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Estado de Minas RECUSA POR VACINAS

CPI da Covid: o que investiga��o quer saber com depoimento de Fabio Wajngarten

O ex-secret�rio das Comunica��es Fabio Wajngarten dep�e nesta quarta (12), na CPI da Covid, que investiga a��es e omiss�es do governo no combate � pandemia


12/05/2021 07:34 - atualizado 12/05/2021 08:24


Wajngarten (esq.) era um interlocutor bem próximo a Bolsonaro(foto: Reuters)
Wajngarten (esq.) era um interlocutor bem pr�ximo a Bolsonaro (foto: Reuters)

O ex-secret�rio das Comunica��es Fabio Wajngarten dep�e nesta quarta (12), na CPI da Covid, que investiga a��es e omiss�es do governo no combate � pandemia.

Demitido do governo Bolsonaro em meio � suspeitas de corrup��o, Wajngarten � um dos depoimentos mais aguardados na Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito desde que deu uma entrevista � revista Veja acusando o ex-minist�rio da Sa�de Eduardo Pazuello de incompet�ncia nas negocia��es de compra de vacinas.

Um dos objetivos da CPI � esclarecer porque o governo Bolsonaro recusou a compra de 70 milh�es de doses oferecidas pelas Pfizer em 2020.

Antes de sua demiss�o, havia rumores de que Wajngarten estaria se envolvendo em assuntos do Minist�rio da Sa�de, mesmo sem ser da �rea, por interesses pessoais. Na entrevista � Veja, o ex-secret�rio afirmou que seu envolvimento na compra de vacinas aconteceu porque o processo estava "sofrendo entraves" no Minist�rio da Sa�de.

A expectativa dos senadores da CPI � que o ex-secret�rio esclare�a suas acusa��es e apresente provas. Segundo o jornal O Globo, Wajngarten pretende apresentar cartas de agradecimento da Pfizer como prova de suas afirma��es.

"Queremos entender porque um secret�rio de Comunica��es assumiu a responsabilidade de fazer negocia��es com grandes empresas fabricantes de medicamentos, quando na verdade o Minist�rio da Sa�de tem toda uma expertise, um conhecimento de como fazer isso", afirma o senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI e ex-ministro da Sa�de.

"Al�m do que, queremos confirmar o que ele disse que as vacinas n�o foram compradas por incompet�ncia do Minist�rio da Sa�de. A mim parece que h� uma tentativa dele de eliminar as responsabilidades de Bolsonaro e jogar toda a culpa no ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello", afirma o senador.

Em sua entrevista � Veja, Wajngarten tentou proteger o presidente Bolsonaro da responsabilidade sobre a recusa do governo � proposta da Pfizer.

"O presidente Bolsonaro est� totalmente eximido de qualquer responsabilidade nesse sentido. Se as coisas n�o aconteceram, n�o foi por culpa do Planalto. Ele era abastecido com informa��es erradas", disse o ex-secret�rio.

Segundo o analista pol�tico Creomar de Souza, CEO da consultoria de risco pol�tico Dharma, Wajngarten parece fazer parte de uma estrat�gia de transformar o general Pazuello em um "bode expiat�rio" do governo, j� que o objetivo da CPI � "encontrar um culpado pelo estado das coisas" no combate � pandemia;

"A sala ficou montada para a espera do bode expiat�rio", diz Souza. "H� uma preocupa��o do pr�prio Pazuello com a possibilidade de ser transformado nesse bode expiat�rio, at� por isso ele tentou escapar do depoimento."

Pazuello n�o compareceu ao seu depoimento, que estava marcado na semana passada, alegando ter tido contato com pessoas contaminadas por covid. Seu depoimento foi adiado para o dia 19.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-PE), membro da CPI, h� o risco de Pazuello tentar novamente "driblar a CPI".

"O Pazuello pode querer usar um artif�cio jur�dico para driblar a CPI, dizendo que hoje ele � investigado em um inqu�rito criminal deflagrado pelo (procurador-geral da Rep�blica Augusto) Aras e que, nessa condi��o, n�o pode prestar compromisso de dizer a verdade para n�o produzir provas contra si mesmo", afirmou Randolfe em entrevista ao canal CNN na ter�a. "Ou (ele pode) ainda tentar um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para n�o comparecer."

Segundo Souza, a situa��o de Pazuello � muito complicada: se ele diz que seguiu orienta��es do presidente da Rep�blica, incrimina o presidente; por outro lado, se ele afirma que tomou todas as decis�es sozinho, incrimina a si mesmo.

O depoimento de Wajngarten � central para entender o quanto o governo Bolsonaro est� disposto a proteger Pazuello.

"Ao final (do depoimento), a gente vai ter uma medida exata da rela��o entre Pazuello e o Planalto. Lembrando que h� uma rivalidade entre os militares e essa �rea ideol�gica do governo da qual Wajngarten faz parte", afirma Souza.

