
Essa distin��o foi concedida a Alencar por ser ele o mais idoso entre os indicados para compor a comiss�o. De l� para c�, o congressista, que se declara "independente'', tem se destacado por fazer, durante as oitivas de testemunhas, uma s�rie de questionamentos cortantes que revelaram o despreparo t�cnico de atuais e ex-integrantes do governo. No depoimento do ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello, por exemplo, Alencar ensinou que a hidroxicloroquina n�o � um antiviral, como o general acreditava at� ent�o, mas, sim, um antiprotozo�rio.
Ao longo desse m�s, segundo afirmou o parlamentar, em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, os dez depoimentos j� tomados e a montanha de documentos em poder da CPI refor�am as evid�ncias de que o Executivo tem uma "grande responsabilidade" nas mais de 460 mil mortes provocadas pela COVID-19 no pa�s.
Otto Alencar frisou, inclusive, que, dificilmente, o presidente Jair Bolsonaro n�o ser� responsabilizado pela comiss�o, por, segundo ele, receitar medicamentos sem efic�cia comprovada contra a doen�a, incentivar a imunidade de rebanho e virar as costas para v�rias ofertas de vacinas ao Brasil. "O pessoal vai ter que dotar a Uni�o para pagar muita indeniza��o", disse o senador. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Otto Alencar frisou, inclusive, que, dificilmente, o presidente Jair Bolsonaro n�o ser� responsabilizado pela comiss�o, por, segundo ele, receitar medicamentos sem efic�cia comprovada contra a doen�a, incentivar a imunidade de rebanho e virar as costas para v�rias ofertas de vacinas ao Brasil. "O pessoal vai ter que dotar a Uni�o para pagar muita indeniza��o", disse o senador. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Qual o balan�o que o senhor faz do primeiro m�s de investiga��es da CPI?
N�s ach�vamos que criando a CPI se mudaria o modus operandi do Minist�rio da Sa�de. Ent�o quando se chegou a 28 assinaturas, inclusive demorou para o presidente [do Senado, Rodrigo Pacheco-DEM-MG] instalar a CPI, logo o Bolsonaro demitiu o Pazuello e colocou um m�dico [Marcelo Queiroga] no lugar do Pazuello. Porque Pazuello � um general que n�o entende nada de epidemiologia, medicina sanit�ria, covid muito menos. As perguntas mais simples que eu fiz ele n�o respondeu [em depoimento � CPI]. Perguntei coisas �bvias, que qualquer estudante de medicina saberia responder, do primeiro ou do segundo ano.
Ent�o o Bolsonaro colocou um m�dico no Minist�rio da Sa�de. Mas ele deve ter dito para o ministro: 'Olha, voc� faz a sua parte, eu fa�o a minha. Voc� pede para fazer isolamento f�sico, e eu n�o fa�o isolamento f�sico, eu vou aglomerar, voc� aceita?'. O Marcelo aceita. A� o presidente continua: 'Eu n�o vou defender vacina, voc� fica l� com o seu Z� Gotinha que eu fico com o meu Z� Gotinha, que � o Pazuello'. Ele levou o Pazuello ao Rio de Janeiro para ficar como o Z� Gotinha dele, para ficar aglomerado tamb�m.
A� o presidente diz ao ministro: 'Voc� n�o vai defender hidroxicloroquina, mas eu vou defender'. S� que o Bolsonaro entendeu que n�o pode mais falar o nome hidroxicloroquina, agora ele s� fala 'o rem�dio', porque a a��o dele com a hidroxicloroquina matou muita gente no Brasil, inclusive aqui na Bahia.
Ent�o o Bolsonaro colocou um m�dico no Minist�rio da Sa�de. Mas ele deve ter dito para o ministro: 'Olha, voc� faz a sua parte, eu fa�o a minha. Voc� pede para fazer isolamento f�sico, e eu n�o fa�o isolamento f�sico, eu vou aglomerar, voc� aceita?'. O Marcelo aceita. A� o presidente continua: 'Eu n�o vou defender vacina, voc� fica l� com o seu Z� Gotinha que eu fico com o meu Z� Gotinha, que � o Pazuello'. Ele levou o Pazuello ao Rio de Janeiro para ficar como o Z� Gotinha dele, para ficar aglomerado tamb�m.
