A ideia � saber se a Kroll tem conex�es com a dita espionagem relatada pelo deputado. O contrato entre a auditoria e a Cemig foi celebrado em maio, sem licita��o. Al�m de oficializar pedido para analisar os documentos do trato entre as partes, deputados defendem que a Pol�cia Legislativa da Assembleia de Minas acione a Delegacia de Crimes Cibern�ticos para fazer varreduras virtuais e em ambientes f�sicos, como os gabinetes, para entender de onde partiram as supostas espionagens.
"Essa den�ncia � muito s�ria. Ela afeta diretamente o nosso trabalho parlamentar. S�o dados sigilosos. Uma per�cia feita no meu celular deu conta de que ele estava 'grampeado'. Vamos descobrir, nesta CPI, se essa empresa est�, de fato, nos investigando", disse Professor Cleiton, autor do pedido de investiga��o da Cemig e subrelator do comit� de investiga��o.
A Kroll � famosa por investiga��es internas em empresas para descobrir irregularidades e desvios de conduta. No ano passado, por exemplo, o grupo foi contratado para examinar poss�veis malfeitos no Cruzeiro, envolvido em grande crise financeira e institucional. O Atl�tico tamb�m firmou acordo com a auditoria.
Ao Estado de Minas, Professor Cleiton contou que a escuta em seu telefone celular foi desfeita menos de 30 minutos ap�s ele tornar p�blica a descoberta da espionagem nas redes. "Estou tentando ver de onde veio o 'grampo'", afirmou.
O pessebista garantiu que informa��es d�o conta de investiga��es sobre deputados e assessores. Segundo o parlamentar, integrantes de gabinetes receberam liga��es an�nimas que buscavam recolher informa��es sobre dados pessoais e a fun��o deles nos mandatos em que d�o expediente.
Ainda nesta segunda, os deputados estaduais deram aval aos nomes das primeiras pessoas ligadas � Cemig que devem prestar depoimentos. As oitivas iniciais tratar�o dos contratos sem licita��o. Na lista de testemunhas intimadas, est�o diretores, ex-diretores, gerentes, ex-gerentes e superintendentes da empresa p�blica. Ao todo, 11 pessoas foram chamadas.
Deputados repudiam suposta espionagem
As alega��es levadas por Professor Cleiton � CPI geraram protestos de outros parlamentares. O presidente da comiss�o, C�ssio Soares (PSD), cobrou a apura��o dos fatos. Ele lembrou que comit�s de inqu�rito t�m prerrogativas para conduzir investiga��es.
"Estamos tratando do patrim�nio da popula��o mineira. O patrim�nio da empresa que deveria estar prestando um servi�o de qualidade essencial. O que enxergamos, hoje, � que infelizmente h� sucateamento da presta��o de servi�os da Cemig com cidad�os e empresas que precisam de fornecimento adequado", falou.
Integrante da base aliada ao governo de Romeu Zema (Novo), Z� Guilherme (PP) demonstrou preocupa��o com os efeitos de uma poss�vel espionagem. "Se � verdade que uma empresa est� grampeando deputados desta Casa, isso n�o pode ficar assim".

Mais contratos ser�o examinados
Al�m das conex�es com a Kroll, os deputados da CPI da Cemig aprovaram, nesta segunda, acesso a informa��es sobre diversos outros contratos sem licita��o firmados pela estatal de energia. Na lista, h� acordos com escrit�rios de advocacia e empresas de consultoria financeira. Presentes, ainda, tratos com o Banco BTG Pactual e o Bank of America, outra institui��o do ramo monet�rio.
O acordo entre a Cemig e a B3, respons�vel por operar a Bolsa de Valores de S�o Paulo, tamb�m ser� examinado. Antes do recesso parlamentar de julho, os deputados j� pediram informa��es sobre v�rios outros contratos.
Outro tema em pauta � a venda de subsidi�rias da Cemig. A estatal se desfez das participa��es que detinha nas energ�ticas Light e Renova; em maio, anunciou leil�o para negociar a fatia que lhe cabe na Taesa, controlada em parceria com a colombiana ISA. Reynaldo Passanezi, que preside a energ�tica mineira, j� trabalhou para a ISA.
Na semana passada, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) revogou recomenda��o que impedia, por ora, a venda da Taesa. A contrata��o de diretores oriundos de S�o Paulo e a transfer�ncia de atividades administrativas para o territ�rio paulista tamb�m comp�em o escopo da investiga��o. O call center que atende clientes com problemas no servi�o, por exemplo, foi levado para Hortol�ndia.
Cemig e Kroll se posicionam
Por meio de nota, a Cemig esclarece que "realizou a contrata��o da empresa de investiga��o forense Kroll, dos escrit�rios Sampaio Ferraz e Terra Tavares Ferrari Elias Rosa, no Brasil, e Paul Hastings, em Nova York, para, "dentro dos estritos limites de sua atua��o corporativa, proceder a investiga��o independente de den�ncias recebidas do Minist�rio P�blico do Estado de Minas Gerais".
"A Cemig tem a��es listadas nas bolsas de valores de S�o Paulo (B3), Nova York (New York Stock Exchange - NYSE) e Madri (Latibex) e est� sujeita �s normas anticorrup��o dos Estados Unidos da Am�rica (Foreign Corruption Practices Act), raz�o pela qual den�ncias como as recebidas do MPMG, por sua amplitude e poss�veis desdobramentos, devem atender tamb�m aos padr�es de investiga��o exigidos pelas autoridades norte-americanas. A Cemig informa ainda que adota regras r�gidas de compliance e as melhores pr�ticas de governan�a e transpar�ncia em suas a��es", diz a empresa na nota.
Tamb�m em nota, a Kroll informa que atua com investiga��o forense h� quase 50 anos, "sendo pioneira e l�der mundial em servi�os de governan�a, risco e transpar�ncia em mais de trinta pa�ses".
"A empresa integra o time de investiga��o independente contratado pela Cemig para apurar den�ncias recebidas pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais. A Kroll atua estritamente dentro da lei e n�o tolera qualquer tipo de atividade il�cita, assim como n�o admite afirma��es levianas e incorretas sobre sua atua��o”, diz a empresa na nota.