
Bras�lia – Um �udio apresentado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se diz vendedor de vacinas aut�nomo da empresa Davati Medical Supply, provocou confus�o, nesta quinta-feira (1º/7), na Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da COVID.
A mensagem de �udio implicaria o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que, com o irm�o, o servidor do Minist�rio da Sa�de Lu�s Ricardo Miranda, denunciou suposto esquema de compra superfaturada da vacina indiana Covaxin pelo Minist�rio da Sa�de. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que h� movimentos suspeitos por parte do governo para atrapalhar os trabalhos da CPI da COVID.
A mensagem de �udio implicaria o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que, com o irm�o, o servidor do Minist�rio da Sa�de Lu�s Ricardo Miranda, denunciou suposto esquema de compra superfaturada da vacina indiana Covaxin pelo Minist�rio da Sa�de. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que h� movimentos suspeitos por parte do governo para atrapalhar os trabalhos da CPI da COVID.
oferta de propina do ent�o diretor de Log�stica do minist�rio Roberto Ferreria Dias quando ofereceu 400 milh�es de doses da vacina AstraZeneca/Oxford ao governo brasileiro. Seria US$ 1 para cada vacina negociada a US$ 3,5. Senadores desconfiaram da mensagem apresentada pelo policial, que, explicitamente, n�o diz nada comprometedor nem tem a palavra “vacina” em seu conte�do, embora n�o possa ser de pronto descartada.
Dominguetti diz que recebeuO vice-presidente da comiss�o, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu a apreens�o do celular do depoente para que seja periciado. Para parlamentares da comiss�o, Dominguetti pode ser um depoente falso, que teria surgido para atrapalhar as investiga��es. Nas palavras do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), ele seria uma “testemunha plantada”. Ainda n�o existem provas disso. O vendedor de vacinas disse que recebeu a mensagem que mostrou aos parlamentares do representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, ap�s o depoimento de Luis Miranda na �ltima sexta-feira.
Cristiano afirmou ao jornal O Globo, contudo, que o �udio nada tem a ver com negocia��o de vacina. “Vou falar direto com o cara, o cara vai pedir toda a documenta��o do comprador. Meu comprador j� est� de saco cheio disso. Vai pedir a prova de vida antes, e a gente n�o vai fazer neg�cio”, afirma o deputado Miranda na mensagem.
“Ent�o, a gente nem perde tempo. Voc� sabe que eu tenho um comprador com potencial de pagamento instant�neo. Para que ele compre o tempo todo l�, em quantidades menores, obviamente. Se o seu produto estiver no ch�o, o cara fizer um v�deo, o nome, Luis Miranda, tenho aqui o produto, o meu comprador entende que � fato, ok? E encaminha toda a doc necess�ria. Amarra, faz as travas, contratos todos, e bola para frente. N�o vou perder mais tempo com esse comprador, que desgastou muito, meu irm�o, nos �ltimos 70 dias. Tem muita conversa fiada no mercado”, disse tamb�m o deputado tamb�m, que voltar� a depor na pr�xima ter�a-feira (06/7).
Logo em seguida, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), demonstrou irrita��o. “Na nossa regi�o, chap�u de ot�rio � marreta. E jabuti n�o sobe em �rvore. O senhor est� sob juramento. N�o venha achar que todo mundo aqui � ot�rio. Veja bem qual o seu papel aqui”, criticou. “Do nada surge um �udio do deputado Luis Miranda. Chap�u de ot�rio � marreta, irm�o”, voltou a disparar contra Dominguetti.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES) afirmou que a CPI deveria avaliar a pris�o de Dominguetti por falso testemunho. “Isso aqui n�o � lugar para moleque, n�o � lugar para molecagem”, disse ele. “No momento mais grave no pa�s, as pessoas (do Minist�rio da Sa�de) estavam negociando dinheiro por insumos. Isso � de uma gravidade absurda. Temos um presidente que n�o tem a capacidade de desmentir a den�ncia. Isso � o n�vel em que o Brasil chegou. Eu lamento. Pe�o � presid�ncia que avalie a pris�o em flagrante”, completou Alessandro.
FAM�LIA
Omar Aziz disse que n�o aceitaria o pedido de pris�o. “O senhor tem fam�lia? � casado?”, questionou Aziz. “Sou casado”, responde Dominguetti. “Tem filhos?”, pergunta o presidente da CPI. “Tr�s filhos”, diz o policial militar. “Eu n�o tenho inten��o, pe�o at� desculpa ao senador Alessandro, de te prender. Porque imagino seus filhos, filhas e esposa te vendo nesse momento. O que a gente n�o quer para a gente, a gente n�o deseja para os outros”, disse o senador.
Renan Calheiros levantou a suspeita: “Na semana passada, esse propriet�rio (o empres�rio bolsonarista Francisco Maximiniano) da Precisa entrou com o pedido de habeas corpus para o gabinete de um ministro, tentando burlar o STF ao despachar sem submeter ao sorteio eletr�nico. O senhor Maximiniano teve investiga��o aberta pela PF”, disse. Com a investiga��o, o Supremo liberou o empres�rio suspeito de integrar as negocia��es superfaturadas da Covaxin de falar no colegiado. Os senadores tamb�m pediram quebra de sigilo telef�nico, telem�tico e fiscal do bolsonarista.