A� o presidente diz ao ministro: 'Voc� n�o vai defender hidroxicloroquina, mas eu vou defender'. S� que o Bolsonaro entendeu que n�o pode mais falar o nome hidroxicloroquina, agora ele s� fala 'o rem�dio', porque a a��o dele com a hidroxicloroquina matou muita gente no Brasil, inclusive aqui na Bahia.
O senhor considera que o presidente tem que ser responsabilizado por essas mortes?
Sim, porque Hidroxicloroquina ser receitada pelo presidente da Rep�blica, para um paciente que � card�aco, ela mata. � crime, � crime. Quem tem arritmia card�aca, doen�a do cora��o, n�o pode tomar hidroxicloroquina. Um presidente da Rep�blica, que teve cinquenta e tantos milh�es de votos, ainda � l�der. Quando ele diz que toma hidroxicloroquina, voc� acha que muitos n�o v�o tomar? Aqui, na Bahia, um colega meu, m�dico, morreu porque tomou hidroxicloroquina. Ele n�o sabia que tinha arritmia e, desavisado, tomou, teve parada card�aca e morreu.
Tem v�rios outros casos Brasil afora. O pessoal vai ter que dotar a Uni�o para pagar muita indeniza��o. Por causa da receita irrespons�vel do presidente da Rep�blica. Quando � um m�dico que receita um medicamento sem efic�cia, ele perde o CRM [licen�a profissional expedida pelo Conselho Regional de Medicina], mas, o presidente da Rep�blica, � muito grave, � muito mal. Ent�o ele poder� ser responsabilizado pela a��o, por ter receitado o rem�dio, e por omiss�o, por n�o ter comprado vacina.
Tem v�rios outros casos Brasil afora. O pessoal vai ter que dotar a Uni�o para pagar muita indeniza��o. Por causa da receita irrespons�vel do presidente da Rep�blica. Quando � um m�dico que receita um medicamento sem efic�cia, ele perde o CRM [licen�a profissional expedida pelo Conselho Regional de Medicina], mas, o presidente da Rep�blica, � muito grave, � muito mal. Ent�o ele poder� ser responsabilizado pela a��o, por ter receitado o rem�dio, e por omiss�o, por n�o ter comprado vacina.
O senhor, hoje, tem certeza de que o governo optou por favorecer a transmiss�o do novo coronav�rus para, quando a maioria da popula��o estivesse infectada, houvesse uma imunidade coletiva, de rebanho?
Sem d�vida, sem d�vida. Inclusive, o deputado Osmar Terra [MDB-RS], membro do 'gabinete paralelo', falou v�rias vezes isso. A� a doutora Mayra Pinheiro [secret�ria de Gest�o do Trabalho e da Educa��o na Sa�de do Minist�rio da Sa�de], a 'capit� cloroquina', n�s [da CPI], durante o depoimento dela, exibimos um v�deo dela dizendo que ia acontecer a imunidade de rebanho. Depois ela mentiu, dizendo que era apenas para crian�as. Ali�s, crian�a n�o vai no �nibus escolar n�o? Se o motorista estiver doente, ela n�o se contamina? Crian�a n�o contamina o professor, a professora? N�o contamina a merendeira? N�o contamina o servente que limpa a sala? E o seguran�a? Quantas pessoas gravitam em torno de uma escola? Quantas pessoas?
No v�deo ela fez uma confiss�o de culpa sobre a imunidade de rebanho, que matou muita gente no Amazonas, que matou muita gente Brasil afora. Gente que n�o quis usar m�scara, achando que podia pegar COVID-19 que n�o ia acontecer nada. S�o fatos muito graves. N�o recomendar o uso de m�scara, isso � muito grave.
No v�deo ela fez uma confiss�o de culpa sobre a imunidade de rebanho, que matou muita gente no Amazonas, que matou muita gente Brasil afora. Gente que n�o quis usar m�scara, achando que podia pegar COVID-19 que n�o ia acontecer nada. S�o fatos muito graves. N�o recomendar o uso de m�scara, isso � muito grave.
O senhor acha que, por causa dessa estrat�gia do governo, haver� ainda muitas mortes por covid-19 no pa�s?
