentes. Os resultados mostram que pa�ses que tiveram desempenho melhor durante o per�odo analisado seguiram as orienta��es da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) e aliaram medidas de sa�de a pol�ticas sociais.

Os autores ressaltam no estudo que o Brasil era classificado como o pa�s da Am�rica Latina mais preparado para lidar com emerg�ncias de sa�de p�blica, segundo o sistema Global Health Security Index. Tamb�m contava com um sistema de vigil�ncia em sa�de bem desenvolvido e tinha um bom hist�rico com epidemia porque respondeu com �s emerg�ncias da Aids, da hepatite C e da influenza (H1N1).

"N�o podemos voltar no tempo e rever a hist�ria, mas, se o presidente tivesse escolhido outros caminhos, o Brasil poderia ter apresentado um desempenho muito melhor. Poder�amos ser um exemplo", diz Elize Massard, professora da FGV e uma das autoras do estudo.

A pesquisa mostra a forma com que Bolsonaro usou todos os poderes constitucionais para fazer valer a sua agenda, minimizar a pandemia e boicotar a��es de estados. O estudo lembra que o presidente iniciou, em abril do ano passado, uma "campanha agressiva" em apoio ao uso da cloroquina, rem�dio ineficaz para a covid. Essa posi��o acabou derrubando dois ministros da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, e colocando o general Eduardo Pazuello no cargo. O texto aponta que Pazuello trocou t�cnicos por militares em cargos gerenciais importantes no Minist�rio da Sa�de, "decis�o duramente criticada pela comunidade da sa�de p�blica".

Elize destaca que o presidente tem o poder de indicar e exonerar ministros, mas que n�o � comum uma interven��o t�o forte. "Bolsonaro interferiu no Minist�rio da Sa�de como nunca antes visto no per�odo democr�tico. Ele interveio em protocolos de tratamento e at� no modo de divulga��o dos dados da pandemia."

Outras a��es de Bolsonaro que dificultaram o enfrentamento da pandemia s�o mencionadas no estudo. Uma delas foi a demora no fechamento das fronteiras terrestres e a�reas, que est�o sob a jurisdi��o federal. O presidente tamb�m editou medidas provis�rias para atrapalhar as a��es de governadores, como a que incluiu dezenas de servi�os na lista de essenciais - de igrejas a sal�es de beleza. Essa foi uma clara tentativa de impedir o fechamento de atividades, a��o importante para garantir o isolamento social e diminuir a dissemina��o do v�rus.

O estudo tamb�m diz que Bolsonaro defendeu pol�ticas de sa�de que refletem a "pseudoci�ncia" e o "negacionismo" e contribuiu para a desinforma��o sobre a pandemia. Ele decidiu ignorar as orienta��es da OMS e as pol�ticas de sa�de baseadas em evid�ncia temendo que isso pudesse gerar consequ�ncias econ�micas negativas, diz a pesquisa. O chefe do executivo tamb�m relutou em liberar o aux�lio emergencial.

"Houve pouca coordena��o entre os minist�rios da Economia e da Sa�de. Para combater a pandemia deve haver pol�ticas sociais que protejam os trabalhadores e permitam �s pessoas ficarem em casa", diz Elize. A pesquisadora fala que a falta de alinhamento entre as pol�ticas sociais e de sa�de tamb�m aconteceu em alguns pa�ses, enquanto outros souberam manej�-las de forma adequada. Um dos pa�ses que conseguiu fazer isso foi a Alemanha, criando pacotes econ�micos com objetivo de estimular a economia, apoiar empresas, proteger empregos e mitigar o impacto da crise em pessoas menos privilegiadas.

Em rela��o ao Brasil, a pesquisa diz que o aux�lio emergencial foi a pol�tica social mais importante durante a pandemia, garantindo a sobreviv�ncia de muitos cidad�os durante o per�odo em que foi disponibilizado. Por outro lado, o texto lembra que o Minist�rio da Economia atrasou o in�cio do programa e que houve uma disputa na C�mara dos Deputados para que o valor fosse fixado em R$ 600 - o governo federal queria um aux�lio de R$ 200.

O estudo conclui que Bolsonaro fez de tudo para negar o conhecimento cient�fico e atrapalhar o combate � pandemia. O estrago causado pelo coronav�rus no Brasil s� n�o foi maior, segundo a pesquisa, porque o Pa�s tem uma infraestrutura de vigil�ncia sanit�ria bem desenvolvida para lidar com pandemias. A rede de aten��o prim�ria do Sistema �nico de Sa�de (SUS) tamb�m foi apontada como essencial para mitigar o impacto da covid-19.

A atua��o dos Estados e prefeituras foi destacada como outro fator que ajudou a controlar o caos no Pa�s. O estudo diz que os governadores lideraram a resposta do Brasil � pandemia e ganharam popularidade porque seguiram as orienta��es da ci�ncia, o que parece ter "enfurecido" o presidente e seus apoiadores.


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