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Estado de Minas

'Deixa ele falar', diz Bolsonaro ao cobrar convoca��o de Barros � CPI


06/07/2021 09:10 - atualizado 06/07/2021 13:10



O presidente Jair Bolsonaro cobrou, nesta segunda-feira, 5, que a CPI da Covid ou�a o l�der do governo na C�mara, Ricardo Barros (Progressistas-PR). Personagem central da CPI desde que o deputado Lu�s Miranda (DEM-DF) disse aos senadores que o pr�prio Bolsonaro atribuiu irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin a um "rolo" de Barros, o l�der do governo teve o depoimento adiado. Alvo de inqu�rito no caso Covaxin, Bolsonaro afirmou que a CPI � uma comiss�o marcada por um "jogo de poder" de gente "idiota" e n�o serve para nada.

"Olha aqui, o Ricardo Barros quer falar. A CPI n�o quer mais ouvir ele (sic). Deixa ele falar! Est�o acusando que ele fez algo de errado, deixa ele depor na CPI. Interessa ouvir (s�) o que interessa para eles", criticou Bolsonaro na noite desta segunda-feira em conversa com apoiadores, em frente ao Pal�cio da Alvorada.

Lu�s Miranda e o servidor p�blico Luis Ricardo Fernandes Miranda denunciaram � CPI um esquema de corrup��o envolvendo a compra de 20 milh�es de doses da Covaxin. Chefe de importa��o do Departamento de Log�stica do Minist�rio da Sa�de, Luis Ricardo afirmou que sofreu "press�o at�pica" para agilizar a libera��o da vacina prevista no contrato intermediado pela Precisa Medicamentos, representante da indiana Bharat Biotech. A desconfian�a aumentou quando o Minist�rio da Sa�de recebeu uma "invoice" (nota fiscal) cobrando a antecipa��o de US$ 45 milh�es para o primeiro lote de imunizantes.

Miranda e o irm�o disseram ter avisado Bolsonaro da suspeita de cobran�a de propina na aquisi��o da vacina durante reuni�o no Pal�cio da Alvorada, no dia 20 de fevereiro. Foi ent�o que o presidente teria responsabilizado Ricardo Barros, ministro da Sa�de no governo de Michel Temer.

O depoimento de Barros estava marcado para a pr�xima quinta-feira, 8, mas foi adiado. O deputado entrou com mandado de seguran�a no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para ser ouvido "o quanto antes". Alegou "abuso de poder da CPI" e foi �s redes sociais. "A CPI n�o pode sequestrar a minha honra", afirmou ele no Twitter. O relator do pedido de Barros no Supremo � o ministro Ricardo Lewandowski.

Sem conhecimento

Bolsonaro disse, mais uma vez, n�o ter conhecimento de tudo o que ocorre no governo. "S�o vinte e dois ministros. Um or�amento enorme. Como � que tenho conhecimento de tudo o que acontece? Agora, quando acontece alguma coisa, toma provid�ncia. Pode haver corrup��o? Pode. Sempre falei isso a�. Agora, acusar de corrup��o... N�o foi comprado nada, n�o foi gasto um centavo, n�o recebeu nada", repetiu o mandat�rio.

Demitido da diretoria do Departamento de Log�stica do Minist�rio da Sa�de, Roberto Ferreira Dias ser� ouvido pela CPI na quarta-feira (7). Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo o policial militar Luiz Paulo Dominguetti disse que Dias cobrou propina de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca para que ele fechasse contrato com o minist�rio. Dominguetti se apresentou como representante da Davati Medical Supply e disse ter oferecido ao minist�rio 400 milh�es de doses do imunizante.

"Quem tentou comprar vacina? N�o tinha", afirmou Bolsonaro a seus eleitores, omitindo que o governo deixou de comprar vacinas da Pfizer ainda no ano passado. "S� acho que em fevereiro tinha 400 milh�es de doses", ironizou. O presidente elevou o tom contra a CPI: "Qual � a contribui��o dessa CPI para morrer menos gente at� agora? Zero".

Massacre

Bolsonaro procurou minimizar pesquisa realizada pela Confedera��o Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o Instituto MDA, divulgada nesta segunda-feira. O levantamento mostrou ampla vantagem do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) para a corrida eleitoral de 2022. "Eu n�o dou bola para esse massacre. Pesquisa de hoje: 'O Lula tem 40%, 49%'. Eu acho que o Lula tem 110%, est� certo? N�o estou preocupado com isso", afirmou Bolsonaro.

Segundo a pesquisa, se a elei��o presidencial fosse hoje, Lula teria 41,3% dos votos no primeiro turno e Bolsonaro, 26,6%. Em uma segunda rodada, 52,6% votariam no petista e 33,3% responderam que prefeririam Bolsonaro.

Com a crise e o avan�o das investiga��es sobre falcatruas na compra de vacinas, a popularidade de Bolsonaro caiu - a avalia��o negativa do governo, que soma aqueles que consideram a administra��o do Pa�s ruim ou p�ssima, saltou de 35,5% em fevereiro para 48,2% neste m�s.

Nos �ltimos meses tamb�m cresceram panela�os e movimentos de rua pedindo o impeachment do presidente. No s�bado, dia 3, atos foram registrados em todas as capitais com o nome de "3JForaBolsonaro". Os organizadores contabilizaram manifesta��es em 347 munic�pios no Brasil e em 16 pa�ses do exterior. Foi o terceiro protesto em menos de 60 dias.

O que � uma CPI?

As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.

Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.

Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
  • executar pris�es em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
  • quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
  • solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
  • elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
  • pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI n�o pode fazer?

Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telef�nicos
  • solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
  • impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
  • documentos relativos � CPI
  • determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil

A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o

2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal

2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o


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