Se vier a terceira onda, Deus queira que n�o. Estou orando a Deus para n�o acontecer. Se vier a terceira vai ser uma carnificina no Brasil. N�s vamos perder uma das nossas capitais, grandes capitais. Eu costumo dizer, nas minhas ora��es, que Deus tem que entrar na causa, Jesus tem que entrar na causa. Porque o presidente da Rep�blica � um negacionista. Estava l� dizendo, no Amazonas, que os �ndios se curaram da covid tomando um ch�. � um negacionista, � um louco, totalmente destemperado, meu Deus do c�u.
O senhor acredita que as press�es da CPI v�o provocar uma mudan�a de rumo nas a��es do governo na pandemia?
Eu sou independente, mas lhe confesso aqui que h� tempo para corrigir os erros, sempre h� tempo para corrigir os erros. O erro do presidente � permanecer no erro. Ele podia tomar vacina, estimular a vacina. Reconhecer o erro � virtude, permanecer no erro � burrice. Eu uso sempre uma frase do pensador franc�s Voltaire. Ele disse: 'Os homens erram, os grandes homens assumem seus erros, corrigem os seus erros'. Mas ele [presidente] n�o tem grandeza para corrigir os seus erros. Ele quer continuar, com o nariz empinado, na vaidade, na trucul�ncia, como ele costuma dizer: 'Eu n�o errei nada, eu acertei tudo'.
Mas em um ponto ele reconheceu. Por isso ele n�o fala mais em hidroxicloroquina, porque ele tem parte na contabilidade de mortes. Se voc� tiver arritmia card�aca e tomar esse rem�dio voc� morre. Deixa eu explicar aqui: a arritmia card�aca aumenta o espa�o entre um batimento card�aco e o outro. Se a pessoa tiver arritmia e tomar hidroxicloroquina, esse espa�o triplica. Bate uma vez e n�o volta mais. Se voc� n�o tiver um cardioversor, para dar um choque no peito, o cora��o n�o volta mais. Recomendar um medicamento desse [contra a COVID-19] � crime.
O ministro [da Sa�de] Marcelo Queiroga, no depoimento � CPI, eu puxei por ele, e ele admitiu: 'Sim, d� arritmia mesmo, aumenta o intervalo entre os batimentos card�acos'. Mas, para se segurar no cargo, o Queiroga aceita que o presidente fa�a uma coisa e ele fa�a outra
Mas em um ponto ele reconheceu. Por isso ele n�o fala mais em hidroxicloroquina, porque ele tem parte na contabilidade de mortes. Se voc� tiver arritmia card�aca e tomar esse rem�dio voc� morre. Deixa eu explicar aqui: a arritmia card�aca aumenta o espa�o entre um batimento card�aco e o outro. Se a pessoa tiver arritmia e tomar hidroxicloroquina, esse espa�o triplica. Bate uma vez e n�o volta mais. Se voc� n�o tiver um cardioversor, para dar um choque no peito, o cora��o n�o volta mais. Recomendar um medicamento desse [contra a COVID-19] � crime.
O ministro [da Sa�de] Marcelo Queiroga, no depoimento � CPI, eu puxei por ele, e ele admitiu: 'Sim, d� arritmia mesmo, aumenta o intervalo entre os batimentos card�acos'. Mas, para se segurar no cargo, o Queiroga aceita que o presidente fa�a uma coisa e ele fa�a outra
Que tipos de crime o senhor imputaria ao presidente da Rep�blica?
O presidente vai ser responsabilizado, de alguma forma, por crime de a��o e omiss�o. N�s vamos mandar o relat�rio [da CPI] para a Procuradoria-geral da Rep�blica. S�o o procurador-geral da Rep�blica e a C�mara dos Deputados que tomam essas decis�es.
A secret�ria de Gest�o do Trabalho e da Educa��o na Sa�de do Minist�rio da Sa�de, conhecida como 'capit� cloroquina', foi nomeada na gest�o do ent�o ministro Luiz Henrique Mandetta e sobreviveu no cargo ap�s outras mudan�as no comando da pasta. Qual sua opini�o?