O senador Otto Alencar (PSD-BA), afirma que Wajngarten n�o teria porque se expor tanto (na entrevista em que fez acusa��es a Pazuello) se n�o quisesse transformar o ex-ministro da Sa�de em.bode expiat�rio. O quanto os senadores v�o confiar em sua vers�o, diz Alencar, "vai depender das provas materiais que apresentar".


Polícia Federal abriu inquérito sobre atividades de Wajngarten(foto: Alan Santos/PR)
Pol�cia Federal abriu inqu�rito sobre atividades de Wajngarten (foto: Alan Santos/PR)

Falta de campanhas de comunica��o contra covid e 'gabinete do �dio'

Os senadores, no entanto, n�o pretendem deixar que Wajngarten fuja de questionamento sobre suas pr�prias a��es e foque somente nas acusa��es sobre Pazuello

"Ele precisa explicar por que, na condi��o de secret�rio de Comunica��es do governo, n�o desenvolveu nenhuma campanha de comunica��o para ajudar no processo de preven��o da covid-19", afirma o senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI e ex-ministro da Sa�de.

Costa afirma que Wajngarten tamb�m deve ser questionado sobre sua rela��o com o minist�rio na gest�o de outros ministros.

"Por que ele desestimulou a tentativa do Minist�rio da Sa�de, na gest�o de (Luiz Henrique) Mandetta, de fazer uma campanha com essas caracter�sticas?"

Em depoimento � CPI na semana passada, o ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta afirmou que come�ou a dar entrevistas coletivas di�rias sobre a pandemia porque n�o havia um plano de comunica��o do governo.

"Aquelas entrevistas s� existiam porque n�o havia o plano de comunica��o", disse Mandetta, em resposta a uma pergunta do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI.

"O normal, quando se tem uma doen�a infecciosa, � voc� ter uma campanha institucional. Como foi, por exemplo, a Aids. N�o havia como fazer uma campanha (contra a covid). N�o queriam fazer uma campanha oficial", disse Mandetta.

"Wajngarten tamb�m precisa explicar qual sua participa��o na campanha 'O Brasil n�o Pode Parar', que tinha o objetivo de sabotar as medidas de isolamento social", afirma Humberto Costa.

Interlocutor muito pr�ximo ao presidente Bolsonaro e parte da chamada ala ideol�gica do governo, o ex-secret�rio de comunica��es tamb�m � visto pelos senadores oposicionistas como central para entender o papel do chamado "gabinete do �dio", estrutura de apoio ao governo das redes sociais acusada de ser respons�vel pela difus�o de not�cias falsas sobre a pandemia.

Segundo an�lise da FGV-DAPP (Diretoria de Pol�ticas P�blicas da Funda��o Get�lio Vargas), a base de apoio ao presidente nas redes sociais t�m dominado a discuss�o durante a CPI, correspondendo a dois ter�os das intera��es no Twitter. Grande parte dessas intera��es � composta por perfis muito parecidos e homog�neos, que postam os mesmos conte�dos nos mesmos momentos.

Uma das suspeitas dos senadores � de que gastos do governo com publicidade podem ter ajudado na dissemina��o de not�cias falsas. Portanto Wajngarten deve ser questionado sobre esses repasses, que tamb�m est�o sendo investigados por uma auditoria do TCU ( Tribunal de Contas da Uni�o).

A CPI da Covid j� fez um requerimento de compartilhamento de dados do inqu�rito do STF sobre a dissemina��o de not�cias falsas e de informa��es da CPI das Fake News.


Wajngarten conheceu Jair Bolsonaro em 2016, e o auxiliou durante o período da campanha eleitoral de 2018(foto: Agência Brasil)
Wajngarten conheceu Jair Bolsonaro em 2016, e o auxiliou durante o per�odo da campanha eleitoral de 2018 (foto: Ag�ncia Brasil)

Embora n�o haja, como avalia Souza, nenhuma indica��o de que Wajngarten v� mudar sua postura de n�o implicar Bolsonaro em qualquer responsabilidade na m� condu��o do combate � pandemia, o questionamento de senadores sobre fake news e falhas na comunica��o coloca o ex-secret�rio em uma situa��o complicada, parecida com a de Pazuello.

Se o ex-secret�rio assume total responsabilidade por suas a��es, pode acabar se colocando como culpado. Mas se afirma que recebeu ordens superiores, complica a situa��o de Bolsonaro.

*colaborou Paula Idoeta, de S�o Paulo


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O que � uma CPI?

As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.

Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.

Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
  • executar pris�es em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
  • quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
  • solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
  • elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
  • pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI n�o pode fazer?

Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telef�nicos
  • solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
  • impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
  • documentos relativos � CPI
  • determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil

A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o

2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal

2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o


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