“Surpreendentemente, recebemos um depoente com um �udio contando algumas mazelas que porventura poderiam envolver o deputado Luis Miranda, que esteve aqui na passada. Em nome de qu�? Em nome da investiga��o da Pol�cia Federal de ontem? Em nome do mesmo prop�sito que o propriet�rio da Precisa tentou burlar o sistema do STF? Em nome de qu�? Estamos aqui para investigar. Esses genocidas que causaram tanta dor ao pa�s v�o ser punidos”, afirmou Calheiros, sob protestos de governistas.
Governistas acusam Aziz
Bras�lia – Senadores governistas manifestaram interesse na mensagem de a�dio apresentada pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti a respeito do deputado Luis MIranda. O senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da Rep�blica, questionou se o presidente da CPI, Omar Aziz, estaria defendendo Miranda. O presidente da CPI negou. “N�o estou defendendo o deputado Luis Miranda, sugeri que convocasse para ele voltar. Porque ele fala uma coisa aqui, outra ali, fala um v�deo e desdiz. Ele est� convocado para estar ter�a-feira aqui. Isso � problema dele. N�o � meu. N�o tem que proteger ningu�m. Ter�a-feira da semana que vem, o deputado Luis Miranda volta aqui”, afirmou.
Senadores pediram a presen�a de Cristiano Alberto Carvalho, mas a convoca��o dele tamb�m j� foi aprovada. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), destacou que h� movimentos suspeitos por parte do governo, para atrapalhar os trabalhos da CPI. Dominghetti revelou ao jornal Folha de S.Paulo um suposto esquema de propina na compra de doses da vacina AstraZeneca feito pelo ex-diretor de Log�stica do Minist�rio da Sa�de Roberto Dias. O depoente tamb�m disse que Miranda teria tentado intermediar a compra de vacinas.
Ap�s a confiss�o, Luis Miranda foi at� a CPI e Aziz se reuniu rapidamente com ele. Ap�s Randolfe Rodrigues pedir a apreens�o do celular do depoente Dominghetti, governistas pediram que apreendessem tamb�m o do deputado, que, por�m, j� havia deixado o local. Miranda afirmou a Aziz que o �udio � uma mensagem de 2020 e nada tem a ver com as vacinas. “O que ele diz � que esse �udio � de 2020, que � uma negocia��o nos Estados Unidos, n�o tem nada a ver com o Brasil, � um �udio em que nem se falava em vacinas ainda, e que est� editado aqui para prejudic�-lo. Ele foi agora � pol�cia levar o �udio completo, fazer uma den�ncia crime e ir� dispor para a gente a edi��o do �udio. Est� certo? Que ele, a testemunha aqui neste momento, fala at� no irm�o. Ele � que fala no irm�o. Quer dizer, Vossa Excel�ncia foi induzido a falar at� no irm�o do deputado”, afirmou o presidente da comiss�o.

PM investiga conduta de cabo
Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que prestou depoimento � CPI da COVID, � cabo da Pol�cia Militar de Minas Gerais em Alfenas, no Sul do estado. O nome dele aparece em 37 processos judiciais, segundo o site G1, e, ap�s uma passagem por Belo Horizonte, ele teria se mudado devendo quatro meses de aluguel. A PMMG divulgou nota confirmando que ele Dominguetti est� na ativa no 64º Batalh�o da cidade mineira e que a conduta dele ser� investigada.
“A PMMG esclarece que instaurou Relat�rio de Investiga��o Preliminar em desfavor do policial militar, para apurar poss�veis condutas que ferem o C�digo de �tica e Disciplina dos Militares do estado de Minas Gerais e o Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais. Cabe destacar que a Lei 14310/2002, que disp�e sobre o C�digo de �tica e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais, considera como transgress�o disciplinar o militar da ativa que participe de firma comercial ou de empresa industrial de qualquer natureza, ou nelas exer�a fun��o ou emprego remunerado."
Ouvido ontem na CPI da COVID no Senado, Dominguetti se apresenta como representante da Davati Medical Supply, que afirma ter recebido um pedido de propina de pessoas ligadas ao governo federal para venda da vacina contra a COVID-19 produzida pela AstraZeneca. A empresa Davati Medical Supply teria buscado o Minist�rio da Sa�de para negociar 400 milh�es de doses do imunizante com proposta inicial de US$ 3,5 por cada uma – depois disso, passou para US$ 15,5. O encontro para as negocia��es ocorreu em um jantar no restaurante Vasto, no Bras�lia Shopping, Regi�o Central da capital federal, em 25 de fevereiro.
Dominguetti disse que o diretor de Log�stica do Minist�rio, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina durante o jantar. “O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, disse Dominguetti. Ferreira Dias foi exonerado do minist�rio depois da den�ncia.