Porque ela est� dizendo tudo o que o presidente quer, como faz o Queiroga. No depoimento ela defendeu a hidroxicloroquina e, naquele v�deo [exibido pela CPI], ela falou na imunidade de rebanho. Ali ela confessou o crime. Ela disse que a vida inteira o presidente nunca pediu nada a ela, como disse tamb�m o Pazuello, que ela fez tudo por conta dela, ela assumiu toda a responsabilidade para ver se tira do bra�o a ferida do presidente da Rep�blica. Eles assumiram. A Mayra chegou ao ponto de dizer que tratava o Zika com hidroxicloroquina. Ela disse que esse rem�dio � um antiviral. Nunca foi antiviral. � antiprotozo�rios.
Os protozo�rios s�o diferentes, eles s�o mononucleares; eles causam a mal�ria, causam a leishmaniose, a doen�a de chagas, o Trypanosoma cruzi, causa uma s�rie de doen�as. Ela n�o fez a parte pr�-cl�nica nas pessoas para saber se [hidroxicloroquina] � antiviral. Ela quer ficar no cargo, ela n�o quer sair do cargo.
Os protozo�rios s�o diferentes, eles s�o mononucleares; eles causam a mal�ria, causam a leishmaniose, a doen�a de chagas, o Trypanosoma cruzi, causa uma s�rie de doen�as. Ela n�o fez a parte pr�-cl�nica nas pessoas para saber se [hidroxicloroquina] � antiviral. Ela quer ficar no cargo, ela n�o quer sair do cargo.
A CPI aprovou novo depoimento do ex-ministro Pazuello. Que explica��es ele precisa dar � CPI nesse novo depoimento?
Ele vai ser chamado, primeiro, a explicar como � que, sendo ex-ministro da Sa�de, ele chega para a oitiva da CPI de m�scara, defende m�scara e depois vai l� para a reuni�o com Bolsonaro, no Rio de Janeiro, fazendo aquele papel�o. N�s chamamos ele de 'Z� Gotinha do Bolsonaro'.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que se Pazuello voltar a mentir no novo depoimento � comiss�o, e n�o estiver protegido por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, ele poder� sair algemado do depoimento. O senhor concorda com isso?
A CPI tem poderes para isso. Isso pode acontecer, mas � preciso esperar os fatos.
Que perguntas o senhor pensa em fazer durante o novo depoimento do ministro Marcelo Queiroga?
Eu n�o posso me manifestar agora, isso � uma coisa que a gente vai estudar. Ver os erros todos que est�o acontecendo. Agora, uma das perguntas que devem ser feitas �: 'Ministro, o senhor faz uma coisa, e o presidente faz outra coisa. Isso � para se manter no cargo?'. Essa � uma pergunta que tem que ser feita. E outra: 'Por que o senhor � contra a aglomera��o, que o presidente faz? O senhor prega o isolamento f�sico, o senhor prega o uso de m�scara, o presidente n�o usa.
O senhor � a favor da vacina, e ele nunca tomou vacina. O senhor � contra a hidroxicloroquina, e agora a Conitec (Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias no SUS) deu um parecer falando que a hidroxicloroquina n�o tem nenhuma a��o, mas o presidente � a favor. Que ministro � o senhor?'. Eu, no lugar dele, por exemplo, j� teria pedido demiss�o desde o in�cio. N�o ficava de jeito nenhum. E � um m�dico. Vai se manter no cargo para dizer que foi ministro? Ficar totalmente desmoralizado, dobrando os joelhos em frente a um ser humano, como ele �, como eu sou, s� porque o ser humano est� presidente? Como m�dico, eu jamais aceitaria isso.
O senhor � a favor da vacina, e ele nunca tomou vacina. O senhor � contra a hidroxicloroquina, e agora a Conitec (Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias no SUS) deu um parecer falando que a hidroxicloroquina n�o tem nenhuma a��o, mas o presidente � a favor. Que ministro � o senhor?'. Eu, no lugar dele, por exemplo, j� teria pedido demiss�o desde o in�cio. N�o ficava de jeito nenhum. E � um m�dico. Vai se manter no cargo para dizer que foi ministro? Ficar totalmente desmoralizado, dobrando os joelhos em frente a um ser humano, como ele �, como eu sou, s� porque o ser humano est� presidente? Como m�dico, eu jamais aceitaria isso.
Est� provado que o governo n�o priorizou vacinas?
