
Mesmo orientando que seus deputados votassem pelo arquivamento da PEC, apresentada por Bia Kicis (PSL-DF), muitos partidos n�o "fecharam quest�o" em torno do tema. Ou seja: n�o houve a defini��o de uma diretriz un�ssona a ser seguida. Por isso, parlamentares ouvidos pelo Estado de Minas creem que as diverg�ncias a respeito do projeto n�o devem proporcionar fissuras internas ou puni��es.
Embora a lideran�a do PDT tenha orientado os correligion�rios � rejei��o da proposta, houve seis manifesta��es de apoio ao uso de c�dulas de papel. Uma delas veio do Subtenente Gonzaga (MG). O presidente nacional, Carlos Lupi, chegou a defender o voto impresso neste ano, amparado nas convic��es de Leonel Brizola, ic�nico l�der trabalhista. A percep��o, contudo, acabou mudando pelo fato de as ideias defendidas por bolsonaristas n�o terem rela��o com a posi��o da legenda acerca do assunto.
"Mantive minha posi��o por coer�ncia com o que vinha defendendo e, inclusive, com a pr�pria proposta partid�ria. Temos, em nossa base eleitoral, a compreens�o de que mecanismos de aperfei�oamento devem sempre ser admitidos. Se vai ter repres�lia do partido ou advert�ncia, n�o foi me comunicado nada", diz Gonzaga, que assegura n�o cogitar fraudes no sistema eleitoral nacional.
Seu pleito, enfatiza, � por pacifica��o, dando "seguran�a" � parcela da sociedade que questiona as urnas.
Tamb�m deputado federal, o presidente do PDT em Minas, M�rio Heringer, admite que os votos favor�veis ao mecanismo de auditoria podem gerar certo desconforto. Apesar disso, ele garante que o posicionamento divergente em rela��o ao tema n�o � tido como "transgressor".
"A orienta��o partid�ria, nesse caso espec�fico, foi sem fechamento de quest�o. Nas orienta��es com fechamento de quest�o, h� uma transgress�o � decis�o. Como (o voto impresso) n�o era, neste momento, uma pauta p�trea do partido, n�o tem porqu� fechar quest�o", explica ele, que marcou posi��o antag�nica � PEC.
Em outros temas, como na reforma da Previd�ncia votada em 2019, o PDT deflagrou a��es no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra dissidentes. Tabata Amaral, uma das "rebeldes" � �poca, se prepara para rumar ao PSB.
No Partido Liberal (PL), a orienta��o tamb�m foi recha�ar a impress�o de um comprovante de vota��o. Em Minas Gerais, no entanto, houve divis�o: Aelton Freitas seguiu a decis�o da agremia��o, mas Lincoln Portela e Z� Vitor optaram por caminho diferente.
"N�o fico falando por a� 'fora, Supremo', 'fora, TSE', 'fora, fulano' ou 'fora, beltrano'. Sou um democrata. Estou no sexto mandato e fui l�der e vice-l�der do partido. O PL deu liberdade �queles que quisessem votar dessa maneira. O partido n�o fechou quest�o", sustenta Portela, que prega a necessidade de o assunto ser debatido sem amarras ideol�gicas.
No MDB mineiro, o dissidente foi Herc�lio Coelho Diniz. � reportagem, o presidente estadual da sigla, Newton Cardoso J�nior, ressaltou, assim como nomes de outras legendas, o fato de os emedebistas n�o terem fechado quest�o.
No PSB, o 'sim' foi por auditoria ampliada
Assim como o PDT, o PSB foi outro partido do campo progressista a ter representantes que votaram favoravelmente ao texto de Bia Kicis. O mineiro J�lio Delgado foi um deles. E, apesar da op��o, garante ser terminantemente contra o fim das urnas eletr�nicas.
A estrat�gia do socialista foi aprovar a proposta original para, posteriormente, apresentar destaques que aprimorassem a reda��o original, considerada "muito ruim" por ele. Delgado queria a exclus�o de um trecho que poderia, em sua vis�o, abolir as urnas eletr�nicas. O deputado defendeu, ainda, que a auditoria pudesse ser feita por meios que n�o as c�dulas em papel, em trabalho conduzido pelos atores do processo eleitoral.
Delgado reivindica aumento no n�mero de urnas auditadas. Por isso, votou "sim" para, posteriormente, tentar as mudan�as que queria. Como a PEC foi derrubada, n�o houve como mudar.
"Est�vamos defendendo que tiv�ssemos a possibilidade de aumentar o n�mero de urnas audit�veis para chegar a pelo menos uma a cada munic�pio", justifica.
Outros filiados ao PSB, como Emidinho Madeira (MG), optaram pelo "sim". Tamb�m sem posi��o fechada, parte do partido caminhou ao lado de Delgado em prol de mecanismos que pudessem fortalecer a auditagem das elei��es. "Eles (o partido) sabiam da minha posi��o, como sabiam da posi��o de muitos colegas que votaram da mesma forma. Votamos eu e mais dez", pontua.
O diret�rio estadual socialista � comandado pelo deputado federal Vilson da Fetaemg. Procurado, o parlamentar afirmou que aguarda orienta��es do presidente nacional, Carlos Siqueira, para eventuais decis�es sobre o caso.
Mais dissid�ncias
No PSD, os mineiros Diego Andrade, Misael Varella e Stefano Aguiar foram a favor da proposta bolsonarista. Esse �ltimo cr� que o l�der federal pessedista, Gilberto Kassab, n�o punir� os dissidentes. "J� votei v�rias vezes contra a orienta��o do partido por causa dos meus princ�pios e Kassab nunca nos penalizou", observa ele, que diz ter feito sua escolha em prol de um sistema eleitoral "mais transparente".
No Avante, comandado pelo mineiro Luis Tib�, a �nica manifesta��o contr�ria � orienta��o pela rejei��o do voto impresso saiu das m�os de Greyce Elias, que assegura ter seguido sua "convic��o", tamb�m embasada na busca por transpar�ncia.
O PSDB, por outro lado, fechou quest�o sobre o tema. Apesar de haver diretriz contra o voto impresso, Domingos S�vio foi de "sim". Procurado, ele n�o retornou aos contatos da reportagem. O presidente estadual da legenda, Paulo Abi-Ackel, que se ausentou da sess�o dessa ter�a-feira, n�o foi encontrado. �ecio Neves foi o �nico a se abster.
A executiva nacional tucana ainda n�o definiu se ser�o aplicadas san��es aos "rebeldes". Mas, segundo o "Estad�o", os 17 filiados que seguiram a orienta��o de rejeitar a PEC receber�o parcela "b�nus" do fundo eleitoral em 2022.
Raio-x do voto impresso: os 26 'sim' dados por MG
Disseram 'sim' ao voto impresso, mas est�o em partidos que orientaram pelo 'n�o'
- Diego Andrade (PSD)
- Domingos S�vio (PSDB)
- Emidinho Madeira (PSB)
- Greyce Elias (Avante)
- Herc�lio Coelho Diniz (MDB)
- J�lio Delgado (PSB)
- Lincoln Portela (PL)
- Misael Varella (PSD)
- Stefano Aguiar (PSD)
- Subtenente Gonzaga (PDT)
- Z� Vitor (PL)
Seguiram os partidos e disseram 'sim' ao voto impresso
- Al� Silva (PSL)
- Cabo Junio Amaral (PSL)
- Charlles Evangelista (PSL)
- Dimas Fabiano (PP)
- Delegado Marcelo Freitas (PSL)
- Gilberto Abramo (Republicanos)
- Lafayette Andrada (Republicanos)
- L�o Motta (PSL)
Comp�em partidos que liberaram as bancadas
- Doutor Frederico (Patriota)
- Eros Biondini (Pros)
- Euclydes Pettersen (PSC)
- Franco Cartafina (PP)
- Fred Costa (Patriota)
- Lucas Gonzalez (Novo)
- Weliton Prado (Pros)
Como cada partido orientou
Sim: PSL, Republicanos e Podemos
N�o: PT, PL, PSD, MDB, PSDB, PSB, DEM, PDT, PDT, Psol, Avante, PCdoB, Cidadania, PV e Rede
Liberaram a bancada: PP, PSC, Pros, Novo, PTB e Patriota