Voc� quer o qu�? O presidente tem 14 declara��es contra vacina. � reu confesso. S�o 14 declara��es contra vacina. Ele n�o quis comprar a [vacina da] Pfizer, no ano passado. Desqualificou a CoronaVac. Disse que n�o ia comprar a 'vachina', a 'vacina do Doria'. O [Jo�o] Doria [governador de S�o Paulo pelo PSDB] se virando para comprar vacina, e ele esculhambando com Doria.
O que o senhor acha da decis�o da CPI de aprovar a convoca��o de nove governadores para depoimentos?
Avalio o seguinte: no primeiro requerimento [para cria��o da CPI], que n�s assinamos, eu, o Randolfe [Rodrigues, senador pela Rede do Amap� e autor do primeiro requerimento] e outros, num total de 28 assinaturas, n�o tinha as assinaturas dos senadores governistas. A�, num �udio gravado de uma conversa entre o presidente da Rep�blica e o senador [Jorge] Kajuru [Cidadania-GO], o presidente foi expl�cito: '� s� a mim, n�o v�o investigar governadores e prefeitos?'. A� a bancada do governo apensou ao primeiro requerimento um requerimento para a fiscaliza��o de recursos repassados [pela Uni�o] a estados e munic�pios.
A� [a CPI] vem convocar governadores e prefeitos. N�s ficamos, toda hora, questionados por que n�o �amos convocar [governadores e prefeitos]. A� todos aprovaram, convocaram governadores e prefeitos. Foram convocados os governadores de onde houve a��es da Pol�cia Federal e comprova��o de culpa. O argumento dos governistas era que a CPI n�o queria fazer essa convoca��o. Mas eles n�o assinaram o primeiro requerimento. Quando viram que ia ter CPI de qualquer jeito, eles apensaram o requerimento deles, na tentativa de que f�ssemos desistir da CPI.
A� [a CPI] vem convocar governadores e prefeitos. N�s ficamos, toda hora, questionados por que n�o �amos convocar [governadores e prefeitos]. A� todos aprovaram, convocaram governadores e prefeitos. Foram convocados os governadores de onde houve a��es da Pol�cia Federal e comprova��o de culpa. O argumento dos governistas era que a CPI n�o queria fazer essa convoca��o. Mas eles n�o assinaram o primeiro requerimento. Quando viram que ia ter CPI de qualquer jeito, eles apensaram o requerimento deles, na tentativa de que f�ssemos desistir da CPI.
O senhor acha que a decis�o da CPI de convocar governadores enfraqueceu o discurso dos governistas?
Exato, mas todos eles sabem que o Regimento Interno do Senado n�o admite convocar governador, nem membros do Estado, nem do Judici�rio, nem da C�mara Federal. Por que � que o legislador fez isso? � que numa CPI como essa, pr�xima da elei��o, um senador candidato a governador, para constranger o governador, convoca ele. Ent�o, o legislador, l� atr�s, pensou nisso. Al�m disso, n�o tem respaldo constitucional, porque, na CPI do Cachoeira, o Marcone Perillo [ex-governador de Goi�s pelo PSDB] pediu ao Supremo [Tribunal Federal], e o Supremo decidiu que ele n�o podia ser convocado. Quem faz CPI para investigar governador s�o as assembleias legislativas.
O que � uma CPI?
As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.
Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).
H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.
O que a CPI da COVID investiga?
Instalada pelo Senado Federal em 27 de abril de 2021, ap�s determina��o do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI da COVID trabalha para apurar poss�veis falhas e omiss�es na atua��o do governo federal no combate � pandemia do novo coronav�rus. O repasse de recursos a estados e munic�pios tamb�m foi inclu�do na CPI e est� na mira dos parlamentares.
O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.
Saiba como funciona uma CPI
Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.
Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos.
Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.
Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.
As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares
O que a CPI pode fazer?
- chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
- convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
- executar pris�es em caso de flagrante
- solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
- convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
- ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
- quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
- solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
- elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
- pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
- solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados
O que a CPI n�o pode fazer?
Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:
- julgar ou punir investigados
- autorizar grampos telef�nicos
- solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
- declarar a indisponibilidade de bens
- autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
- impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
- documentos relativos � CPI
- determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil
A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.
Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.
As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.
CPIs famosas no Brasil
1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o
2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores
2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores
2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal
2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo
2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro
2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de
2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo
2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014
2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018
2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o